24 janeiro, 2014

Ainda sobre os fundos europeus

A Câmara do Porto reafirma que Bruxelas “recusa as propostas centralistas do Governo” por não acautelarem a promoção e coesão territorial, apontando como prova “notícias vindas a público” que não foram desmentidas.

“Não bastasse a limpidez com que a imprensa dá conta de factos que não foram desmentidos, tem a Câmara do Porto fontes fidedignas sobre a forma como este processo tem decorrido e, sobretudo, sobre as preocupações que a Comissão Europeia tem vindo a manifestar ao Governo de Portugal”, refere a autarquia em comunicado enviado à Lusa que, contudo, não identifica as fontes.

A Câmara do Porto aprovou na terça-feira, com a abstenção de 2 dos 3 vereadores do PSD, uma moção em que reclama participar ativamente na negociação do próximo Quadro Comunitário de Apoio (QCA) e afirma que “a Comissão Europeia recusou assinar o acordo de parceria proposto pelo Estado português por considerar que este não acautelava os mecanismos de promoção de coesão territorial e de valorização das regiões de convergência, nomeadamente da região Norte”.

No mesmo dia, a Comissão Europeia afirmou que qualquer sugestão de que as propostas de Portugal para o Acordo de Parceria foram recusadas resulta do desconhecimento da natureza do processo, esclarecendo que nenhum país o assinará antes de Março.

Entre “outras notícias publicadas nas últimas semanas”, a autarquia destaca um artigo publicado no Jornal de Notícias (JN) no dia 16, “nunca desmentido”, em que, “cita fontes oficiais da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional e da Comissão Europeia”, intitulado “proposta não ultrapassa desequilíbrios regionais”.

“Sempre citando fontes oficiais, o JN esclarece que a proposta do Governo a Bruxelas ‘nem se debruça sobre as causas do atraso do Norte, Centro e Alentejo, depois de milhares de milhões de euros de fundos dados precisamente para reduzir a disparidade, nem propõe soluções’, fazendo notar que, segundo a Comissão Europeia, a proposta do Governo ‘não tem um pensamento’ e ‘não está bem definida a articulação entre os programas geridos em Lisboa, nas regiões e as Iniciativas Territoriais Integradas”, sustenta a Câmara.

O ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, afirmou na quinta-feira que o programa Operacional Regional vai sofrer um aumento de 24,8% no Norte, pelo que as críticas de alguns autarcas “não têm qualquer correspondência” com a realidade.

A autarquia sustenta novamente ser necessário “acautelar o interesse das regiões de convergência, como é o caso da região Norte de Portugal, e, em particular, o interesse da cidade do Porto”, criticando o facto de as propostas “não terem sido em momento algum dadas a conhecer à Câmara e muito menos ter sido solicitada a sua contribuição”.

“O que a Câmara pretende” é “acautelar que na preparação do 5.º QCA não voltem a ser cometidos os erros dos anteriores 4 processos”, “contribuir de modo efetivo para que, na elaboração de um Acordo de Parceria o Governo realmente garanta resultados concretos na coesão nacional, através da canalização dos fundos para as regiões de convergência” e “tomar posição firme e disponibilizar a sua colaboração antes de o processo estar concluído e formalizado, por forma a evitar o eterno desígnio da região e da cidade de ‘chorar sobre o leite derramado”.

No comunicado, de 6 páginas, a Câmara do Porto adianta ter já solicitado, “com carácter de urgência”, ao secretário de Estado do Desenvolvimento Regional cópias das versões provisórias enviadas para Bruxelas do acordo de parceria e dos respectivos relatórios de avaliação.

Foi também pedido ao Governo a calendarização prevista para o processo de elaboração da Estratégia de Especialização Inteligente, para a apresentação e aprovação do Acordo de Parceria e para a entrada em vigor do novo QCA.
A Câmara critica ainda “o atraso” no processo de programação do novo ciclo de programação dos fundos comunitários para 2014–2020, considerando que “Portugal poderá vir a apresentar propostas elaboradas de forma apressada e pouco consistente, não conhecidas pela grande maioria dos seus destinatários, elaboradas de forma pouco transparente e, muito provavelmente, pouco ou nada adequadas aos objectivos e à realidade visados”.

