12 outubro, 2010

Um Trio à Defesa

A importância que atribuo a programas como o "Prós e Contras", em termos de interesse público, já foi aqui devidamente escalpelizada: é, zero! Já no que respeita aos promotores (RTP) e aos convidados, o interesse, como se imagina, é muito e recomenda-se...

Por mais de uma vez referi, que este tipo de programas funciona como uma lavandaria para os poderosos. Está para os políticos e para os donos do grande capital como o confessionário está para os praticantes católicos. A Fátima [o nome não engana] Campos Ferreira desempenha o papel de Padre, sendo o estúdio itenerante da RTP   uma espécie de Confessionário,aberto e despudorado, como aberta e despudorada se tornou hoje a dignidade das pessoas.

O Prós e Contras pouca mais serventia tem do que isso,  além de permitir restaurar na praça pública os níveis de credibilidade dos protagonistas. A plateia faz parte do cenário para emprestar ao programa a autenticidade que lhe falta de raíz.

O mote desta vez foi a crise política [como se alguma vez Portugal tivesse vivido sem ela...], mas podia ser outra crise qualquer. Tudo, menos uma boa razão. É só ligar para o Telejornal, contabilizar a predominância das más notícias e compará-las com as boas e ficamos a saber com quantas letras se escreve a palavra optimismo.

Mas nem tudo é mau... O Dr. Mário Soares, por exemplo, sempre que aparece a falar,  ensina-nos algumas coisas transcendentais sem as quais seríamos incapazes de compreender a crise. Disse-nos [sic] que "se não conseguirmos reduzir o défice externo, público e privado, apertando o cinto aos portugueses, não poderemos sair da situação de crise em que vivemos. Se não houver entendimentos entre os dois partidos (PS e PSD), vão entrar em ataque feroz contra nós".

Talvez a idade já não lhe permita apontar o dedo e nomear os responsáveis por esta e todas as crises, e é pena, porque assim ficámos com a impressão que nos está a incluir no rol imenso dos[ir]responsáveis, e nesse caso, poderíamos exigir o retorno - com retroactivos - das competentes remunerações [aposentações incluídas] que muito jeito nos daria... Também se esqueceu de especificar a que portugueses se referia que "iriam ter de apertar o cinto", não vá o ilustre dinossauro ser incluído no exército de compatriotas obrigados a fazer uma dieta sem contraditório... Falou também em "ataque feroz", mas não valia a pena, porque nós já o estamos a sofrer. Foi-nos inflingido há muitos anos, e ao contrário de Mário Soares sabemos quem são  os agressores  e onde estão...

Jorge Sampaio, qual iluminista, exorta os portugueses a fazerem do país uma espécie de recuperador-mor de crises para o Mundo aplaudir, e apela ao bom senso que os verdadeiros responsáveis pela crise não souberam nunca ter. Lindo!

Ramalho Eanes [o mais respeitável dos três ex-presidentes], diz que "dá a impressão que os governos têm medo da sociedade civil e, por isso, escondem". Não, não, está muito enganado. Os governos não só não têm medo, como não têm respeito pela sociedade civil, caso contrário governavam, ou, na impossibilidade de o saberem fazer, demitiam-se, coisa que não fazem. Por isso, são duplamente irresponsáveis. E não apertam o cinto... Mas que raio de moralidade é esta, cavalheiros? Tão fácil, tão cinicamente cómoda!

Senhores ex-Presidentes da República, aqui  vos deixo um bom conselho: recolham-se, remetam-se ao silêncio e procurem descobrir por que é que uma Democracia permite tão repetida e duradoira incompetência.

Se souberem a resposta, falem com o sacristão, perdão, com a Fátima Campos Ferreira, e revelem-na ao povo na sacristia, ou melhor, à sociedade civil no Prós e Contras.

5 comentários:

  1. "OS TRÊS DA VIDA AIRADA" Tótó, Ranheta e Facada.
    Bem remunerados, bem tachados e bem tratados.
    Um foi o "Campeão das Medalhas"; medalhava putas, azeiteiros e afins tudo que passasse à porta! menos o FCPorto.
    O outro o "Despesista" passava a vida a foder dinheiro aos contribuíntes com saídas ao estrangeiro levando grandes trupes de amigos fazendo autênticas excursões de turismo. O outro militarista de carreira, nem foi nem deixou ír "sempre como dantes quartel em Abrantes".
    O povo depois de estar a ser gamado, como está... neste momento já não tem pachorra para ouvir estes cromos.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO

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  2. Estes programas fazem parte da propaganda militar que este novo regime pós-25 de Abril instituiu. Não temos um ditador, mas andam por cá alguns escamoteados.

    Agora começam a aparecer e a dizer as coisas à descarada, como o Almeida Santos, os vários Ricardos do PS, etc, etc. Mas os do PSD não são diferentes.

    Enfim, uma vergonha. Mas cola bem, porque o povo, apesar de ter cursos, continua burro, não pensa, porque custa muito puxar pela cabeça. Assim sendo, papa as novelas todas que dão e esta propaganda, ainda por cima paga por ele.

    Só gostava de poder decidir o que fazer com os descontos que faço. Não me importava de não ter reforma do estado. EU tratava de preparar a minha reforma, não eles. ELES estão a *preparar* a minha reforma. Quando lá chegar vai ser zero. É isso que nós vamos ter no futuro. E só temos de agradecer a estes senhores.

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  3. O povo é sereno, arranja sempre mais um furo no cinto para apertar e como é assim, eles usam e abusam, fazem o que querem e sobra-lhes tempo.

    Um abraço

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  4. Este tipo de comentario, dá-me pena.... a onde está aquela gente
    que descia a rua Sº António com
    calhaus na mão para a policia ???? ~
    aqueles que na praça da liberdade
    tentava incendiar os carros da policia??? uma tritesa, vivem todos do rendimento de inserção social, e é este, o meu povo? a minha gente ?
    acabou!!! foram todos comprados!!! meus amigos, espero que a barriga comece a pensar, para vocês serem heróis de uma pequena revolução.
    Portista e tripeiro e que trabalha.

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  5. Replica,

    Refere-se a que comentário exactamente?

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...