23 março, 2016

Os anónimos vão ter de levar comigo

Há uns artistas, espécie típica da região saloia de Lisboa e de alguns seguidores pobres coitados  do resto do país, que ficam cheios de comichão com os meus comentários anti-centralistas, e não resistem a demonstrá-lo. Fazem-no sempre, com aquela soberba de quem carrega todas as razões do mundo, e a hipocrisia muito própria dos oportunistas. Naturalmente, não lhes dou o prazer de publicar as frustrações, mas confesso que elas me dão um grande gozo, porque são a prova máxima do incómodo que os meus artigos lhes provocam, a prova que estou no caminho certo. São uma inspiração.

São tão saloios, que mal cai um pouco de granizo, fazem daquilo um acontecimento único. Tal como fazem com qualquer porcaria de jogador que jogue no Benfica. Os leitores já terão reparado (é impossível não reparar), que quando dão demasiado destaque a alguém desconhecido para o resto do país, é porque, ou é do Benfica, ou é anti-portista. Tenho testado essas manifestações, e cheguei à conclusão que não me engano. 

Vou-vos dar um exemplo, que não é o mais simpático, admito, por se relacionar com uma pessoa que nos deixou há poucos dias. Trata-se de Nicolau Breyner. Respeito a sua morte, como respeito a morte de qualquer pessoa. Mas respeitar a morte de alguém, é tudo, menos servirmo-nos dela para indirectamente promover umas coisas e desvalorizar outras. Mas antes de fundamentar o que estou a dizer, não tenho qualquer problema em afirmar que, como cidadão com direito a opinar segundo as minhas convicções, nunca achei Nicolau Breyner um actor por aí além, e como director de actores ainda menos. Há em Portugal, incluindo em Lisboa, actores bem mais completos e consensuais que o falecido Breyner. Recordo-me de ter dito a quem na altura comigo privava, quando Nicolau lançou o Herman José, que ele iria muito mais longe na carreira de humorista, que o seu mentor. E foi o que veio a acontecer. 

Por isso, fiquei estupfacto com a multidão que lhe prestou homenagem, e sobretudo com os encómios descabidos que dedicaram ao defunto. Fiquei atónito! Parecia que estavam a falar de Desmond Tutu, ou de Nelson Mandela... Mas pronto,  gostos e  amizades não se discutem. Agora, o que não aceito é que, à boleia de uma homenagem fúnebre, se aproveite a oportunidade para evocar um filme (Corrupção, de João Botelho, outro benfiquista), em que Breyner fazia o papel de presidente de um clube de futebol , para indirectamente beliscar o presidente portista, e o FCPorto. Isso, não aceito. Como não aceito que queiram impingir o também falecido Eusébio ao país inteiro, com aquele espírito megalómano e unanimista que define os centralistas (sim, senhores anónimos, centralistas!) como se o país fosse povoado apenas na saloia Lisboa.

Não! Felizmente, o país é muito mais, e maior, do que a terra do fado das tascas e da promoção da desgraça.

PS-Há demasiados factos, que num país civilizado serviriam como prova de acto criminoso. Esta, é só uma, entre várias. É assim que se instiga a violência. Eles sambem-no, mas parece que estão à espera que aconteça. 

4 comentários:

  1. Caro Rui Valente;
    Nicolau, alentejano de Serpa, ao sentir que ficar pela terra, nada de bom lhe traria, rumou como qualquer outro(daqueles que bem conhece) na direcção do regaço, da alentada Capital e provar também ele o leite que brota das cliques dos interesses, conhecidas e denunciadas desde sempre pelos nossos melhores. O leite em Serpa tem outra finalidade: Produzir um dos melhores queijos portugueses.
    Percebeu desde cedo(1957 criação da RTP)em que meios se deveria movimentar. Que interesses se foram instalando. O papel dos negros e a Guerra Colonial . O aproveitamento do futebol pelo regime e desde então e nomeadamente a partir de Abril de 74 um acentuado centralismo em relação ao Porto, já que pelo que se vai percebendo, o resto do país é mesmo o resto.
    Como actor dava para entreter. No cinema apenas Manoel de Oliveira ousou afirmar-se Portista, todos os demais são amigos do Eusébio. Como o Mestre nunca o convidou para um filme, sobrava sempre um benfiquista para o colocar na película.
    Sonhou provavelmente com um Óscar no desempenho do filme Corrupção. Nem sequer foi nomeado. E aqui não posso deixar de lamentar o seu desaparecimento. Com o talento que muitos(?) lhe reconhecem e profundo conhecedor do meio artístico-futebolístico, o seu grande desempenho estava reservado para o épico "A PORTA 18". R.I.P.

    Cumprimentos

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  2. Viva Olaio!

    você não faz ideia da azia que lhes causo! Eu quando não gosto de alguma coisa, afasto-me dela, apenas previno os mais distraídos com certas manifestações do veneno que trazem camuflado.

    Cobardolas, julgam que o país lhes pertence. Uma coisa lhe digo: se tivesse de pegar em armas para os combater, pegava. Fazia-o com mais vontade do que quando cometi a ingenuidade de ir combater para o Ultramar, podendo deixar-me estar onde estava longe deste país de imbecis.

    Um abraço

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  3. Deacon Blue23/03/16, 23:06

    Caro Rui,

    Permita que acrescente à forma como caracteriza a corja de lisboa, dizendo eu que mais nao sao que o reflexo de mentes essas sim tacanhas, porventura anormais nos tempos que correm.
    Cambada de chicoespertos que vivem a custa de um poder chunga que os acarinha como pode e nao pode!

    Relativamente ao Nicolau Breyner, so faltou falar, eu pelo menos nao tive conhecimento, no panteao nacional....

    Os adeptos lampioes, perante um enorme / recente ciclo de vitorias, ja falam como se só eles existissem e só eles sabem o que é ganhar/cultura de vitória, nada que afinal nao tenhamos visto ao longo destas ultimas decadas cada vez que tinham uma pequena vitoria que fosse..

    Desprezo total para com esses vermes!

    DB

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  4. Deacon,

    fale baixinho... porque ainda podem ouví-lo e lá mandam o homem para o Panteão, que de nacional tem tanto como a RTP...

    Tudo vulgarizam estes gajos. É o Panteão, é o Conselho de Estado, são as condecorações. Qualquer merdas é tratado como gente grande.

    É um nojo, a mentalidade centralista.

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