01 outubro, 2015

Do Chelsea para o Belenenses, o que irá mudar?


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Como é facilmente perceptível, tenho andado um tanto arredio da política e das campanhas eleitorais. Contrariamente àquilo que seriam as minhas prioridades naturais, enquanto cidadão, coloquei a luta pelos tachos nos partidos e no poder - a que alguns ingénuos chamam política -, num plano secundário. Para mim, a política é uma coisa demasiado séria que só deve ser encarada com seriedade se confiarmos nos políticos. Como deixei de acreditar neles já há alguns anos e não tenho motivos (até ver) para alterar essa posição, prefiro falar de futebol, não obstante a bandalheira que também o envolve, nomeadamente nos órgãos federativos e da Liga. 

É o que faz a contaminação negativa dos exemplos que nos chegam de quem tinha a obrigação de os dar pela positiva. Por isso (agora canto eu, menino Passos), que se lixem as eleições e os partidos! Até os pc's, os blocos e os marinhos não querem perceber o que se passa... Sim, porque esses, passados tantos anos, ainda não entenderam que o que falta a potenciais eleitores abstencionistas como eu, mais do que apresentar bons planos de governo, é a garantia da sua credibilidade. Votaria sim, no primeiro partido que percebesse isso, e que se comprometesse política, jurídica e pessoalmente (os partidos são agremiações de pessoas) com os eleitores. A palavra hoje não chega. Os bancos não financiam ninguém apenas com promessas e compromissos de palavra como garantia, e contudo, ainda há gente mais honesta que os bancos. Só que, os políticos não são honestos. Se acham que são, que o provem. Ponto final.

Falemos pois de futebol. Domingo o FCPorto joga em casa para o Campeonato com o Belenenses. No subconsciente dos portistas (de todos, diria sem risco de me enganar) paira ainda a expectativa de saber se é desta que a equipa de Julen Lopetegui vai arrancar solidamente para uma época de glórias e bom futebol. O jogo e a exibição com o Chelsea provaram outra vez que a bipolaridade da equipa está directamente ligada com as competições que disputa. Para consumo interno, a grande equipa que vimos jogar contra o Chelsea, encolhe-se e enfrenta os clubes pequenos como uma pequena equipa. Não ataca em profundidade, não pressiona nem cria dinâmicas. É uma pasmaceira. Para a Champions, veste (e bem) o fato de macaco, percebe que, para ganhar, tem de ir para a frente, tem de estar concentrada, acelerar à procura dos golos porque o relógio não perdoa. 

Ora, conhecendo o treinador do FCP a forma ultra-defensiva como os adversários jogam no nosso campeonato, será que ensaia nos treinos jogos (meínhos) com essas características? Dará ele instruções uma das equipas, depois de dividir o plantel, para jogar completamente fechada esperando erros do adversário, e explica à outra que ataca as dinâmicas ofensivas para ultrapassar o ferrolho? Se assim faz, não parece. Se não o faz, está errado.

É que, não há como contornar este dilema. Ou Lopetegui prova aos adeptos que percebeu finalmente o que se tem estado a passar (e isto já vem da época passada), determina dentro de portas instruções claras aos seus pupilos o que quer que eles façam - e também do que não quer -, e é assertivo a sentar no banco os que eventualmente não cumpram as suas ordens, ou insiste neste futebol lateralizado, lento e sem profundidade que tantos sustos nos tem pregado, e a ele próprio também. Tem de insistir em certos parâmetros comportamentais como quem instala um chip.

Mentalizar a equipa a procurar o segundo golo com a mesma intensidade que buscou o primeiro, convencê-los que um golo de diferença só serve para dinamizar o segundo, e não para o guardar como se fosse uma jóia adquirida. Está provadíssimo que sempre que o FCPorto segue essa regra, de defender o golinho com passes tímidos para trás e para o lado, roçando muitas vezes os pés dos adversários, o "ladrão" moraliza-se e acaba por marcar. 

Há que acreditar no talento dos nossos jogadores, porque eles têm-no, mas para isso, é imperativo criar rotinas de jogo com melhor proveito do tempo, ou seja, jogar com mais velocidade. Porque para consumo nacional ainda pode remediar (e nem sempre isso acontece), para consumo externo é uma pedra basilar. Basta recordar o fatídico jogo em Munique com o Bayern, onde a velocidade dos germânicos foi a chave mestra que construiu resultado tão volumoso (6-1).

Estaremos nós disponíveis para correr os mesmos riscos sem nos prepararmos já, para os enfrentar? 



1 comentário:

  1. Pelo menos a velocidade de 80 para 20. Já vimos este filme...

    Abílio Costa.

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