15 outubro, 2010

Crónicas do Grande Porto II

A austeridade não devia ser para todos (e não é)


Autor : Manuel Queiroz - Director do Jornal i
E-mail : manuel.queiroz@grandeportoonline.com
Data : 15-10-2010

O problema da austeridade é que não sabemos viver com ela. Diz o dr. Almeida Santos: “O povo tem que sofrer as crises como o Governo as sofre”. Temos também esse eminente deputado Ricardo Gonçalves, por Braga, e também do PS, que assegura que “o vencimento de deputado não dá para tudo”.

Ora, supomos todos que o vencimento de deputado não dá para ter um Ferrari, ou para ter uma casa no Mónaco. Os deputados vão sofrer cortes no salário, o que é pena para os Ricardos Gonçalves deste País, mas foi decidido pelo Governo que o nosso bom deputado presumivelmente apoia. É a terceira vez que está na Assembleia da República e por isso já sabia o que lhe podia acontecer. E se tem onde ganhar melhor a vida, tem um caminho fácil. O País não chorará a sua perda. É capaz de ser difícil arranjar alguém melhor, mas igual há, de certeza absoluta.

O dr. Almeida Santos não foi brilhante, por uma vez, com as palavras. O povo tem que sofrer como os governos, disse o presidente do Partido Socialista. Eu preferia que o Governo tivesse que sofrer como o povo, para ver se aprendia o que é realmente sofrer, porque obviamente o dr. Almeida Santos não sabe. E o que é mais injusto é que o Governo foi capaz de andar até à véspera de cortar os salários a dizer que estávamos a sair da crise mais depressa do que os outros. Há coisas que são imperdoáveis para um político e este ano de 2010 sepultou toda a credibilidade que o nosso Primeiro-Ministro podia ter. Não foi só neste ano, mas hoje ficou exposto sem poder cobrir-se com um véu.

Estes expoentes da nossa classe política só mostram que a coisa está mesmo preta. Muito, muito preta.

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