Como disse o nosso amigo Rui Farinas no post anterior, a memória do povo é curta, e, é por ser curta que comete várias vezes os mesmos erros. Erros esses, que acaba sempre por ter de pagar do próprio bolso e frequentemente, também com a própria saúde.
Há entre nós - pelo menos, entre os comentadores do Renovar o Porto -, um ponto importantíssimo de convergência, que é, basicamente, o de nos sentirmos profundamente ofendidos e chocados com o desrespeito e a desigualdade de tratamento com que o poder central nos tem "brindado".
Lancei, aqui há dias, um repto aos frequentadores deste espaço de cidadania, procurando estimular-lhes a imaginação no sentido de concertarem um qualquer plano (dentro da legalidade, enfim) que pudesse contribuir de algum modo para chamar a atenção para a nossa realidade e exigirmos mais respeito. Respeito, sim, porque é disso que se trata! Mas sei quanto é complicado encontrar a solução para o impôr.
Dei o exemplo avulso do jornal O JOGO (que deixei de ler), porque me apercebi que pouco a pouco e, apesar de ser o mais rigoroso dos jornais desportivos, não resistiu à tentação de "agradar" ao centralismo.
Se repararem bem, as estações de TV, fazem todas as manhãs uma revista de imprensa onde destacam as notícias de primeira página de todos os jornais, incluindo os desportivos. Ora, como é sabido, tanto A Bola como o Record, apesar do seu cunho arbitrário e sensacionalista, não se preocupam em criar edições para o norte, centro ou sul, consoante a tipologia clubística da região e, mesmo assim, vendem. Mas o problema não está só aí. A questão não dispicienda é que, quando as Tvs fazem a revista de imprensa diária, não há um único jornal que traga estampada e em destaque na capa o Futebol Clube do Porto! Isso é, muito raro, e quando o fazem é quase sempre pelas piores razões. Praticamente o FCP, para os media, é como se não existisse. Mas existe, e, mais por mérito que por acaso, é MELHOR que os seus rivais. Contudo, e como Campeão Nacional, é-lhe
estrategica e deliberadamente negada
a publicidade que por direito próprio conquistou, para ser atribuída a quem não teve pernas nem talento para a merecer. Até o jornal O JOGO ajuda à "festa", com as subservientes edições Sul!!!
Pensem como quiserem, mas isto para mim, é uma ofensa pública (e, consentida) que todos os dias é feita não só ao clube, como à cidade, mas principalmente à coisa mais importante que ela tem: aos portuenses.
Os jornais vivem dos leitores, mas ainda não foi provado que o dinheiro dos leitores do Norte não represente uma fatia significativa das vendas dos jornais, sobretudo de um jornal como O JOGO que cresceu a partir do Porto e com leitores do Porto! A ganância cega, e, como tal, para vender mais papel o Grupo da Controlinveste, de Joaquim Oliveira, atraiçoou quem o ajudou a crescer. Se a isto, juntarmos o facto deste Grupo incluir o JN, DN, 24 Horas, a revista Ocasião, a rádio TSF, ficamos a perceber melhor a atracção centralista do JN e de O JOGO...
Escrevi vezes sem conta sobre a importância dos media independentes no equilíbrio socio-económico das regiões. Lamentei (e lamento) que empresários regionais de sucesso, como Américo Amorim e Belmiro de Azevedo, nunca tivessem revelado entusiasmo para se lançarem nessa área de negócio, porque se o tivessem feito com a devida excelência e autonomia, hoje o Porto respiraria outra saúde e outro poder. É impossível que o Porto consiga alguma vez concorrer taco a taco com a capital sem esta ajuda preciosa. Alguns líricos, mesmo com os "exemplos" que estão bem à vista, de conspirações sucessivas, de orgãos de justiça amotinados, de desrespeito pelos Tribunais Internacionais, etc., ainda nos querem convencer da dispensabilidade desta preciosa ferramenta. Só podem ser masoquistas ou agentes "secretos" ao serviço da Central Lisboeta.
Não me convidem para me alistar em qualquer dos partidos políticos existentes. Creio que já manifestei com clareza a minha opinião àcerca disso. Não só desconfio deles, como me confrange a impossibilidade democrática para os punir como mereciam. Para mudar de opinião, só dependerá deles. Terão de me provar com acções coerentes e contínuas que estou enganado e então, alterarei a minha postura. Até lá, para mim os políticos não servem para nada, a não ser para se servirem.
O que me for possível fazer farei, mas não estou virado para aventuras político-partidárias quixotescas, inconsequentes e ingénuas. Para além do capital humano necessário para criar um partido, é preciso muito capital financeiro e isso, meus amigos, não tenho. Continuo aberto a ideias. Costuma dizer-se que a necessidade aguça o engenho, pois então, apresentem propostas, de preferência viáveis.
Porque coragem, penso que temos que chegue.