Só a partir de Janeiro é que podemos ficar com uma ideia da nova linha editorial e programática do Porto Canal, que, como bem sabem, passou a ser gerido pelo FCPorto desde Agosto último. Entretanto, a avaliar pelo crescente número de figuras públicas simpatizantes da Regionalização que ali têm participado em debates e telejornais, espera-se que a Direcção saiba corresponder às expectativas dos nortenhos e passe a dar mais atenção aos seus problemas e necessidades, que foi coisa que nenhum dos canais sediados em Lisboa [incluindo a estação estatal RTP], fez.
Lamentavelmente, habituados que estamos às piruetas dos governantes, com efeitos secundários em muitos cidadãos, entre os quais se destacam certos jornalistas, talvez seja o momento de recordar as palavras de Domigos de Andrade, actual Director de Programação e Informação do Porto Canal:
A gestão do Porto Canal “vai estar assente em 2 pilares”, considera Domingos de Andrade: a informação e programação não desportiva por um lado e a desportiva por outro, com Rui Cerqueira a assegurar esse campo, estando prevista uma maior cobertura de diversas modalidades desportivas do FC Porto.
“É um canal generalista, sendo que tem uma missão específica a nível desportivo. O FC Porto quer aproveitar uma estrutura existente para dar à região Porto e Norte do país uma voz, que [hoje] é diminuta. E é uma oportunidade para a região”, declarou Domingos de Andrade. Podem ler o texto restante aqui.
Como é legível, Domingos de Andrade, embora sem usar a palavra "regional, ou regionalista", falou simultaneamente em "canal generalista", e em "dar à região Porto e Norte uma voz, que (hoje) é diminuta". Não me interpretem mal, até porque, como acima disse, só depois de Janeiro poderemos ficar com uma ideia precisa sobre o rumo que o canal pretende seguir, mas no contexto da realidade nortenha actual, a expressão "generalista" assusta-me um bocadinho. Se por generalista entendermos uma televisão de conteúdos diversificados, com informação de carácter regional e nacional, com programação diferente mas de qualidade, avessa ao lixo do que se produz em Lisboa , de desporto, claro, mas com um cunho acentuado de rigor e [por que não] com alguma originalidade, então, não haverá razões para alarmes. Agora, se "generalista" significar mais do mesmo, e com a mesma gente, aquela que o país profundo conhece de gingeira, mesmo sem querer, então sim, teremos entornado o caldo e a decepção estará instalada.
Será justo reconhecer, que a anterior direcção, apesar de ter pertencido a um espanhol [Juan Figueiroa], e de não dispor de grandes recursos técnicos e financeiros, conseguiu fazer um trabalho notável, quer em termos de descentralização, quer de programação, coisa que a nado-morta NTV, com portuguesinhos, nunca logrou fazer... Há programas que vêm da anterior Direcção que devem ser mantidos, e vamos acreditar que será isso que irá ser feito. Mas, outros há, como o "À conversa com Ricardo Couto" [e isto não tem nada a ver com o apresentador], que não podem continuar, pelo menos nos moldes do actual figurino, onde os entrevistados nada trazem de novo, porque são figuras por demais conhecidas do grande público, que nada acrescentam de verdadeiramente relevante à programação e ao público nortenho.
É claro que o que atrás escrevi presta-se a muitas as especulações. Maldosas... O meu discurso perturba alguns, eu sei. Na óptica subserviente de alguma gentinha de cá, e de lá [de Lisboa], co-responsável pelos progressivos abusos dos governos centralistas, e pela infame discriminação lançada à própria região, o que eu quero propor para o Porto Canal, é coisa de "provinciano", ou de quem quer criar uma guerra norte/sul, e coisas do género. Eles sabem bem que o "filme" é ao contrário, mas como cínicos que são, fazem de conta que não percebem que nos estão a maltratar e a chular, como proxenetas.
Muita dessa gente, são políticos e figuras do Norte, certos empresários e jornalistas, que em vez de se unirem, de reclamarem tratamento igual para o Norte, de se submeteram, sem resistência, ao centralismo, adoptaram para si os "valores" e os preconceitos da capital, e censuram quem não lhes segue o passo.
Isto não se trata de ficção, é assim mesmo. Direcções de jornais do norte em Lisboa [Público], edições Norte/Sul no Jornal de Notícias, estações de rádio locais desactivadas, sedes de bancos levadas para a capital , companhias de seguros, instituições públicas, verbas do QREN desviadas para Lisboa, enfim, nada disto tira o sono àqueles que a esta hora estão a chamar-me radical, ou coisa parecida, apenas porque reclamo o tempo, o espaço e a liberdade que nos são devidos.
