Os tempos que correm são tão inintelegíveis e sinistros que me amplificam a compreensão sobre determinado tipo de reacções de alguns comentadores mais precipitados. A sobrecarga de informação negativa que nos entra pela casa, é tão avassaladora, que nos altera a disposição, por mais que tentemos evitá-lo. Porém - será bom lembrá-lo -, um blogue, sendo um espaço livre de comunicação e de opinião, não tem a obrigação de propor alternativas, ou muito menos soluções para os problemas do país, que são muitos, como sabemos. O que não quer dizer, que não o possamos fazer [e já o temos feito], em casos pontuais. Mas não é esse o nosso papel. Às vezes, as pessoas esquecem-se disso, e fazem certo tipo de comentários que mais parecem dirigidos a deputados ou ministros. Ora, nós não somos, nem uma coisa, nem outra.
O que nos devia incomodar a todos, era sim, esta paranóia que nos andam a impingir, 24 sobre 24 horas, com programas e debates, com participação de antigas figuras governativas, cujas competências técnicas, e sobretudo políticas, não foram para além do sofrível, face à ineficiência reflectida no nível de vida global da população. Nunca fomos capazes de sair da cauda dos países mais atrasados da Europa, e quando nos tentaram fazer querer no contrário [estou-me a lembrar do oásis de António Guterres], era mentira. O que agora está a acontecer, a nível de endividamento público, começou há muitos anos, e desde então, não houve um único governo capaz de o impedir, ou no mínimo, de o assumir. Tudo estava bem. O Sócrates foi apenas um clone extremado daquilo que outros fizeram antes, incluindo o actual Presidente da República.
Aquilo que tem orientado as minhas críticas, mais do que a discriminação concertada ao Norte, é a pobreza de uma Democracia que nos impede de intervir activa e eficazmente junto dos organismos públicos sem necessidade de passar pela militância política. Por outro lado, a vontade popular de intervir na coisa pública é diminuta, receosa mesmo, e ainda com muitos fantasmas do passado.
Num país á beira da bancarrota, é inexplicável e um tanto provocante para o povo, que haja tanta gente a dar pareceres sobre política económica e com tanto tempo disponível para gastar em televisão, sem contudo daí se retirar qualquer benefício concreto para a comunidade. Diariamente, somos bombardeados com todo o tipo de debates onde o grande público praticamente não tem lugar, a não ser [ e só em certos casos], como espectador. A oportunidade é invariavelmente dada aos infractores, àqueles que se distinguiram pela repetição de outras incompetências, quando o que se lhes exigiria era uma sóbria remissão ao silêncio, ou na melhor das hipóteses, a assunção dos próprios erros. Mas não. Continuam soberbos, a ser tratados pelos media como autênticas vedetas, como pessoas altamente qualificadas...que não são.
Como querem então que sejam os bloguers, ou mesmo os jornalistas, a apresentar soluções? Não estaremos nós a inverter os papéis? Não tarda nada, pedem-nos que governemos gratuitamente. Só falta mesmo, é mandarem-nos levar a «politólogos/ex-políticos» como Marques Mendes e Rebelo de Sousa, o cheque do ordenado aos estúdios de televisão, onde já estão a receber uma boa avença.
Haja lucidez, porque no ar anda confusão a mais.
PS-Recomendo a leitura deste post. É um caso típico de um cidadão comum, mas lúcido e com ideias bem estruturadas, que de vez em quando não se limita a criticar: propõe. O que resta saber, é se num país cujos governos são autênticos mares de ignorância e desperdício, propor publicamente soluções inteligentes, não será o mesmo que dar pérolas a porcos...
Haja lucidez, porque no ar anda confusão a mais.
PS-Recomendo a leitura deste post. É um caso típico de um cidadão comum, mas lúcido e com ideias bem estruturadas, que de vez em quando não se limita a criticar: propõe. O que resta saber, é se num país cujos governos são autênticos mares de ignorância e desperdício, propor publicamente soluções inteligentes, não será o mesmo que dar pérolas a porcos...
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