22 outubro, 2015

Que a coligação de esquerda se una

O Partido Socialista, tal como foi idealizado em 1973 pelos seus fundadores, com uma Declaração de Princípios que assumia  o socialismo em liberdade e uma sociedade sem classes, já não existe.

Tendo como principal líder Mário Soares (acusado de ter metido o socialismo na gaveta), que levou longe demais o conceito de liberdade - dentro e fora da estrutura partidária -, acabou por se tornar numa organização vulnerável a aventureiros, sem grande rigor de militância, que contribuíram gravemente para o seu esvaziamento ideológico. Hoje, só o distinguem do PSD pequenas clausulas de ordem social e pouco mais. Foi, não neste, mas no PS fundado em 1973 que votei pela 1ª.vez na minha vida. Foi nesse partido, inspirado no Partido Social Democrata alemão de Willy Brandt, que eu acreditei. Deste PS, só restam hoje fragmentos.  

À direita do PS, pela experiência que vários governos me transmitiram, não há partido que leve a sério, sobretudo do ponto de visto social. Para mim, são os partidos de direita, e o PS dos últimos anos, os grandes responsáveis pela degradação da qualidade de vida dos portugueses. Até porque, à esquerda do PS nenhum outro partido governou, não fazendo portanto sentido falar-se em aventureirismo quando se fala da eventual coligação da esquerda.

Para a direita, a prioridade "social" está no capital e nos homens que o detêm. E não é pela razão que cinicamente apregoam, ou seja, pela distribuição da riqueza ou a criação de emprego. É para se apoiarem reciprocamente na realização de grandes negócios, pela abertura de bancos específicos de fuga ao fisco, e para permitirem aos detentores de grandes fortunas a fuga à justiça, ao contrário dos deserdados que têm de a enfrentar nas barras dos tribunais, e em última análise, na cadeia.

Joe Berardo (tabacos), Armindo Costa(ind.calçado), Vasco Teixeira (livros), Américo Amorim (negócios internacionais), Fortunato Frederico (calçado), Malik Sacoor (texteis), todos grandes empresários, e clientes da ESGUER, por serem ricos, e serem protegidos de partidos políticos que por sua vez protegem os ricos, livraram-se de prestar contas com a Justiça, não por estarem inocentes, mas por terem milhões disponíveis para pagarem às finanças aquilo que deviam ter pago em momento certo e não pagariam, se nada tivesse sido investigado. Esta, é a "moralidade" dos defensores de políticas de direita.

Ser de direita pode apenas significar duas coisas: defender as desigualdades sociais, por puro egoísmo, ou o testemunho de um baixo índice de inteligência e consciência social. Não vislumbro outras razões.

Por isso, faço votos que a coligação PS/BE/PCP, esqueça por uns tempos aquilo que os separa e se una em torno do povo. E que se deixem de brincar à baixa política. Já chega.

  

2 comentários:

  1. Caro Rui Valente,

    Em meia dúzia de parágrafos, claramente explicado como chegamos ao conceito (preconceito) do chamado "arco da governação". A lenta, mas real tomada do PS pelos franco-atiradores da Democracia, aqui muito bem denunciada foi, por tudo a quanto vamos assistindo, posta a nu nas últimas semanas.
    Hoje, os verdadeiros apoiantes do Partido que de punho cerrado se afirmou dos trabalhadores e demais camadas sociais percebem melhor os ziguezagues ao longo dos anos.
    A actual Direcção parece querer romper com esta indefinição da marca de água do PS. Assim sendo, e como já tive oportunidade de o afirmar, cabe agora à esquerda completar Abril.
    Torturem como puderem os temas NATO; Tratado Orçamental e outros que a imaginação fértil da direita sempre porá no caminho do entendimento.
    A NATO é uma Organização sem sentido. Apenas existe como obstáculo a quaisquer tentativas de emancipação que surjam aqui ou ali. Acabará por se ir transformando. A realidade tratará do Tratado Orçamental.
    Faço meus os votos expressos.
    Cumprimentos

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  2. Eu gostaria mais que o PS fosse simplesmente oposição, porque assim, seria uma maneira de controlar todo malabarismo desta coligação e só passava aquilo que eles vissem que não lesava o povo. Tenho receio que PS se divida e seja de futuro uma oposição frágil, no entanto, não descarto que o PS faça uma coligação à esquerda limando algum radicalismo mais extremista do PC e BE.

    Agora o discurso daquela coisa feita presidente da república é simplesmente miserável, aquele discurso é a roçar um ditador.
    Este sr presidente todas as vezes que fala aos português só diz disparates. Como diz o Povo ou entra mosca ou sai merda.

    Abílio Costa.

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