01 outubro, 2019

Um Portugal, sem honra nem civilidade

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Qual é a diferença?


Não vale a pena fecharmos os olhos, e taparmos os ouvidos à realidade do país.  É uma irresponsabilidade.

A história pode adulterar-se agora, mas é difícil de branquear com o decorrer dos tempos. Factos, são factos, negá-los é apenas a reacção cobarde de quem quer à viva força ocultá-los. 

Não temos governantes, temos péssimos actores, com uma sórdida inclinação para a marginalidade. A justiça foi invadida por oportunistas, em vez de tonificada e privilegiada com homens dignos, e eticamente superiores. Nos tempos que correm, tal desiderato tornou-se numa utopia. Decididamente, ser juiz, hoje, é correr o risco de passar por um tipo suspeito, como um banqueiro, ou um político, por exemplo... Enfim, actividades outrora nobres são agora básicas, e completamente desprestigiadas. 

Estamos a passar talvez uma das fases mais indecorosas da história contemporânea. Contrariamente ao que podíamos supor, a tecnologia da comunicação não nos tornou melhores cidadãos, mais civilizados, mais pacíficos. Actualmente, o carácter do individuo quase se eclipsou. A universalidade, transformou-nos em clones, e fez o mundo andar para trás. E que dizer da cultura?

Noventa por cento dos filmes americanos, que ocupam parte importante das nossas televisões e cinemas, apostam na violência ou no sexo, como se fossem almas gémeas. Um livro, como um filme, para serem culturalmente úteis têm de ser realistas, não devem fugir de factos. A ficção distrai, mas também ilude. Adulterá-los, ou deles fazer uma espécie de pastilha elástica, é a antítese da cultura. 

E, por falar em cultura, talvez seja eu que me deixei ultrapassar pelos "novos" tempos, mas ainda não consegui perceber a obsessão dos americanos pela linguagem grosseira, agora tanto na moda. Em cada 3 palavras, uma tem de ser ordinária. As mulheres perderam em charme o que ganharam em vulgaridade. Os diálogos não conseguem completar uma frase sem lhe incluírem um fuck you, ou puxar o tema sexo completamente a despropósito. Fica-nos a ideia que, para eles, ainda existem preconceitos àcerca do sexo, e que só lhe juntando  grandes palavrões se sentem realizados.

Já fui um admirador da América, hoje nada me diz, e o cinema  que exportam para o mundo inteiro muito contribuiu para isso.  O pior, é que estes hábitos perniciosos, e de baixo nível, estão a influenciar grande parte da humanidade.  Portugal (como não podia deixar de ser), país vocacionado para a imitação rasca, agradece a pedagogia. 

Ontem, curiosamente, vi um filme de um realizador italo-germano (Giullio Ricciarelli) que me fez lembrar uma grave ocorrência no nosso país, pouco diferente na brutalidade, mas semelhante no desfecho. O filme consistia em julgar os carrascos nazis de Auschwitz que serviram Hitler, da forma mais cruel que se pode imaginar. O julgamento executou-se numa época em que a Alemanha queria esquecer o passado da guerra que promoveram. Ocorreu em 1969 (mais ou menos), cerca de 50 anos após o fim da guerra. Entre a semelhança  deste caso e o de Portugal do pós 25 de Abril, há um denominador comum: derrubadas as ditaduras (de Hitler e Salazar), na Alemanha os nazis ainda escaparam à Justiça, mas outros foram julgados e condenados. Em Portugal, alguns colaboradores da PIDE ainda estão em liberdade, deixando descendentes. Muitos deles escaparam ao castigo, e andam por aí (isto, não vos faz lembrar nada, agora?). Aqui, o crime compensa. É um facto, mas só para alguns...  

Olho neles, amigos.  As coisas não acontecem por acaso...

3 comentários:

  1. Muito Bom... Obrigado por publicar... ponderado, assertivo... nem mais... um abraço JPPCH

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  2. Deacon Blue04/10/19, 13:27

    Viva Rui,

    Chegou me aos ouvidos que o Rui Pinto terá dado a saber (ou algo parecido) que poderá por a boca no trombone se/quando for a julgamento revelando coisas graves.

    Nao sei se teve conhecimento disto.

    Será que o podem calar se ele quizer falar?

    Eu ja nao digo nada...

    Deacon Blue

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  3. Olá Deacon,

    Já li isso mesmo no jornal. Ele sabe o que está a dizer. Aliás, se houve coisa que ele afirmou logo que tomou conhecimento da sua perseguição pelo Ministério Público, foi reçear que o matassem se viesse para Portugal, tendo em conta os crimes que ele conhecia provocados por gente "graúda"...

    Aguardemos

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...