06 julho, 2012

Humanidade e ciência


Sinais da partícula bosão

  
Que me desculpem os leitores por querer partilhar convosco as minhas inquietações, mas enquanto predominar a anarquia sobre a justiça, sobre a ordem social e continuar a verificar que não existe seriedade política para alterar esta situação não vou deixar de o fazer.

Já aqui dei o exemplo da exploração do espaço, do lançamento de satélites artificiais, das viagens tripuladas à Lua, das sondas a Marte,  e dos rios de dinheiro que se consomem nessas experiências, todas elas movidas pelos melhores desígnios [humanos, científicos, tecnológicos]. Mas, se olhamos para a Terra e continuamos a constatar que as desigualdades sociais se acentuam e que ainda há quem nela morra de fome e frio, depressa concluímos que isto não faz qualquer sentido. Como podemos nós gerir sabiamente o espaço quando não conseguimos governar harmoniosamente este grão de areia universal que é a Terra? Se tivermos alguma relutância em acreditar que todas essas experiências nascem dos melhores propósitos, nesse caso não é o exemplo de gestão terrena que pode servir de tónico.

O paradigma mais recente é a aparente descoberta de uma partícula [o bosão] segundo a qual se admite a criação da matéria, e consequentemente a origem do Universo. É fascinante sem dúvida a evolução científica da humanidade. E o que é que entretanto se vem fazendo para a evolução da própria humanidade, que mais não é que a maximização do bem estar de todo o ser humano? Vamos persistir na fórmula retrógrada, arcaica, do macro-capitalismo, versus mão de obra barata, versus exploração=miséria? Ou entregámos a Terra a cientistas e banqueiros em exclusividade, e acabamos com  todas as outras actividades? Seria possível sobreviverem sozinhos, mesmo assim? E quem sobraria para fazer as outras tarefas? É que não vejo alternativa se continuarmos a apostar na mesma qualidade de políticos e no mesmo modelo de política. O argumentário neo-liberal está-se a esgotar de dia para dia, apesar dos povos continuarem a alhear-se da política e paradoxalmente a apostarem na repetição de soluções falhadas do passado. Pois o neo-liberalismo representa esse mesmo passado, e o "neo" que precede o liberalismo é para o revitalizar, para o maquilhar da própria decrepitude ideológica,   mas o facto é que  já está em coma há muito tempo.

Não será por acaso que hoje os capitalistas preferem designar-se como neo-liberais. Até eles começaram a perceber a inanidade ideológica do capitalismo. Incapazes de se adaptarem aos padrões mais elevados de capitalismo, onde o regime apesar de caduco se vai aguentando através de uma distribuição da riqueza mais justa, de governações decentes e qualificadas [a generalidade dos países nórdicos], os empresários portugueses continuam agarrados à ideia do enriquecimento rápido, de retribuições salariais miseráveis, tentando protelar com argumentos estapafúrdios a atribuição de vencimentos mais elevados, ora por falta de competitividade, ora porque não é oportuno. Salvo raras excepções, muito raras mesmo, a regra do empresariado português é a da exploração de outrem para exclusivo benefício próprio.

Os políticos fazem parte deste puzzle de interesses e não é propriamente para o purificar, é para o tornarem mais denso e difícil de desmontar. Daí que, enquanto cidadão,  não me contentar com os diagnósticos [as televisões fazem-nos todos os dias], preciso da cura. Mas, antes da cura há que dar lugar à detecção, identificação e condenação dos malfeitores, sejam eles banqueiros, empresários, políticos, investigadores ou juristas. Finalmente, só temos é de descobrir processos eficientes e eficazes de prevenir que este tipo de gente aceda ao poder através da política, e impedir que a insanidade mental se alastre a outros e à própria sociedade.

Mas, meus caros, tudo isto só será possível no dia em que os cidadãos dispuserem de meios para destituir em tempo útil todo o governo que não cumpra com as suas promessas eleitorais [pelo menos a maioria]  ou se desvie das linhas programáticas. Só assim teremos garantias de não sermos permanentemente ludibriados. Porque, como bem sabem, eles não têm de facto vergonha, e não hesitam um segundo em nos enganar, como é fácil provar.

O que eu quero dizer em suma, é isso mesmo, que temos sido governados por traidores. E como pode um povo digno orgulhar-se de ter traidores a governar o seu país?

3 comentários:

  1. Rui, em Portugal, traidores, corruptos, incompetentes, uma cambada de meninos que se entretêm a brincar à política, perante o silêncio comprometido de sua excelência, o senhor de Boliqueime.

    Abraço

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  2. Quem é o presidente da República é libelinha Maria ou o louva-a-deus Cavaco!? - a sua popularidade é, e vai ser sempre pela negativa.
    Não havia necessidade desta palhaçada toda, do roubo que nos vão fazer nos subsídio de Férias e Natal, se este senhor PR tivesse mandado para o Tribunal Constitucional e aguardasse a resposta e não se precipitasse estupidamente com um "Sim" ao roubo.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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  3. SE ALGUÉM ME SOUBER RESPONDER, GOSTARIA DE SABER O SEGUINTE!?

    Se o Tribunal Constitucional deu como inconstitucional o corte dos subsídios aos funcionários públicos e pensionista, e que o esforço para a crise tem de ser equitativo a toda a gente. Então todos nós que vamos ser roubados por estes Incompetentes este ano, não vamos ter direito a ser reembolsados do dinheiro que nos tirarem!? ou será o que está escrito na constituição é só para o próximo ano e este ano não conta!...

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...