03 novembro, 2008

Viticultores alentejanos em socorro do vinho do Douro

Em minha opinião, uma das características mais desagradáveis dos lisboetas é a mania de superioridade de que fazem gala em relação aos bárbaros que habitam no restante território, especialmente os que se situam a norte do Mondego, mania esta geradora de desconhecimento de tudo o que esteja para além do seu próprio umbigo, excepto quando este está virado para o Alentejo e Algarve. Eles, os lisboetas, são melhores em tudo, o que os leva a olhar com um olhar simultaneamente de desdém e de paternalismo para todos os que não pertencem, por nascimento ou por adopção, ao número daqueles a quem um Ente Supremo atribuiu o privilégio de integrar as elites nacionais. Esta é uma atitude recorrente da qual todos conhecemos exemplos, mas acabo de ler (com algum atraso) um texto que ultrapassa tudo o que vi até agora, alçando-se a nivel tal que proponho que lhe seja outorgado o prémio da Imbecilidade do Ano. Não resisto a transcrever alguns exertos.

No suplemento Fugas ( do Público) de 25 de Outubro, dedicado aos vinhos, um crítico de que nunca tinha ouvido falar e de quem desconheço credenciais, comenta o facto de duas empresas vinícolas alentejanas, ambas portuguesas e sediadas em Lisboa, terem comprado quintas no Douro, afim de conseguir incluir, nos seus catálogos, vinho daquela Região. Verdade que o articulista se refere à " forte e prestigiada imagem internacional do Douro". Isso, ele ainda sabe, o que ignora é tudo o resto e até desconfio que nem sabe onde fica o Douro. Se não, vejamos.

" Que mudanças irão resultar desta investida sulista no vale," pergunta ele?
Aparentemente, as vinhas apenas existem no vale do rio Douro, o que logo a partida mostra o seu conhecimento da região.

" A entrada dos dois gigantes irá agitar práticas e tradições".
É normal, não é? Trata-se de uma região de pequenos viticultores e de insignificantes companhias exportadoras, arreigados a "práticas e tradições" que decerto se mantêm desde o tempo do Marquês (Esta gente do Norte é mesmo atrasada, não é?).

" Mas, acima de tudo, espera-se que a entrada de dois campeões das boas relações qualidade/preço, sirvam como estímulo e farol para um aumento substancial da qualidade média dos vinhos do Douro".
Todos esperamos que sim, porque realmente os vinhos do Douros são fraquitos. o que não admira uma vez que são feitos, segundo ultrapassadas "práticas e tradições", por minúsculas companhias que não se podem comparar aos "gigantes" que agora chegaram.

"O Douro agradece e só tem a ganhar com este súbito interesse alentejano".
Aleluia, finalmente os alentejanos chegaram ao Douro para ensinar os produtores locais! O que seria de nós sem os alentejanos?

Mas digam-me lá, este sujeito alguma vez tem o mínimo nivel para escrever sobre o assunto? Quem vota comigo a atribuição do prémio?

P.S. Não quero discutir os méritos relativos dos vinhos do Douro, mas lembro que há cerca de um ano atrás um painel de provadores internacionais reuniu-se no nosso país - pela primeira vez - para uma prova cega de vinhos. Um dos juizes, após o final da competição (em que, como habitualmente, os vinhos do Douro brilharam) respondeu a uma pergunta que lhe colocaram dizendo o seguinte: "Os vinhos do Alentejo? Quem os conheceu há 10 anos reconhece que fizeram grandes progressos. Mas em Portugal os únicos vinhos que pertencem à 1ª divisão mundial são os do Douro. Todos os outros ainda estão numa categoria abaixo."

Para que conste!!!

2 comentários:

  1. hehe muito bom.

    e o que esta dito no PS diz tudo acerca da estupidez desta gente.

    Eles podem ter o pior produto mas acham-se sempre melhores.

    Enfim, quem me dera uma independencia a norte do mondego.
    Pena que nao haja aqui um partido separatista como o Vlaams Belang da Flandres senao tinham ja o meu voto.

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  2. Caro Rui,

    É preciso ter lata para esta "cambada" que só sabe viver à custa do resto do país, dizer o que diz!

    É por isso, e por mais reuniões que se façam a discutir o sexo dos anjos, que o objectivo principal da nossa região é a criação da região Porto/Norte! Só desta maneira nos veremos livres desta "corja" que têm a mania de serem superiores!

    Discutamos seriamente a regionalização! É isto que está em causa, meus caros amigos!

    Contem comigo para sessões que abarcam o tema da regionalização!

    Abraço,

    Renato

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