28 outubro, 2013

FCPorto, venceu, mereceu, mas [outra vez],não convenceu

 

Para uma apreciação mais generalizada do jogo de ontem contra o Sporting existem  os blogues (des)portistas, por isso vou-me limitar a dizer o que me preocupa particularmente no actual FCPorto, que é o que mais me interessa.

Comecemos então pelos aspectos positivos: primeiro, o resultado, depois, o oportuníssimo golo de Danilo e algumas excelentes defesas de Helton em momentos cruciais do encontro, que evitaram mais uma grande decepção aos adeptos portistas. Em segundo lugar, o modo civilizado como os espectadores da casa reagiram às provocações do presidente sportinguista, que optando pela táctica gasta e populista de diabolizar e provocar o FCPorto, pouco mais conseguiu que exibir publicamente a sua boçalidade intelectual. Além, claro, de levar para casa a derrota da ordem [e da praxe], costumeira em estratégias semelhantes...

Passando ao lado menos positivo, devo dizer o seguinte: não gosto mesmo nada de jogadores bipolares, por uma razão muito simples, é que tão depressa marcam golos decisivos, como de repente os oferecem aos adversários tornando-os assim irrelevantes. Tenho nesta ordem classificativa Varela. Por isso me custa concordar com a nomeação para melhor jogador em campo. É que, ao contrário de alguns que condicionam a crítica construtiva ao resultado dos jogos, ou à autoria de um golo, não sou capaz de esquecer a quantidade de passes errados de Varela, de autênticos brindes aos adversários que só não deram em golo por mera sorte.

Seria injusto se dissesse que Varela foi o único a falhar passes e desvalorizasse o que de bom fez, mas é ele que reincide mais nesse tipo de falhas que costumam ser fatais noutro patamar competitivo. Por isso considero inadequado o prémio, que devia ser sempre balizado pelo percentual comparativo entre as boas e as más decisões. De resto, só houve uma época em que gostei mesmo do rendimento de Varela onde conseguiu mostrar-se mais consistente, que foi a primeira ao serviço do FCPorto, em 2009/2010. Era raçudo, jogava simples, cobria bem a bola, descia os flancos e cruzava com muita regularidade, marcando e dando a marcar [que foi aliás o que fez de melhor ontem].

Mais injusto seria se continuasse a falar de Varela sem falar de toda a equipa, e do próprio treinador. Aliás, acho que este tipo de problemas podiam ser sanados se os treinadores, além do ramerrão dos treinos se empenhassem em disciplinar tecnicamente os jogadores com potencial, como é o caso. Custa-me acreditar que o treino se limite aos aspectos físicos, ou às tácticas do 4x3x3, ou do 4x4x2, e aos meínhos sem oportunas interrupções para corrigir movimentos específicos, coordenações entre sectores, desmarcações,  etc.

A questão que coloco é a seguinte: terão os treinadores portugueses competências pedagógicas para o fazer? Saberão ensinar os jogadores a controlar uma bola corrida, a chutar sem preparação, a fazer rolar a bola [no passe] em vez de a chutar para não ganhar muita velocidade, a colocarem a bola no solo rapidamente nos lances aéreos com ressaltos para a tornarem jogável, e evitarem puxar o tronco para trás quando rematam para a bola não levantar?

A minha preocupação releva daquilo que tenho observado inclusivé na equipa B, e nos juniores. Tenho muita dificuldade em compreender a lentidão evolutiva destes jogadores porque lhes revejo esses "defeitos". Fraca qualidade de remate, movimentações oscilantes e baixos indíces de concentração. Contudo, o talento está lá, percebe-se. Então o que poderá explicar tanta inconsistência, tanta insegurança contagiante? Será que a resposta se poderá resumir a um simplista e cómodo "o futebol é mesmo assim!"? É que eu não acredito nisso. Há mais futebol e treinadores para além do que se faz em Portugal. E nem o facto de haver treinadores portugueses reputados a treinar em grandes clubes da Europa muda a minha opinião.

Se o FCPorto teve a desdita de nascer num país que adoptou o fado como símbolo nacional, não pode nem deve enveredar pelo fatalismo que lhe é peculiar, até porque isso é antagónico à sua génese, à sua maneira diferente de funcionar. Algo está a falhar na evolução dos escalões mais jovens. Não tenho na memória de Portugal produzir muitos jogadores tecnicamente evoluídos e desportivamente agressivos. E se esta tese pode ser contraditada com o argumento da pequena dimensão do nosso país, e se pode aceitar para jogadores com ADN de craques de nascimento, como Messis e Ronaldos, já não funciona para aqueles que não sendo génios de berço, possuem condições para serem jogadores de top, desde que devidamente ajudados. É isso que penso não estar a ser feito no FCPorto. Já nem falo dos outros clubes portugueses, porque são todos piores.

