11 dezembro, 2009

Armando Vara, o moço de recados [e endereços] da EDP

O Mundo é cruel. Muito cruel, mesmo. Principalmente com os poderosos e com aqueles políticos que antes de subirem os degraus do Poder não tinham onde cair mortos. É talvez por essa razão que a Justiça, fiel à fama de ter de ser cega, continua de olhos bem abertos com esta classe de protagonistas.
O mesmo já não se pode dizer quando se trata de ajuizar o «terrorismo» do Líder dos Super-dragões que, até ver, ainda não foi visto a incendiar autocarros, a abrir a cabeça com tacos de base ball a jogadores adversários, nem a assassinar adeptos de outros clubes com very-lights e tem uma procuradora do Ministério Público à perna ansiosa por o condenar, alegadamente por ter protegido um candongueiro de 76 anos e resistido à Polícia. Curiosa diligência esta de alguns magistrados com a arraia miúda da marginalidade, e tão complacente com o peixe graúdo... Neste caso, a abnegação ao cumprimento da Justiça é tão estranho quando o referido acusado tem o testemunho de dois agentes da polícia a confirmarem que ele apenas tentou apaziguar os ânimos da multidão...
Não é que defenda os candongueiros, só ainda não descobri foi um argumento convincente para considerar um candongueiro mais doloso para a sociedade do que certos administradores bancários ou figuras políticas. Bem pelo contrário, o prejuízo para o erário público causado por estes últimos, é muito maior e o exemplo de responsabilidade cívica incomparavelmente mais grave.
Apesar disto, o Mundo é mesmo muito cruel com os poderosos! Manda a verdade que reconheçamos quão fácil é - mesmo para um sem-abrigo, se ele o quiser -, contactar sem marcação de entrevista, um administrador bancário. É a coisa mais corriqueira que conhecemos. Não se entende por isso as dúvidas de alguns cépticos para creditarem as declarações à RTP do ex-Ministro e ex-administrador do BCP Armando Vara, que se auto-suspendeu [continuando a auferir vencimento], por ter afirmado que o sucateiro suspeito de o ter corrompido se dirigiu ao seu Banco casualmente e que o recebeu para lhe indicar o endereço da EDP[ler JN]... Qual é a crise?
Eu farto-me de fazer isso, tanto cá como no estrangeiro, e os leitores certamente também. Quando não sei a morada de alguém aquilo que logo me ocorre para ficar informado é ligar para um banqueiro. Se estiver em Lisboa também uso o número de telefone do 1º. Ministro ou o do Presidente da República. Já fui várias vezes ao Palácio de Belém falar com o Cavaco para lhe perguntar as horas e até estou a pensar ligar ao Sócrates para me dar um prognóstico do próximo Benfica-Porto, só para o enervar. É assim, tu cá, tu lá. As mordomias protocolares acabaram.
Também não percebo a intolerância do povo só por a RTP ter o hábito altruísta de escancarar as portas aos poderosos e permitir-lhes que se defendam em plena fase de investigações judiciais. Qual é? A RTP não faz isso com todos? Não? Não fez com o Carlos Cruz, com o Dias Loureiro, com o Vale e Azevedo e a toda aquela ilustre equipa de pedófilos? Porque é que nos indignamos?
O Mundo é de facto cruel, mas a RTP não, é generosa e tolerante. Tanto acarinha os poderosos, como se esforça exaustivamente por nos convencer que também eles são povo...

6 comentários:

  1. Ó Rui, a sua ironia mata-me!

    Um abraço e bom fim-de-semana

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  2. Veja lá meu amigo, os portistas são úteis é com boa saúde. Pelo menos espere até à nossa vitória na casa dos lampiões...

    Bom fim de semana para si também e um abraço!

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  3. Acabei de ver e ouvir numa tv de lisboa que Pinto da Costa foi pela 3ª vez ilibado num qualquer "caso" cozinhado pela Maria José.
    Sapo difícil de engolir mesmo se embrulhado em "Alfacinha"

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  4. É verdade Isabel, a esse, nem com «lentes de aumento» conseguem condená-lo, mas vontade não falta

    Cumpts.

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  5. Rui, realmente a RTP faz o papel de... guardanapo. Vai lá tudo, certamente a tv e quem lá vai convencidos de que pela televisão se faz o julgamento popular.

    Não foi isso que o major Valentão disse uma vez à Judite.

    E sendo a Judite, a capacidade investigativa e argumentativa não é suficiente para convencer todos da inocência do "convidado"?

    Ainda falam dos paineleiros... Os "convidados" saem-se muito melhor.

    E, como uma vez, há tempos, aqui lhe fiz a observação:
    - quantos "jornalistas do Norte" não estão em Lisboa, em posições de chefia de OCS, particularmente nas tv's? Já se deu ao trabalho de os contar e ver quem são? Elas, especialmente as donas, até se mudaram de... estado civil. Foram para lá arranjar casinha. Competência de co.., disseram já há muitos anos. Saíram do M. Virgem e perderam a inocência na capital.

    E esta, hein?!...

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  6. E você Zé Luís não tem lido o que tenho escrito sobre o assunto?

    Foram dezenas os posts que escrevi a lamentar a volta de 180º que muitos jornalistas do Norte descrevem quando chegam a Lisboa!

    Por que é importante para si dar-me ao trabalho de os contar? Já me basta um desgosto, quanto mais dar-me ao trabalho de os multiplicar!

    O Zé Luís tem de fazer um esforço para transmitir o quer nos seus comentários, porque da forma como o faz, deixa sempre a sensação do NIM...

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