10 novembro, 2015

A propósito do circunstancial Assis

Rui Sá
(JN)
Nos tempos que correm, a Direita anda desesperada, macilenta, espumando ódio e profetizando desgraças, como se a nova data do apocalipse fosse 10 de novembro, dia em que este arremedo de Governo será chumbado (curiosamente, e para alimentar ainda mais os seus pesadelos, a data em que Álvaro Cunhal faria 102 anos...).
Mas, nas últimas semanas, a Direita arranjou um novo ídolo ao qual se agarra como uma espécie de "tábua de salvação" para que a coligação PSD/CDS se consiga perpetuar no poder. Basta estar atento às redes sociais, aos comentários às notícias da comunicação social, aos comentadores, para ver como, para a Direita, Francisco Assis se tornou esse ídolo e expoente da "responsabilidade" e da "inteligência" nacional. Bem sei que, nestes tempos de naufrágio da Direita, qualquer "tábua de salvação" parece boa... Mas a verdade é que Francisco Assis se pôs a jeito, disponível para o frete (?).
Naturalmente que Francisco Assis tem todo o direito de declarar: "(...) sou frontal e absolutamente contra a ideia de constituição de um qualquer Governo assente numa hipotética maioria de Esquerda (...)". Ou que "a representação binária do Parlamento configurada na oposição Direita/Esquerda é destituída de qualquer tipo de solidez doutrinária ou política".
A questão é que, ao contrário do que Francisco Assis pensa, o problema não é o seu pensamento. O problema é a sua incoerência. Porque há quem tenha memória. E eu, em particular, não esqueço o que se passou em 2005, no Porto. Nesse ano, Assis foi o candidato do PS à presidência da Câmara Municipal do Porto, tal como eu o fui pelas listas da CDU. E lá veio Assis "propor" uma coligação de Esquerda para derrubar a coligação PSD/CDS (personalizada por Rui Rio). Sabendo que essa coligação não se faria (até porque o PS tinha definido, em congresso, que as mesmas não se fariam), o objetivo era claro, ou seja, poder dizer: "Nós até queríamos, mas eles é que o inviabilizaram!"... E andou toda a campanha eleitoral a clamar que a CDU era a "muleta da Direita", sabendo que, não obstante a aceitação de pelouros delegados por Rio, a CDU tinha sido a mais consequente oposição às políticas de Direita na Câmara Municipal do Porto. Clamor que teve muito eco em alguns jornalistas comentadores da nossa praça, que, curiosamente e tal como Assis, agora temem a possibilidade de um Governo apoiado à Esquerda! Será que envelheceram e se aburguesaram ou que lhes caiu a máscara

1 comentário:

  1. Vamos aguardar, mas é urgente que se forme um Governo sólido e de interesse nacional, já estou farto de trinta e um de boca. Espero boas notícias e que se forme um governo sem mexericos e que acabem com o jejum dos reformados que a uns anos a esta parte não sabem o que é um aumento e que são sempre penalizados por ser a maneira mais cómoda de irem buscar uns tostões.

    Abílio Costa.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...