Apesar da minha concordância não ter nada a ver com o conhecimento específico das qualidades técnicas e humanas do treinador em apreço, tenho como um facto adquirido que, salvo raríssimas excepções, falta aos treinadores nacionais aquela ponta de objectividade que pode tornar o talento dos nossos jovens jogadores em atletas de alto gabarito com capacidade para ultrapassar defesas fechadas e para marcar golos com rapidez e eficácia. Que me desculpem os treinadores que porventura me estejam a ler, mas se a minha avaliação não é tão habilitada como devia, é porque não posso orientar-me melhor devido a ser-me vedada a mim, como ao público em geral, a observação dos treinos de rotina. Por isso, só posso valer-me pelo que me é dado observar nos jogos.
Embora o louvável 2º lugar na 2ª Liga, obtido pelo FCPorto B na época passada o possa contrariar, a verdade é que, pelos jogos que pude acompanhar no Porto Canal, foram visíveis essas referidas dificuldades e este ano voltam a notar-se. No Campeonato Europeu de juniores, baqueamos frente aos alemães pelas mesmíssimas razões...
Grosso modo, aquilo que mais me impressionou pela negativa, foi a incapacidade da equipa B do FCPorto em ultrapassar adversários que se fechavam muito na defesa quando vinham jogar ao Olival. Este ano o filme é o mesmo e já vamos com 2 derrotas seguidas... O que me parece, na minha qualidade de leigo, mas que sabe minimamente o que é dar uns pontapés numa bola, é que na situações que acabei de citar os treinadores portugueses preferem instruir os jogadores para passarem a bola para trás e para o lado, para a guardar, à espera de uma aberta para atacar, do que desafiá-los a explorar as suas capacidades técnicas individuais para quebrarem essas barreiras de forma racional. Aliás, pessoalmente, não vejo em que outras situações podem ser úteis as fintas, senão quando elas são necessárias, ou seja, quando há pela frente obstáculos. Fintar, não é simular uma intenção inconsequente, fintar é usar a habilidade e a técnica para enganar o adversário retirando objectivamente daí dividendos. Se há lances que nunca aplaudo num jogador são as habilidades fiteiras daqueles jogadores que fingem que sabem fintar mas não fintam nada que seja verdadeiramente útil para o grupo.
É por essa razão que sou a favor da ideia de incluir treinadores espanhóis na formação, desde que sejam credenciados, porque têm uma garra, um sentido pragmático do jogo mais desenvolvido que os nossos. Senão, é só memorizar o que tem acontecido nas finais em conseguimos participar em todas as modalidades para perceber quem realmente tem mostrado capacidade para as ganhar, se nós, ou eles...
No Hokey em patins, por exemplo, o problema é o mesmo. Nos últimos anos sempre que deparámos com espanhóis ou italianos quase sempre falhámos, e não é por termos jogadores de qualidade inferior, é porque não lhes sabemos "extrair" todas as suas potencialidades nem incutir-lhes uma mentalidade vencedora nos momentos decisivos.
Talvez tenham sido estas debilidades que Lopetegui viu nos nossos juniores que explicam a aposta em técnicos espanhóis. Oxalá tenha acertado na escolha...
De resto, como explicar que um jogador com o potencial de Rúben Neves só agora esteja a ser falado e especialmente, a ser lançado na equipa principal? Afinal, ele "já" tem 17 anos, e está no FCPorto há 10... Agora, não falta gente a reconhecer-lhe a maturidade e o talento. Então, porque será que só um treinador espanhol teve coragem para o lançar logo no jogo inaugural na equipa principal? E por que será que a aposta de Lopetegui em Rúben Neves valeu um golo do mesmo como prémio logo no primeiro jogo? Terá sido o acaso? Não, não foi. Como reza o ditado, a sorte protege os audazes. Benvindos ao FCPorto meus senhores! Precisam-se de jogadores e treinadores assim, com as vossas características. De resto (leiam-me bem por favor), o futuro ainda é uma incógnita, mas que isto transmite uma grande confiança, isso transmite.
De lamentar, que o princípio, a linha de rumo escolhida agora pelo FCPorto, não se estenda ao Porto Canal de Júlio Magalhães. Aí, o sentido é completamente oposto ao de Lopetegui, a coragem e a criatividade não moram por ali. É uma parolice pregada.
PS-Se a leitura deste post não for desvirtuada, a minha ideia pode passar, mas para que não haja equívocos, declaro que ainda não ganhámos nada, que só estou é cheio de confiança.
