31 julho, 2011

Vickings e tripeiros...


É com mal contido desgosto que o digo, mas o Porto, já não é o que era. E quando digo o Porto, refiro-me não apenas à urbe, mas sobretudo à sua gente. Pobres e ricos, plebe e burguesia, incluídos... Se o povo do Porto perdeu a fibra, aquela fibra que  o fez  tripeiro e solidário, a classe que dele mais se aproveita, perdeu completamente o sentido da dignidade. Há quem veja nesta "metamorfose" um sinal dos tempos, uma adaptação a novas realidades, mas tal, mais não é do que uma forma sofisticada de desculpabilizar a falência dos valores éticos. 

O capitalismo global de hoje, juntamente com os reality shows e a velocidade de comunicação, imbecilizaram os povos, tornando-os pouco exigentes com os seus líderes, tendo como resultado a ascensão dos maus governantes. Escapam, ou pelo menos, não foram [ainda] totalmente contaminados por esta pandemia de boçalidade, os escandinavos e outros povos  pouco mais a Sul. O clima frio e agreste, a par de um irrelevante indíce de imigração, comparativamente com outros países, ter-lhes-à dado uma noção solidária da sociedade, o que simplificou uma melhor assimilação da Democracia representativa. Isto, apesar no passado gozarem  da má fama dos brutos e selvagens vickings...

Nós, também tivemos os nossos "vickinguezinhos", espalhámos à nossa maneira a "barbárie" pelo Mundo; descobrimos e invadimos outros povos, e as tripas, de que muito nos orgulhámos, deram uma grande ajuda, embora continuemos a legitimar a nossa violência e a diabolizar a de outros países. É um costume muito portuga.

De qualquer maneira, a História dos povos, do passado longínquo, está longe de ser um tratado de bons costumes, o que não a esvazia forçosamente de positivismo e valentia. É sob essa perpectiva que ainda sinto orgulho em ser tripeiro. Mas, tal como com a nossa História, é um sentimento de orgulho remoto. O que importaria agora era restaurá-lo, transferi-lo para a contemporaneidade e trabalhá-lo para o futuro. Os portuenses de hoje, orgulham-se de avulsos sucessos institucionais e privados e, sobretudo, dos êxitos desportivos e financeiros de um clube de futebol: o FCPorto. De resto, e em abono da verdade, o Porto não tem hoje uma população coesa, nem um Presidente de Câmara de que se possa orgulhar. Vive dos feitos do passado, sem ousar copiá-los na actualidade...

Nos últimos anos, o Norte, genericamente, e o Porto em particular, tem sido humilhado, desprezado e literalmente roubado pela acção irresponsável e arrogante de sucessivos governos ultra-centralistas, sem que tal tenha gerado uma reacção de espontâneo repúdio da parte das suas gentes, das mais humildes às mais habilitadas. Nem mesmo a torpe perseguição movida ao ídolo Pinto da Costa, gerou uma reacção forte de indignação. Limitaram-se [e limitam-se], a comentários de café. As elites acomodadas [deixem-me rir], remeteram-se a um silêncio cumplíce e cobarde, nunca antes visto, a ver para que lado pendía a balança dos conspiradores. Nem mesmo uma petição pedindo a irradicação dos responsáveis da RTP pelo trabalho desonesto e sectário contra o FCPorto, ajudou a despertá-los.

Esta gente do Porto, que tanto se diz orgulhar, por ser tripeira, até tem medo de assinar uma simples petição! As SCUTS foram portajadas exclusivamente a Norte, e salvo meia-dúzia de bons voluntários, todos baixaram a cabeça, ricos e pobres. Tripeiros? Quantos ainda sobrarão?

Pode ser que os Galegos façam a diferença... 

2 comentários:

  1. Os tripeiros agora querem é pirar-se para a capital, o rio é um bom exemplo, está mortinho por pôr pés ao caminho.

    Nojo, um profundo nojo é o que sinto em relação a muitas situações em que as pessoas são roubadas, vêem quem é o ladrão, perfeitamente, mas não reagem...

    Um abraço

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  2. Numa entrevista à TVI.
    O Alcaide (cromo) do Porto disse:
    ...O CORTE INGLÊS NÃO FICOU NO PORTO PORQUE EU PRETENDIA QUE ELE FOSSE PARA A BAIXA, EMBORA OS COMERCIANTES NÃO QUISESSEM, MAS EU ACHO QUE SERIA MELHOR...

    Grande democrata, grande democrata. Ele acha... não os comerciantes.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...