Há, aparentemente, vantagens na livre circulação de pessoas e bens, mas os efeitos colaterais dessa globalização estão a revelar-se altamente preocupantes.
Modéstia à parte, se há alguém que está atento aos excessos da comunicação social, esse alguém sou eu, bastará ler alguns dos meus posts aqui publicados para o perceber. Contudo, existem alguns articulistas e psicólogos que conseguem exagerar mais do que os próprios media.
Fiquei abismado com o que algumas dessas pessoas têm vindo a escrever sobre a criminalidade no país. As opiniões convergem umas com as outras na convicção de que a actual onda de violência não aumentou por aí além em relação a outros anos. Não sei aonde foram buscar tais dados já que, de rigorosos, pouco revelam. Seria muito mais objectivo que esses analistas juntassem elementos de prova concretos para convencerem a opinião pública da autenticidade das suas teses, porque nem sequer é necessário fazer grandes esforços de memória para se concluir que nunca como agora houve tanta criminalidade violenta em Portugal.
A custo, é verdade, já me habituei às tradicionais paranóias dos media de explorarem até à exaustão as desgraças humanas. Se há um tremor de terra hoje, seguramente que amanhã vamos ser "informados" de outros dois. Se há um atentado terrorista, podemos ter a certeza que nos dias próximos se falará de mais alguns noutros locais. Quando acontece uma acidente aéreo com muitas vítimas, podemos ficar "descansados" que nos dias seguintes - nem que seja à força da lupa -, lá vamos ser informados de mais alguns num ponto remoto do planeta. Enfim, esta é apenas uma rotina sádica de um conjunto de muitas outras (que agora não vêm ao caso), praticadas pela comunicação social, que decorre de uma interpretação abusiva e anárquica dos valores da democracia que nunca foram oportunamente corrigidos.
Mas, é inútil e pouco sério recusar os factos quando eles estão à vista de todos. É deitar areia para os olhos da população por métodos demasiado repetitivos e primários. Além disso, adjacente a estas contradições vem sempre colado o argumento/desculpa "do lá fora também". É como tentar preparar-nos para a inevitabilidade de uma catástrofe tão só porque "lá fora também acontecem". Se "lá fora também acontecem", quem somos nós para ousar contestá-las? De per si, esta argumentação já denuncia alguma demagogia, porque se a criminalidade violenta em Portugal não tivesse de facto aumentado em relação a um passado próximo, nem sequer faria sentido usar o estafado pretexto "do lá fora".
Ora, esta "cintilante" conjectura do "lá fora também", não só, não nos conforta, não resolve o problema da criminalidade, como não ressuscita aqueles que já foram vítimas dela . Acresce dizer, que estas são conjecturas completamente cínicas (nunca vão ao fundo das questões), porque já não se aplicam ao que de positivo acontece "lá fora", como: a qualidade de vida e os salários médios da maioria dos países europeus, etc...
Nestes casos, a tese do "lá fora também" já não se revela tão eficiente, e esbarra invariavelmente em copiosas listas de "ses" e de "mas", que explicam ao utilizador as «diferenças» dos respectivos manuais de instruções.
Há uma explicação para a violência criminal que o Governo jamais dará: a do aumento galopante do desemprego. É irrelevante, podem crer.
De lá de fora só queremos as coisas boas...as más dispensamos.
ResponderEliminarNisto da criminalidade o que acho curioso é o comportamento de alguma C.Social:no ano passado havia excesso de prisão preventiva, agora há preventiva a menos.Dá ideia que o que querem é confusão.
Não é fácil ser Prior nesta Freguesia.
Caro Rui,
ResponderEliminarEste é o modo como o chico esperto, jornalista e não só, caracteriza os males de que este país vem sofrendo.
Agora é a criminalidade. Gostam muito de comparar para arranjar soluções, como se isso desse segurança e vida aos cidadãos.
Abraço,
Renato Oliveira