13 abril, 2014

Porto Canal, a parolice bajuladora em forma de televisão

Sim, meus caros, isto do Porto Canal já parece uma obssessão, mas não é. É o que os meus olhos vêem.

Nunca me passou pela cabeça que o Porto, depois de ser durante décadas silenciado pela toda poderosa máquina de comunicação centralista, e de andar a queixar-se entre muros de não ter uma "voz" que se fizesse ouvir no país, fosse capaz de desperdiçar essa ferramenta preciosa que é dispor de um canal de televisão para com ele poder contribuir para a sua autonomia.

A improvabilidade de tal desperdício cresceu, sobretudo  depois de ver fracassados vários projectos de televisão, como a NTV e os sucedâneos malabaristas que os levaram à extinção (RTPN), porque nem sequer admiti a hipótese de o Porto deixar fugir a oportunidade uma terceira vez. Nasceu assim o Porto Canal (em 2006), através do grupo espanhol MediaPro que em 2011 vendeu ao FCPorto 97% da quota da sua participada Media Luso. A partir daí, convenci-me que não íamos outra vez deixar escapar a oportunidade de nos afirmarmos com um projecto de televisão a valer. Pura ilusão.

Pura ilusão minha, mas desculpável, porque acreditei que com o FCPorto como principal accionista, e a sua provervial organização,  nada mais podia falhar. Para azar daqueles que, como eu, andam saturados do centralismo, este forte investimento do FCPorto coincidiu com uma época desastrada do clube, quer em termos de gestão do plantel e do treinador como em resultados desportivos e financeiros. Se no clube as coisas já não iam bem, seria estranho que funcionassem no canal, ainda que não fosse impossível. Mas para que tal pudesse acontecer teria de haver dinheiro e aplicá-lo bem, e na falta dele, haver no mínimo alguma criatividade e competencia, coisa que está a faltar.

Tenho consciência que organizar uma televisão sai caro, não é fácil e contempla audiências de gostos e exigências diversos, mas não tenho capacidade para compreender a necessidade de copiar as futilidades programáticas que se fazem em Lisboa e que são do conhecimento de todo o país. Júlio Magalhães como Director Geral lá saberá, mas eu não sei o que é que o Porto terá a ganhar em conhecer a biografia de actores e figuras públicas de Lisboa já conhecidas em todo o país.  Não tenho nada contra essas pessoas, mas o que pergunto é se no Porto e nessa região demograficamente intensa como é o Norte de Portugal não existem protagonistas susceptíveis de merecer a atenção do Porto Canal. 

Se Júlio Magalhães considera mediaticamente interessantes os colunáveis, essa gente das revistas côr-de-rosa, e se não as encontra no Norte e no Porto, então que se atreva a voar mais alto e nos traga informações de pessoas e temas interessantes que sejam desconhecidos, e se não aprecia ou não as descobre no Norte, então que vá para o estrangeiro procurá-las.  Agora, de Lisboa? Para quê? Para isso, estão lá 3 canais abertos e meia-dúzia em canal fechado. Não percebo a vantagem de dar publicidade a quem já a tem. Nem percebo a originalidade...

Ricardo Couto, o rapaz que tem um programa (um talk-show) de "conversas" a que dá o nome, é o homem que Júlio Magalhães escolheu para mimar os tios e as tias da capital e que está a prestar-se ao papel miserável de bajulador e provinciano como não há memória no Porto. Estou enojado com tanta bajulação. Os entrevistados têm bons motivos para se sentirem vedetas  de ego inchado. Esta não é de todo uma estratégia séria para levar o Porto para a frente. Esta é das mais humilhantes formas de prestar vassalagem ao centralismo.

Nós não precisamos de hostilizar ninguém, mas também não sei como o FCPorto e principalmente o seu presidente, Pinto da Costa, entendem que esta política de lambebotismo seguida pelo Porto Canal nos pode levar a algum lado, e sobretudo, nos pode tratar a dignidade já tão ferida pelo centralismo. E ninguém melhor que ele sabe o que isso é. Não foi assim que Pinto da Costa se afirmou, foi lutando e denunciando.

Que ninguém se atreva a dizer-me que confundo as coisas. O centralismo não é uma coisa abstracta, tem rostos, e eu conheço muitos. Alguns estão no Porto e no Norte, e outros, imaginem, estão dentro do próprio Porto Canal...

6 comentários:

  1. Foram muitos anos que JM trabalhou com os Canais centralistas, onde criou muitas amizades, e por isso não se esquece dos amigos nem das grelhas televisivas por onde passou.

    Como diz e bem, a Zona metropolitana do Porto e Norte é uma área grande e com grande população para que se pudesse fazer mais e melhor pela região e menos bajulice a Lisboa e arredores.

    Se o FCP é a grande parceria com o Canal, e não diz nada, lá sabe a razão com que linhas se cose.

    Bom esse Ricardo Couto, faz favor, depois de andar com programas de arrasta o pé, agora deu-lhe na cabeça que é um Man de talk-show. Ó Ricardo vai dar banho ao cão e não te rias tanto.

    Continuamos a ser sempre uns parolos de imitação, que fazer...

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO

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  2. Que nunca lhe doam os dedos para lutar por esta causa.

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  3. Caro Rui,

    Nao tenha duvidas, isto está pela hora morte. E o que se vê?
    Gente do Porto a dar importancia a jornais, tv's e radios centralistas.

    O Porto assim nunca terá vida própria e nunca será uma cidade verdadeiramente aberta. Em vez de se abrir (de dentro para fora), vai buscar fora (onde nao deve) aquilo que nao precisa.

    Eu pergunto-me... Mas sabem sequer que quando fazem "click" num qualquer site de um jornal pró-Lisboa, ou quando mudam para um canal da capital, que estao a dar dinheiro a essa gente na forma de patrocinios e publicidade?

    As pessoas do Norte têm que começar a trabalhar para si e deixar de lado o servilismo.

    Lisboa é um cancro nacional que puxa a si recursos que nao lhe sao devidos. E podem argumentar que outras capitais sao iguais, pois serao, mas só têm razao de ser em paises com mais populaçao (que sao poucos na Europa atençao, Portugal é um pais de dimensao média) e que chamam a si "hubs" economicos, de transportes, etc. Nao é o caso de Lisboa obviamente.

    Com este Porto Canal nao vamos lá, é um desastre completo.

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  4. Soren, e restantes comentadores,

    eu sei que se acreditasse na qualidade de comunicação e na fiabilidade das redes sociais, como Facebook e Twitter, o Renovar o Porto teria muito mais visibilidade e talvez conseguisse "recrutar" mais "tropas" para as fileiras dos regionalistas. Acontece, que não confio nesse tipo de redes e acho que nos controla mais do que nós a elas (redes). Por isso, apesar de lamentar que a maioria dos adeptos de futebol não pensem como nós, que não queiram perceber que as sacanices que são feitas ao FCPorto tem mais a ver com a política que com o futebol, prefiro ser uma voz solitária (incluindo as dos poucos comentadores que por aqui passam), que andar a berrar contra as Bolas e os Records, porque eles sabem o que estão a fazer, e ter quem fale deles, mesmo que mal, é um dos seus objectivos. A publicidade, vende, dá visibilidade e dinheiro...

    Um abraço a todos

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  5. Penitencio-me por não o ler tão assiduamente, mas prezo que continue a cumprir nesta luta. Há uns tempos visitei um dos seus blogs fotográficos e encontrei-me em 2 fotos na baixa...reconheci-me...eheheh!Incrível, mas verdade.

    Já disse o que penso sobre o assunto em causa há uns tempos neste blog. Não compreendo, tal como o senhor, esta "coisa" que é o Porto Canal, preocupando-me sobremaneira o facto de o ser com a anuência do accionista maioritário que é o nosso clube de coração. E e eleições europeias...Haverá alguém que nos represente em "Roma" (Bruxelas)..(é uma pergunta...falta-me o ponto de interrogação no teclas)

    Cumprimentos,

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  6. Caro Sérgio,

    o mundo é pequeno, e a cidade do Porto também. Calculo que as fotos onde aparece estejam no blogue As casas do Porto. Se porventura entender que não quer ser reconhecido é só dizer e logo as eliminarei.
    Quanto ao resto, não acredito que neste momento haja alguém com categoria para nos defender em Bruxelas. O que acredito é que não faltarão interessados em se "defender" a si mesmos, disso não duvido.
    Cumpts e obrigado pela solidariedade

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