No discurso político (também copiado por alguns papalvos) é recorrente o uso e abuso de dois substantivos: o pessimismo e o optimismo. Normalmente, poêm-nos em prática quando sentem as orelhas a arder e ouvem a população contestar suas performances.
Então, agarram-se com unhas e dentes às parcas benfeitorias que foram realizando como se tão pobre argumento fosse capaz de contradizer a realidade do estado das coisas. É como se achassem que só teríamos razões para os criticar se não tivessem feito absolutamente nada! O nosso primeiro-ministro é um bom exemplo, mas lamentavelmente, não é o único.
Enquanto no poder, os políticos, são incapazes de descer à terra, de sentir o povo, de acreditar no drama do número crescente de desempregados, de contrariar os efeitos nefastos de um centralismo impiedoso, de perceber as notícias sucessivas que nos colocam na cauda da Europa em quase tudo, e mesmo assim continuam convencidos que estão a fazer bem.
O que mais indigna nesta hipócrita e costumeira atitude, é o lado cínico, quase afrontador, a que recorrem, tratando os eleitores como se fossem todos ignorantes, de quem apenas se aproximam e servem, exclusivamente, como angariadores de votos.
Sou por isso, absolutamente contra esta "conveniência democrática" do desempenho em simultâneo de cargos públicos e privados pela parte de deputados. É uma aberração política e social, da qual os políticos partem sempre em vantagem relativamente ao comum cidadão. É concorrência desleal e perniciosa. Perniciosa, porque compromete, desde logo e em pólos opostos os próprios políticos, com a agravante de lhes redobrar os poderes e as influências.
O recente caso do Casino de Lisboa é disso um paradigma. Independentemente do apuramento das investigações (se as houver), as escutas telefónicas traduzem tudo, menos lizura de processos.
Os indícios são altamente comprometedores para os implicados, numa manobra publico-privada onde o património do Estado parece ter servido de moeda de troca para favores e negociatas. Em suma: não dá para confiarmos nesta gente, para lhes reconhecermos integridade, para enfim, nos representarem.
Teria muito gosto em participar nesses debates e encontros que se vão realizando aqui pelo Porto onde, se apresentam opiniões, discutem causas, e raramente soluções, mas incomoda-me ter de o fazer no meio de alguma gente que só lá vai para continuar a vender a sua imagem pública, ou seja, para empatar.
As elites locais interessadas pelos problemas do Porto, gostam de se misturar com as elites do poder, apesar de saberem que elas já não são de confiança. Não se demarcam. Ouvem-nas pachorrentamente como se ainda esperassem dali alguma coisa de objectivo.
Como dizia Rui Moreira, e bem, as ovelhas não se tosquiam a si mesmas, por isso, não sei o que podem esperar de figuras como Pires de Lima, Augusto Santos Silva e outros.
No meio deste género de personagens teria dificuldade em ficar de bem com a minha consciência e até com a minha maturidade. Daí que, gostava muito de saber medir a confiança que lhes merece quem se predispôs a ouvi-los...
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