30 março, 2018

O Porto precisa de jornais do Porto, e para o Porto


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Para quem estiver a pensar abrir um negócio sem ter de investir muito dinheiro, é melhor esquecer a área da comunicação social. Quem gostar verdadeiramente da cidade do Porto, e dispuser de alguns milhões de euros, e planear um negócio de retorno lento, mas de grande utilidade pública, fundar um Jornal exclusivamente portuense (virado a norte) pode ser uma aposta ganha.  

O Porto devia ser a sua sede, não para imitar Lisboa, porque isso seria matar o negócio pela raiz, mas porque o Porto é sem dúvida a cidade que mais necessidade tem de um jornal assumidamente portuense, e acima de tudo porque é a cidade mais discriminada pelo centralismo, desde o 25 de Abril. Isto, visto à luz da importância histórica da própria cidade no quadro nacional. Cada cidade conhece os seus próprios problemas, mas naturalmente que o interior nordestino é das regiões mais discriminadas do país (como outras).

A nossa cidade tornou-se a segunda mais importante do país, muito antes da "revolução", e por mérito próprio, não foi por beneficiar de ajudas externas. O Porto é competitivo, não é centralista. Não há portocentrismo, há concorrência natural. O centralismo tem sempre  responsabilidades de origem política, e se a política é exercida a partir de Lisboa, o Porto nada tem a ver com isso. E pouco interessa saber a origem dos políticos, o que me interessa é o que eles fazem. O Porto foi sempre considerado como a cidade do trabalho, e não foi por acaso. Curiosamente, até essa justa e histórica  fama, os centralistas têm procurado descredibilizar para a transformar num mito, e só isso diz tudo. Caberá aos verdadeiros nortenhos escolher se querem continuar a prejudicar a sua região natal, continuando a apoiar política e desportivamente os interesses da capital, ou se querem contribuir para o  desenvolvimento do que é seu. 

A centralização já é antiga, não nasceu agora. Muitos empresários do norte não tiveram coragem para combater este monstro, e isso tornou-os cúmplices do centralismo. Talvez seja esta permissividade que explica a ausência de um jornal no Porto devidamente identificado com a cidade. O JN já não é há muito um jornal do Porto, é um jornal de Lisboa a servir-se do Porto para estender ainda mais os tentáculos centralistas. E, como as avenças fazem milagres, chegamos ao cúmulo de ver antigos articulistas do jornal a colabor com este embuste com toda a tranquilidade do mundo.

Lamento dizê-lo, mas não foi o Porto que mudou, o que mudou para pior, foram os portuenses, sobretudo aqueles que mais deviam lutar contra a situação actual. Que raio, o "Somos Porto" não pode confinar-se ao teatro do futebol. O Porto não é só o FCPorto.


4 comentários:

  1. Caro Rui Valente...
    Nós portugueses, somos um povo esquisito que, já diziam os romanos, não se governa nem se deixa governar.
    Em todo o Mundo assiste-se ao regresso do nacionalismo (bem ou mal isso são contas de outro rosário), á descentralização social, económica e cultural, o apelo ás raízes, o amor ás origens! Os ingleses fizeram o Brexit porque lhes deu na telha, ou apenas e só querem ser eles próprios e não serem governados por franceses e alemães? Aliás exceptuando uma Alemanha cada vez mais sanguessuga e poderosa, e um Portugal servil, porque os seus politicos lucram e de que maneira com esta submissão, não creio no futuro desta Europa unida. Gosto muito de ver turistas no meu Porto, mas não aceito que sejam eles a mandar na minha cidade!!! Não desejo ir á Ribeira e deparar com restaurantes que agora só tem ementas em inglês, francês e castelhano!!!
    A culpa é de Lisboa? Não creio. A culpa começa aqui, em nossa casa.
    É como diz e muito bem o Rui; quem mudou não foi o Porto; foram os portuenses!!!

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  2. Viva, Felisberto Costa!

    essas tendências "modernistas" das ementas estrangeiradas são típicas numa primeira fase da explosão turistica de qualquer país e quando os comerciantes são ainda inexperientes. Não são esses tiques que me impressionam, porque depois só sobrevivem aqueles que se importam mais com a qualidade do que com o estilo.

    O que me incomoda de Lisboa, e digo Lisboa porque é lá que está instalado o poder - e não em Coimbra, ou Braga - é o papel de eucalipto que representa para o Porto e para o resto do país. Ninguém pode negar essa realidade. É isso que não tolero e acaba por me criar um sentimento de repúdio a tudo o que vem daquela cidade, a ponto de já olhar para eles (não tenho problema em confessá-lo) quase como inimigos. Não gosto daquela gente, porque também nunca os vi a serem solidários connosco perante a discriminação que nos fazem. Sou do género, olho por olho dente por dente. Por cá há gente a mais a bejarem-lhes o traseiro.
    Não alinho nem nunca alinharei com esses meninos.

    Desejo-lhe uma Boa Páscoa! E viva o PORTO!

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  3. O Porto não é só o Futebol Clube do Porto! Gostaria que assim fosse mas parece que ao Porto só resta mesmo o Futebol Clube do Porto,por enquanto! Digo eu...

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  4. Sim, mas o FCPorto tem quem esteja a ganhar a vida para o governar. Pergunto: acha que está a ser defendido com a determinação necessária?

    Quero enganar-me, mas oxalá não sejamos surpreendidos com mais um roubo este campeonato para começarmos a pensar a sério se devemos continuar com esta SAD e este presidente. Sou insuspeito, porque não há quem o tenha defendido dentro das minhas posibilidades, como eu(perdoe-se-me a imodéstia).

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