Isto não se trata de ficção, é assim mesmo. Direcções de jornais do norte em Lisboa [Público], edições Norte/Sul no Jornal de Notícias, estações de rádio locais desactivadas, sedes de bancos levadas para a capital , companhias de seguros, instituições públicas, verbas do QREN desviadas para Lisboa, enfim, nada disto tira o sono àqueles que a esta hora estão a chamar-me radical, ou coisa parecida, apenas porque reclamo o tempo, o espaço e a liberdade que nos são devidos.
Regressando ao tema Porto Canal, o que ambiciono para a região, é uma televisão gerida por Homens determinados, que se saibam soltar das amarras do centralismo e se dediquem ao Norte [não só ao Porto] e às suas gentes, a tempo inteiro. Que sobre política, procurem colher impressões de novos protagonistas, e que esqueçam aqueles que andam há anos a cirandar nos canais da capital, incapazes de promover a ruptura com a escloresada política centralista e de apresentarem novos caminhos para governar a sério o país. Se é para imitar o que se faz em Lisboa, não vale a pena, nós não precisamos.
O Norte será tanto mais forte quanto mais cedo se livrar da influência nefasta centralista, e não é chamando ao Porto Canal pessoas que corroboraram e foram cumplíces do regime que o conseguiremos. Lá mais para diante, daqui a uns anos, quando a região e o país estabilizarem, então abram devagar, e com cautela, as portas do canal à capital, e ao Sul, porque até hoje, de lá para cá, as portas sempre estiveram fechadas. Além disso, o masoquismo pode até ser uma expressão de prazer, mas não deixa de ser um prazer humilhante...
PS-Este post foi enviado, hoje mesmo, para o FCPorto e Porto Canal
O Norte será tanto mais forte quanto mais cedo se livrar da influência nefasta centralista, e não é chamando ao Porto Canal pessoas que corroboraram e foram cumplíces do regime que o conseguiremos. Lá mais para diante, daqui a uns anos, quando a região e o país estabilizarem, então abram devagar, e com cautela, as portas do canal à capital, e ao Sul, porque até hoje, de lá para cá, as portas sempre estiveram fechadas. Além disso, o masoquismo pode até ser uma expressão de prazer, mas não deixa de ser um prazer humilhante...
PS-Este post foi enviado, hoje mesmo, para o FCPorto e Porto Canal
A confirmar-se a entrada do Juca Magalhães é um óptimo sinal de trabalho de qualidade e de saber.
ResponderEliminarPorém, temos que ter consciência das dificuldades dantescas que vão surgir para imprimir uma programação de bom nível e consentânea com os interesses nortenhos.
Reparemos que o grande êxito nacional do momento das TV's portuguesas é um escarro chamado "Casa dos Segredos". A verdade é que é disto que o povo gosta. O Porto Canal vai ter que subir muito as audiências para conseguir mais publicidade e, por consequência, chegar à autonomia financeira. Não cobra taxas encapotadas no recibo da luz, nem recebe subsídios estatais disfarçados das mais diversas formas (publicidade indirecta, filmes temáticos, etc.).
De qualquer maneira é um projecto que merece o nosso apoio, em especial de todos os que sentem fundo a cidade e a região em que nasceram e vivem.
Rui acho bem os alertas e todas as chamadas de atenção, eu como já disse, vou esperar, acreditando que o Porto Canal não vai ser mais do mesmo.
ResponderEliminarAbraço
Caro Zé,
ResponderEliminaro que você diz é verdade, vivemos numa época onde se explora à exaustão a ignorância do povo,com dogmas viciados em que se procura manter a inevitabilidade de que se deve dar ao povo aquilo que ele quer, mesmo que o que ele "quer" seja lixo. Esta ideia trás outra adjacente que é que "a cultura não vende",por isso manter as populações embrutecidas é a palavra de ordem. Mas algum dia terá de ser invertida esta "realidade", e a única maneira é oferecer ao público uma mistura bem doseada de "laser/espectáculo" com boa cultura. Eu acredito que se pode conquistar audiências com produtos de qualidade. Leva mais tempo, mas é possível. O Porto Canal pode ser o pioneiro, tem muito por onde fazer a diferença. Basta querer.
Miguel,
ResponderEliminarhá prioridades e prioridades...A "cena" que lhe assiste é mais do que isso.
Parabéns!
Espero, que entre alguém que arrume a casa.
ResponderEliminarVarrer os programas sem gosto, ou seja da treta.
Vassourar a vermelhada que por lá anda.
E que os programas desportivos do FCP, sejam mais ambiciosos, com bons profissionais. O painel de convidados residentes do FCP sejam revezados, para não se estar ouvir sempre os mesmos.
Felicidades para 2012 ao FCP e ao Porto Canal.
O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO