12 maio, 2014

Da política à irresponsabilidade

É extraordinária a ausência de honradez da classe política. Agora, e sempre que se aproximam as campanhas eleitorais, é vê-los a prometer mundos e fundos, dizer que se forem eleitos, que vão fazer isto, e acabar com aquilo, e a colarem confortavelmente os seus discursos histéricos às reivindicações populares. Foi assim com Sócrates (e antes dele), piorou com Coelho, e tudo aponta para continuar com Seguro (se for eleito). São todos iguais. Então, em questões de carácter, é uma miséria, parecem clones uns dos outros.

À medida que os anos avançam na idade, mais se consolida em mim a ideia regressiva da humanidade. Até o progresso científico e tecnológico de que tanto nos orgulhamos se tem revelado impotente para evitar os males terríveis dos seus efeitos colaterais. Há sempre soluções (dizem os parvos dos optimistas), mas até as "soluções" têm efémera duração  e arrastam consigo mais problemas. Para termos uma pequena ideia, basta calcular o número de vezes que cada cidadão se desloca ao supermercado durante um mês, pelo número de produtos não recicláveis consumidos (sacos de plástico, pilhas,etc.) e multiplicá-los por milhões de cidadãos do mundo a fazer o mesmo, que depressa nos arrependemos de tentar fazer as contas. Só um saco de plástico leva mais de 400 anos a decompor-se na natureza. Uma pilha, cerca de 450 anos! E não se iludam, porque a reclicagem que se começa a fazer de alguns desses produtos jamais acompanhará o ritmo sôfrego da ganância capitalista. 

Bem sei que aqueles que tal como eu hoje vivem e aqueles outros que estão ainda para nascer não vão ficar cá para sementes para poderem contar como estará o mundo daqui a umas centenas de anos, mas, e daí? Teremos nós o direito de dar cabo do planeta apenas porque não somos eternos?

E os homens que lideram o mundo, que ideia terão sobre este grande dilema? Cá para mim, por aquilo que vou observando, acho que se estão completamente nas tintas. Mas não deviam. Até porque a incapacidade que demonstram em governar com justiça e respeito pelos semelhantes tem sido tão tristemente vincada e duradoira que não lhes dá qualquer atenuante. Mesmo que fossem capazes de produzir riqueza e de a distribuir melhor em qualidade de vida, não tinham nunca o direito de deixar o planeta apodrecer em nome de um progresso cego, indiferente ao destino das gerações futuras.

Que sonhador eu sou... Há que repor os pés na terra. Nesta terra desses animais selvagens  chamados homens, onde as espécies sem escrúpulos predominam. Banqueiros e políticos são os abutres desta selva, os que se alimentam  da luta pela sobrevivância dos outros.

Quando será que esses outros decidem mover-lhes caça cerrada? Acordem!


2 comentários:

  1. Caro Rui,

    "http://www.publico.pt/economia/noticia/ajudas-a-portugal-e-grecia-foram-resgates-aos-bancos-alemaes-1635405"

    Eu sei que é chover no molhado mas vale a pena ler.
    Mas o povo, enfim, continua a emprenhar pelas orelhas e a votar neles. E há quem acredite que os Portugueses andaram "a viver acima das possibilidades". Os outros como sabemos nao andaram, nem têm uma divida muito superior à nossa. Nao. Isso sao tudo ilusoes. O caso da Inglaterra é chocante.

    Como se fosse o povo burro e ignorante a que deveria controlar o acesso ao crédito. O Banco de Portugal serve para quê? Ah espere, pois é, mesmo o Banco de Portugal tem nas equipas responsaveis por ditar as regras de mercado, gente da administraçao de quase todos os bancos privados em Portugal. Tráfico de influências? Corrupçao? Ah nao, é o capitalismo.

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  2. Caro Soren,

    uma das piores heranças do 25 de Abril foi a adulteração do processo democrático. Mário Soares, com os seus excessos de liberdade errou por não ter percebido que até a liberdade tem limites, e o mais importante é a consciência da honra.

    Por isso, o povo já tem enraizada a noção que é normal que um político minta. A partir daqui, pouco mais há a dizer...

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...