A propósito, quando ouvia chamar génio ao João Pinto [ex-Boavista e ex-Benfica], fazia-me sempre confusão, porque ele só conseguia rematar em preparação, não era capaz de ser espontâneo e perdia muitos golos por causa disso. Não é desses jogadores que nós precisamos, porque cada vez estão mais fora de moda. Será que os nossos treinadores estão preparados para ajudar a formar e completar jogadores com essas características? Sinceramente, eu penso que não.  Este raciocínio até pode estar errado, admito-o. Apenas direi que ao ver, como tenho visto, os jogadores do FCPorto a errarem passes, a conformarem-se com um simples golo de vantagem, e logo a recuarem, oferecendo o jogo aos adversários e na sequência perderem a vantagem, é porque nada está a ser feito em contrário, ou se está, não funciona. Quando um simples adepto como eu prevê com precisão o que vai acontecer [o golo do adversário] e o treinador não faz nada, não interfere, algo de preocupante permanecerá na cabeça dos portistas. Será que o treinador é medroso, ou será outra coisa? Às vezes, fica a ideia que são os jogos que preparam os treinos e não o contrário.

O ano passado a coisa não foi muito diferente, mas ainda assim tudo acabou em bem. E lá está, os adeptos esqueceram as asneiras, os momentos de sofrimento e de mau futebol. Mas, e quando o final não fôr feliz, despeja-se a bílis em cima do(s) mesmo(s)?..

Estará Paulo Fonseca apostado em copiar [mal] Victor Pereira? Veremos.
  

4 comentários:

  1. É verdade o que Rui Valente diz, o FCP não fez uma grande exibição, mas, ganhou limpinho e com justiça, e se marcasse mais, um golinho não ficava nada mal. O FCP foi o clube que teve mais oportunidades para o fazer.

    Os Calimeros fizeram o que sabem, jogam para o terceiro lugar.
    Quanto ao pirotécnico Mor B.C, saiu do Dragão com o rabo entre as pernas; passou de leão a Sendeiro.

    Os vândalos camisas pretas dos Calimeros, tiveram muita sorte nas suas provocações, porque os super Dragões não estavam por perto, se não levavam um grande arraial de porrada, felizmente que tudo acabou sem grandes consequências.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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  2. Eu ainda gostava de saber se existem treinadores que obriguem os seus pupilos, nos treinos, a perder 1 horita que seja a efectuar remates à baliza sem preparação, de fora da área, rasteiros e pelo ar, ou ainda ensinar os laterais e os extremos a ir à linha de fundo e cruzar, cruzar, cruzar, mas em condições...sempre foi uma das coisas que estranhei em relação, por exemplo, ao futebol alemão, é impressionante a quantidade de golos que lá se marcam de fora da área, é algo que em portugal julgo que é colocado em 2º plano, liga-se muito à táctica, aos aspectos tácticos e esquece-se que se o adversário marca 2 golos serão precisos 3 golos nossos para ganhar o jogo. É uma verdade simples mas que em portugal é sempre descurada...enfim devo ser eu que sou maluco...

    Quanto à questão das agressões já não é nada que nos admire, julgo que o porto recebeu com a indiferença devida uma equipa que há muito deixou de fazer parte dos 3 grandes, hoje em dia existem 2 grandes, 1 meio grande e 1 protótipo de grande. A comunicação social é macrocéfala, sempre o foi e sempre será, temos de os combater e este será um combate eterno até porque há que saia da norte e quando chega a lisboa transfigura-se completamente renegando as suas origens...
    É jogar, ganhar e ignorá-los!

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  3. Rui, tirando a discordÂncia em relação ao Varela, fez um jogão, foi o único com capacidade para dar profundidade, dos que menos errou passes e decisivo na vitória, nada adizer. Mas atenção, mesmo não vendo os treinos - no passado vi muitos - não acredito que não haja treinos de passe, lances de bola parada, remates à baliza, etc. Há nos regionais e não haveria no F.C.Porto? Talvez eles façam tudo bem nos treinos e cheguem aos jogos...

    Abraço

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  4. O Varela fez um jogão mas passou para aí umas 4 ou 5 bolas ao adversário que quase iam dando golo...Está sempre a fazer isso.

    Tenho alguma dificuldade em esquecer asneiras tão grosseiras, mesmo que compostas por alguns lances aplicados.

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