29 outubro, 2007

POLÍTICOS OU EMPRESÁRIOS?

Na habitual rúbrica "Termómetro" no JN de hoje, José Miguel Júdice merece nota positiva (a seta ascendente) com este apontamento:

"O Grupo Lágrimas, da família Judíce, acaba de adquirir um dos mais embelemáticos hoteis do Porto, o Infante Sagres. É mais um passo na afirmação deste grupo que para além da Quinta das Lágrimas, procura avançar no Douro com um complexo Hoteleiro em Castelo de Paiva"

Confesso, que não entendo lá muito bem a profundidade racional que motivou tal encómio da parte do JN. Acontece que, não me parece correcto nem ético, que personalidades outrora ligadas à vida política, comecem a destacar-se (para o bem e para o mal) em actividades empresariais mais apropriadas a cidadãos descomprometidos com o poder político.

A moda não é de agora, mas se pega - como parece estar a acontecer - iremos de mal a pior no campo da moralização comportamental da classe política, que já em tão baixa estima anda na opinião da maioria dos portugueses. É uma espécie de bónus, dois em um, mais indicado a supermercados, que não se justifica ver aplicado a políticos no activo (ou não), tendo em conta o péssimo serviço que prestaram e continuam a prestar ao país.

Quem aplaude este tipo de iniciativas, provavelmente sustentadas no pouco fiável cliché da "abertura de postos de trabalho, do aumento do emprego, etc.", estará porventura igualmente a esquecer a sua cumplicidade neste cruzamento de funções distintas e incompatíveis que só podem ter como resultado o protelar da restauração e moralização da actividade política.

Pergunta-se: será para isto que se envereda pela carreira política? Se calhar é, mas então, senhores políticos, por uma questão de seriedade, informem-nos da eventualidade nas próximas campanhas eleitorais. É que não pretendemos desqualificar o nosso voto em tão ilustre momento, como devia ser o das eleições.

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