Sou apreciador de um bom vinho, tinto e maduro, preferencialmente, para acompanhar uma boa refeição na companhia de gente amiga com gostos parecidos com os meus. Também, aprecio os verdes (tintos e brancos), e os Alvarinhos tipicamente nortenhos, mas por razões particulares relacionadas com um estômago esquisito, vocacionei-me mais para os maduros, mais ricos em álcool, mas mais delicados em acidez.
Creio, de certo modo, poder incluir-me no grupo dos «
gastrossexuais» que fez assunto à crónica de Ricardo Dias
Felner, no jornal Público de Domingo passado, porque também gosto, de vez em quando, de me aventurar na cozinha, por mundos outrora do domínio quase exclusivo das mulheres. Portanto, também já ficam a saber ( se é que isso tem algum interesse) que não sou nem metro, nem homossexual; é que, até aqui, imaginava-me no clube "bem
comportadinho" dos heterossexuais, mas depois de ler o Público fiquei definitivamente esclarecido: sou
gastrossexual! Pronto.
Mas, não é sobre as orientações (como agora é chique dizer) sexuais, nem
vinícolas, que quero falar, ainda que (podendo aproveitar a embalagem), não venha mal ao mundo se confessar as minhas preferências
copofónicas pelos vinhos do Douro e do Alentejo. Chegado aqui, e declarados os meus gostos, estou à vontade para opinar sobre o
post do Rui
Farinas sem levantar suspeitas de qualquer tipo de coligação estratégica com o meu colega de Blogue.
Sexo, culinária e vinhos à parte, o que é de realçar das palavras de Rui Farinas, é que ele está, não só com toda a razão, como com a galhardia de um bom nortenho que não anda cá (como muitos degenerados) por ver andar os lisboetas, sejam eles énologos, politólogos ou parvalhólogos. A sua crítica acintosa, sobre o artigo do "experto" de vinhos, é completamente pertinente e traduz a mentalidade tacanha daquela malta que nem sequer parece ter conhecimento da existência dos meios de transporte do século XXI.
Se ao menos lhes ocorresse pensar em realidades chamadas, automóveis, comboios, navios, autocarros ou aviões, talvez se lhes fizesse luz nos miolos e conseguissem encaixar naqueles fracos neurónios que os «provincianos» viajam, conhecem diferentes países, outras mentalidades, diferentes opiniões, outros produtos, outras culturas, etc., etc.
Mas não. Quando a presunção é grande, a verborreia intelectualóide é ainda maior. Como tal, são incapazes de admitir que, apesar de serem o eucalipto-mor do país, que tudo suga e seca à sua volta, não passam de residentes de uma aldeia de saloios, ignorantes e párias comparada com tantas cidades magníficas e modernas que há por essa Europa fora! Não espanta pois, que tenhamos de ouvir frequentemente, alguns jornalistas da al-Lixbûnâ (assim se chamava, antes de a libertarmos do jugo Mourisco), perguntarem aos estrangeiros "o que é que eles acham de Lisboa" ! Perguntas estas, típicas de quem carece de um reconhecimento que, de facto, ainda não tem, e de quem faz do "órgulho" uma ideia scolariana de dignidade.
Para terminar, e quanto aos vinhos de mesa propriamente ditos, apesar de os apreciar, estou longe de me considerar um perito na matéria, contudo e ao que julgo saber, os vinhos do Douro estavam no tôpo da tabela nacionais, sendo o Barca Velha-Grande Escôlha, um dos melhores, mas é possível que entretanto tenham surgido outras marcas. O que sei, é que no Douro, os métodos de produção dos vinhos de mesa foram modernizados e separados das técnicas tradicionais de fabrico do vinho licoroso (vinho do Porto), e que isso lhe veio conferir ainda mais qualidade.
Para acabar com este tema, numa pesquisa rápida, pude apurar imediatamente, isto. Há mais, mas ficará para uma próxima oportunidade.
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