28 novembro, 2011

Fado, o meu desorgulho*


Há coisas, pelas quais não sinto qualquer tipo de afinidade nacional, como é o caso do fado. Nunca gostei de fado.

Desde miúdo que sempre associei este tipo de canção, choramingas e piegas,  à boémia dos miseráveis e prostitutas dos bairros de Lisboa, e nunca consegui digerir essa imposição centralista de o querer nacionalizar a qualquer preço, como um bom motivo para me orgulhar. Pelo contrário, o fado para mim, representa um passado do que pior [ainda] tem o português: fatalista, arruaceiro e madraço. Esse sentimento de repulsa, hoje em dia,  está muito mais vincado no meu ADN do que no tempo da outra senhora, onde reinando embora a repressão silenciosa de uma ditadura, a coesão nacional era bem mais equilibrada e respeitável do que a actual, em que, "democraticamente", a discriminação regional faz gala em tratar os nortenhos como autênticos filhos de fadistas que só os centralistas são capazes de parir.

Com a ascensão do fado à escala planetária como património imaterial da humanidade pela UNESCO, aumenta em flecha o meu desprezo pela causa da "honraria". Não sei porquê, mas ela faz-me lembrar "doces" como as Scuts, os BPN's, e os muitos DL's [ Duartes Limas e Dias Loureiros] que por aí pululam e abrilhantam o dito fado "nacional".

Que me desculpe a falha, o senhor Presidente da República, mas eu não possuo a sua dimensão estadista.

*Expressão de minha autoria que traduz: indignidade, ausência de brio, bandalhice, desonra, humildade decadente.

9 comentários:

  1. Também nunca gostei do fado, mas confesso que gostava de ouvir a Amália Rodrigues. A sua voz e o seu sentimento eram ímpares, e as letras de muitas das suas músicas eram belos poemas de cariz popular. Morreu a Amália e o fado morreu para mim. Por isso sempre recusei aceitar que o fado fosse a canção nacional. O fado é uma canção sinistra ouvida e apreciada em Lisboa e arredores, com alguns apreciadores espalhados no resto do país, nada mais. O oba-oba parolo que os media centralistas estão fazendo, não é mais senão uma manifestação daquela mania que os sulistas e centralistas têm de que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. Esta classificação da UNESCO só deixa ficar mal este organismo. A mim, deixa-me ficar indiferente.

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  2. O fado não é uma canção nacional, é uma canção de origem africana ou arabe, ainda não se sabe ao certo.
    Andou pelas ruelas mal afamadas de Lisboa, foi uma canção de triste sina de faca na liga. Nos tempos que correm subiu aos palcos, pelos tais fadistas consagrados da capital do império.
    Para ser honesto, não sou nenhum apaixonado do fado mas gosto de ouvir um ou outro fadista.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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  3. Gosto de fado, principalmente de Coimbra, agora e no caso, acho uma bacoquice e um exagero todo este folclore.

    Abraço

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  4. Se me falarem do fado de Coimbra,então a coisa muda de figura.Desse já gosto.

    Desde logo porque tem uma componente de balada que o cantado em Lisboa não possui. É muito diferente, e na minha opinião para melhor.

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  5. Rui, um off-topic, mas que acho importante partilhar:
    http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=301272

    Júlio Magalhães deixa a TVI e vai para o Porto Canal.

    Abraço

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  6. Eu acho que isto é o nosso fado,já que não dão valor aos que tanto têm trabalhado em prol do país,têm que valorizar a canção de lisboa,que quando dá jeito dizem que é nacional.Eu também não gosto de fado apesar de ter frequentado muitos sitios onde o fado era obrigatório. É uma pena termos um país com uma pala num olho.
    Um abraço
    manuel moutinho

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  7. José Carlos28/11/11, 22:30

    Concordo. Não gosto de fado. Representa muito daquilo que não me agrada no país. É um exemplo claro da visão centralista lisboeta e da sua auto-atribuida importância.
    Para ser fadista basta "fechar os olhos, esticar o pescoço e esganiçar a voz", de preferência chorosa e fatalista.
    Para mim, fado e Amália não são exactamente sinónimos. Amália poderia ter sido uma grande cantora lirica. Tivesse nascido noutro meio ...
    Quiseram tornar fado a "canção nacional". Provavelmente já não poderemos falar em fado de Coimbra. Ainda hoje ouvi vários "especialistas" referirem-se à "canção de Coimbra" ou "balada de Coimbra".
    Talvez seja bom alterar essa designação e desligar-se do "fado".
    Coimbra tem o azar (como outras) de não ter sede de nenhuma TV ou rádios (locais) de cobertura nacional.
    Este é mais um passo no processo de aculturação de um país a partir de uma minoria (demográfica e territorial) com as mãos no poder.

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  8. Pelo que vejo [com agrado] não estou só a partilhar essa heresia que é ousar não gostar do fado.

    Ainda bem.

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  9. Mais fado
    Antigamente o fado, era cantado pelas ruas do Porto por ceguinhos acompanhados à viola por um acompanha-te que depois distribuíam as esmolas e o lucro da venda dos versos. Os versos eram feitos por alguém que os escrevia das desgraças dos esgamanços que aconteciam aqui no Porto e arredores.
    Já alguém dizia o "O FADO INDUCA E O VINHO INSTROI".
    Pelos vistos os três Fs (Futebol, Fátima e Fado) vão ser património mundial da Santa ignorância.
    Então estes srs, do governo, FMI e Troika não são um grande fado da nossa triste!...com diabo.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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