Neste comunicado, a autarquia cita uma declaração de 1969 de Francisco Sá Carneiro para afirmar que “a cidade e o distrito deixaram-se atrasar no campo cultural e no campo económico, em parte por culpa do desinteresse e inércia de todos nós, em parte devido à excessiva concentração de riqueza na capital”.

“É preciso que não nos resignemos a viver dos restos de um passado mais próspero, tanto cultural como economicamente, nem das sombras que no presente até nós chegam. Mas isso depende de todos e de cada um e não só do Governo ou da Assembleia. É essencialmente às autarquias que cabe lutarem pela defesa dos direitos próprios e dar voz às reivindicações colectivas”, concluiu a afirmação do antigo primeiro-ministro utilizada esta sexta-feira pela Câmara do Porto.

Esta notícia foi actualizada às 16h03.

(do Porto24)

5 comentários:

  1. Deacon Blue25/01/14, 11:48

    Muito!muito!muito bom!
    Nao me quero precipitar porque ainda é cedo, todavía Rui Moreira vai dando sinais muito interesantes a todos os niveis (devemos ter alguma paciencia porque deve de ter "milhentos" dossiers e hà que dar prioridades).

    Até que ponto um personagem como Rui Morera, eleito de forma independente, será capaz de desenvolver o seu trabalho em simultaneo com as armadilhas que seguramente lhe vao preparar assim que comece a revelar-se incomodo para com os mesmos de sempre?

    Rui Moreira debe de prosseguir o seu caminho/trabalho e nao deixar envolver-se em artimanhas de gente mesquinha/tacanha e sem vergonha que nao tem quem lhes faça frente. Rui Moreira deve desprezá-los, nao perder o rumo e espezinha-los será uma consequencia natural!

    Bem haja Sr. Rui Moreira!

    Deacon Blue

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  2. O Maduro, ainda verde nestas andanças, mas já, com a ronha toda do seu governo, continua a afirmar que vem as verbas e com mais 25% para o Norte! - "O que dizes Maria Alice!.. vai dar banho ao cão".
    Sempre muita atenção presidente Rui Moreira, porque este governo como os outros, só têm o ponteiro da bússola virada a sul com paragem em Lisboa e arredores.

    É Imperativo, mas muito Imperativo, fazer obras no Mercado do Bolhão e no pavilhão Rosa Mota. O mercado do Bolhão é uma decepção para Turista que o visita. É muito lindo pedir mais turistas, mas, temos que ter a casa bem arranjada.
    Congratulo-me com a compra do edifício Monumental ( muito degradado ) nos Aliados, para a construção de um hotel.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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  3. Meus Amigos!
    O problema dos fundos comunitários serem quase na totalidade utilizados para desenvolvimento de Lisboa e arredores deve-se ao facto de nos últimos 30 e tal anos termos sido governados por partidos eleitoralistas. De notar que a maioria da população portuguesa se acumula à volta de Lisboa, Barreiro e Setúbal...etc...; perto dos 3 milhões de eleitores, enquanto que no Porto e arredores se atingir 1 milhão é muito. Logo quem ganhar na zona de Lisboa, praticamente ganha as eleições e é por isso que os políticos procuram mostrar serviço na Capital a fim de chegarem ao poder.

    OFF the Topic:

    É o fim da picada! Tudo leva a crer que é o presidente do Sporting com as suas arruaças (manipulações) que influencia o futebol português...!!!

    Segundo uma notícia avançada pelo canal TVI24 a Liga de Clubes vai instaurar um inquérito destinado a averiguar se o FC Porto é responsável pelo atraso de 3 minutos do início do p.p. jogo com o Marítimo para a Taça da Liga, de modo a arranjarem justificação para condenar o FC Porto com uma derrota ou em alternativa a uma multa!

    Abraço,
    Armando Monteiro

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  4. Alvaro Campos27/01/14, 16:06

    As distritais dos partidos do Grande Porto defendem o interesse nortenho ????

    Ou são meros prolongamentos do interesse "lisboeta" ???

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  5. "Daniel Bessa resignou ao cargo"

    Daniel Bessa, presidente da assembleia municipal, resigna ao cargo! sem mais nem menos, surpreendendo o próprio Rui Moreia.
    Aqui há gato com rabo de fora.
    Fico atento a situações destas que não me agradam nada.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...