13 junho, 2011

O Norte não tem elites. Teve


Terreiro do Paço, símbolo do centralismo apátrida
Muito se tem escrito sobre as elites do Norte e do contributo que, por cobardia ou simples oportunismo,  deram para o agravamento das políticas centralistas levadas a cabo pelos governos, alternados por PS e PSD/CDS.

Como diz o povo, quem cala, consente. Foi praticamente em silêncio, ou apenas com tímidos sinais de desagrado, que as elites locais seguiram as políticas de autêntica terra-queimada contra o Norte, levadas a cabo todos estes anos [e já lá vão muitos], por governantes irresponsáveis cujas consequências ultrapassam a própria crise económico-financeira.

Foram os governos mais recentes, através dos seus multi-facetados canais de propaganda e de práticas políticas hiper-centralizadas, que tudo fizeram para criar nos nortenhos um sentimento de discriminação ainda mal assimilado. O feed-back das redes sociais, deste blogue e da própria comunicação social, dizem-me que, por enquanto, é mais no campo clubístico, no desporto, e no futebol em particular, que os nortenhos sentem essa discriminação negativa por parte do Terreiro do Paço.

Infelizmente para o Norte, as massas ainda estão muito afastadas da política e as elites da região, de elites, só têm o nome. Nos tempos que correm, é um perfeito anacronismo continuar a falar-se em elites, e ao mesmo tempo um revés para a Democracia, se pensarmos que as elites eram mais empreendedoras e politicamente mais interventivas, durante a ditadura. O Porto, em Democracia, perdeu quase tudo e pouco ou nada ganhou. A excepção, diga-se, é curiosamente, a instituição que mais tem sido atacada pelo centralismo, e que tem saber e coragem para lhe bater o pé: o FCPorto... O slogan usado por Pinto da Costa, contra tudo e contra todos, nunca foi tão premente como agora.

Bastaria lembrarmo-nos também da quantidade de organismos que, a partir do 25 de Abril de 1974, ou desapareceram, ou foram "desviados" para Lisboa. Isto, é um ultraje, tanto para a própria Democracia, como para as ditas "elites" locais, que abdicaram de reinvindicar politicamente, por obediência a lógicas seguidistas similares às dos políticos nortenhos, que uma vez chegados ao poder, foram incapazes de impor uma política de governação desconcentrada.

Hoje, Rafael Barbosa do JN, descreveu, e muito bem, mais um ataque desavergonhado ao Norte, a todo ele, "elites" incluídas... Dos 600 milhões de euros disponíveis da UE para financiar a linha do TGV, entretanto renegociados, por efeito da troika, não vai haver nada para a Metro do Porto. Nem tão pouco se sabe para onde vão esses milhões.

E, como disse o cronista, provavelmente, nunca o saberemos. Chama-se a isto, transparência, coisa de que todos os políticos gostam de falar, mas que abominam colocar em prática.
  

4 comentários:

  1. O Norte não tem e não vai ter, pelo andamento que isto leva, não vamos ter hipóteses. Vem aí mais do mesmo e ninguém levanta a voz contra a pouca vergonha.

    Um abraço

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  2. saíu o Ali Babá, mas ficaram os ladrões.

    Enquanto o Honesto presidente da cidade, andar preocupado com os popós!?- Não há nada que lhe tire o sono, porque ele faz parte do mesmo.

    A merda é a mesma, mas varejas são outras.
    O 25 de Abril foi feito para os políticos, que só querem o poder para se governar, a eles e aos amigos.

    Aqui não há sentido de Estado, Nação ou País. Sempre roubar para o mesmo lado,a muitos anos: sentido, Lisboa capital do Império.
    Mas eu nem quero acreditar que isso seja verdade!...

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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  3. Durante muitos anos, as pessoas do Norte tinham bairrismo, amor à sua terra, usos e costumes, valores e por aí fora que eram seus.Depois, para não lhes chamarem "provincianos" em Lisboa ou na sua comunicação social passaram a falar, a vestir-se e a ter os mesmos gostos (principalmente desportivos)o que redundou numa autêntica colonização de muitos nortenhos, fosse das "elites" que se começaram a calar e a aceitar, sem reclamar, o centralismo e colonialismo lisboetas até na linguagem quotidiana tal como as camadas mais populares.Ouvir os locutores e actores das séries televisivas das televisões lisboetas que por serem de lá ou lá vivem falam e usam os termos desse zona, provocou uma grande mudança nas palavras usadas no Norte e no resto do país, substituindo as palavras de cá por esses termos e expressões lisboetas; no vestuário, alimentação, hábitos e outros exemplos encontramos a mesma realidade.Os políticos eleitos pelos distritos do Norte quem são? Basta olhar para as listas do distrito do Porto do PSD, PS e CDS e encontramos lisboetas e muitos de cá que nunca abriram a boca no parlamento para defenderem o Porto e o Norte e alguns são deputados há muitos anos. Com gente dessa, como querem que se defenda a nossa cidade e região? Se não são de cá nem cá vivem claro que não sentem nem conhecem os nossos problemas e, lá em Lisboa, se falarem nisso são logo criticados e não têm estofo nem coragem para defender a nossa região. A verdade é que, antes do 25 de Abril e durante o PREC, o Norte era a região mais rica de Portugal e agora é a mais pobre, com tantos roubos e desvios de verbas para a zona da capital e para o sul.E, depois do referendo de 1998, aumentou ainda mais essa política discriminatória, pois o seu resultado foi visto como uma vitória do centralismo.
    Exemplos não faltam: para onde foram as sedes dos bancos e os principais lugares nessas instituições que estavam no Porto? Para onde tiveram de ir muitos quadros superiores que viviam no Porto e foram colocados em Lisboa, como alguns que eu conheço. Amanhã vai mais um, engenheiro civil, colocado num arredor de Lisboa pela sua empresa.
    Fecham-nos balcões dos correios, centros de saúde, maternidades, linhas férreas, transportes públicos e muitas outras estruturas e, no Norte, cada vez vivemos pior e mais pobres, com salários cada vez mais baixos enquanto os gestores, acessores e outros ao serviço do estado ou de empresas estatais ou público-privadas se enchem cada vez mais!
    Ora isto tem de acabar, a bem parece que não vamos lá, por isso, se calhar, teremos de optar por formas mais drásticas para defender o Norte e Portugal!

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  4. Zangado:

    se eu fosse político, provavelmente estaria agora a dizer-lhe que o seu comentário é demagógico, etc. Como não sou, cabe-me o dever de o felicitar pela seriedade da sua análise. É purinha da silva :-)

    Poderá ler num conhecido blogue portuense, como pensam algumas cabeças do burgo, quando sentem ameaçados os seus interesses particulares. Não resisti, e respondi como a alma permitiu...

    O link é este:

    http://www.porto.taf.net/dp/node/7792

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...