Bem observado! De há bastantes anos para cá, em Portugal há uma forte corrente "ajuizada", que condena as iniciativas individuais na frente de ataque, considera perigosos para o colectivo os jogadores que tomam iniciativas individuais, tipo Quaresma, como foi Frasco, como me parece ser por exº Tozé. Não percebo grande coisa de futebol, e vejo pouco, espero não estar a dizer disparates: mas tenho destes todos a ideia que são / foram jogadores que tentam furar as defesas, driblar a linha defensiva. Inciativas individuais que muitas vezes não resultam, é verdade, e que foram sendo desmotivadas ao longo dos tempos, por "egoístas", obrigando esse tipo de jogadores a que, contra a sua natureza, abafem essas tentativas, mentalizando-se para a necessidade do jogo "razoável" que descreve, do passo para o lado e para trás, à espera duma aberta. E o jogo perde espectáculo, perde arrojo, torna-se mais medricas, sensaborão...
ResponderEliminarNaturalmente que, quando digo a decisão de fintar é justamente para tentar ultrapassar equipas que jogam demasiado à defesa tem de partir do jogador e ter o respectivo apoio dos
ResponderEliminarcolegas, quer para acompanhar a jogada consequente, quer para recuperar a bola no caso da finta ser mal sucedida. Enfim, tudo tem de ser ponderado, mas sem correr o risco, é mais difícil marcar, como demonstram os últimos jogos da equipa B e muitos jogos da época transacta.
O Andor ainda vai no adro e por isso quero ser um pouco como S.Tomé. Uma coisa é certa, Lopetegui é um treinador que parece dar garantias, tem uma equipa recheada de jogadores jovens e de muito talento em que alguns estão pela primeira vez a jogar juntos. Na próxima 4ª feira é mais um grande teste, espero que tudo corra bem ao FCP.
ResponderEliminarEu tenho uma opinião negativa em relação ao treinador Luís Castro da equipa B. Não me parece que L.C. seja a pessoa ideal para treinar jovens, parece-me como se diz na gíria, é um pouco manga de alpaca, falta-lhe qualquer coisa, talvez um pouco de carisma de tempero...
O FCP vai ou já comprou a totalidade do Porto Canal, espero que a partir daí as coisas mudem em todos os aspectos, vamos ver.
Abílio Costa
O Andor ainda vai no adro e por isso quero ser um pouco como S.Tomé. Uma coisa é certa, Lopetegui é um treinador que parece dar garantias, tem uma equipa recheada de jogadores jovens e de muito talento em que alguns estão pela primeira vez a jogar juntos. Na próxima 4ª feira é mais um grande teste, espero que tudo corra bem ao FCP.
ResponderEliminarEu tenho uma opinião negativa em relação ao treinador Luís Castro da equipa B. Não me parece que L.C. seja a pessoa ideal para treinar jovens, parece-me como se diz na gíria, é um pouco manga de alpaca, falta-lhe qualquer coisa, talvez um pouco de carisma de tempero...
O FCP vai ou já comprou a totalidade do Porto Canal, espero que a partir daí as coisas mudem em todos os aspectos, vamos ver.
Abílio Costa
Boa tarde,
ResponderEliminarGenericamente estou de acordo … questiono se o ”caso” Ruben Neves não foi um “caso” como o do V Baía que (espero que seja igual) aproveitou o azar de colegas e aproveitou bem a oportunidade. Quem acompanha a formação do FCP facilmente admite que a lesão de Mika Agu (21 anos) e que auguro grande futuro e a presença de Tomás Podstawski (19 anos) na seleção deu a oportunidade que muito bem o R N está a aproveitar.
Plagiando a sua frase “Apesar de a minha concordância não ter nada a ver com o conhecimento específico das qualidades técnicas e humanas dos treinadores…” da formação e por quem tenho grande apreço pelos serviços prestados ao FCP (Folha; Bino…) acho que a política seguida na vigência de JNPC não tem dado grandes resultados na formação. No meu tempo de praticante o FCP tinha formadores com currículo e permanência no trabalho (exemplo prof Feliciano).
Nesta politica fico sempre com a sensação que se quer formar treinadores e não jogadores. Se calhar estou errado mas parece-me que passam pela formação para darem o “salto” na carreira.
Por outro lado acho que os jovens praticantes acham que chegando às seleções (jovens) já não têm nada a aprender e que merecem logo um lugar na equipa principal. Faz-me uma urticária tremenda quando assisto a um jogo dos jovens ver aqueles tiques de vedetas e jogarem pensando unicamente na sua imagem, o que normalmente só os prejudica.