03 julho, 2012

Amizades impossíveis...

Já sabemos que ninguém é dono das verdades, que não podemos agradar a todos, que até aqueles com quem estamos frequentemente de acordo nem sempre pensam como nós. Contudo, em quaisquer circunstâncias, um único sentimento devia prevalecer sobre as nossas opiniões: o bom senso. E é neste ponto concreto que muito boa gente, mesmo aquela socialmente melhor cotada, se espalha ao comprido em termos de coerência.

Já me confrontei com muitos casos destes, o que me obrigou a reavaliar a opinião que tinha acerca de determinadas pessoas, principalmente figuras públicas.  E isto, aplica-se também com os outros em relação a mim, sendo certo que de figura pública eu não tenho nada [nem quero ter], excepto a exposição a que este espaço aberto de comunicação e opinião naturalmente me sujeita.

De qualquer modo, ninguém resiste a criar a sua própria opinião sobre figuras públicas, e isso tem de ser considerado normal, desde que essa opinião se alicerce preferencialmente em factores racionais mais que emocionais, embora a emoção - como escreveu António Damásio - possa ser em certos casos uma expressão de racionalidade. Dou o exemplo de Rui Rio.

Todos concordarão que os portuenses pouco ou nada sabiam dele quando apareceu no Porto a presidir à respectiva Câmara. No entanto, o seu perfil frio e pouco familiar aos portuenses, associado à hostilidade que desde logo revelou contra o FCPorto e o seu  líder, retirou-lhe desde logo margem de manobra para seduzir os eleitores mais ligados ao clube que viram nessa atitude uma forma oportunista de agradar às cúpulas do partido e com ela subir na carreira política. Eu fui um desses portuenses. E não me enganei... Quem se enganou foi Rui Rio que, não só não viu reconhecida pelo PSD  a facadinha dada aos portuenses, como foi incapaz de a ultrapassar através de um trabalho profícuo e competente ao longo dos seus mandatos. Pelo contrário, agora é o seu partido que está no governo e que não o respeita [prova-o a indiferença e a falta de consideração revelada face à nomeação do líder da Metro do Porto]. Goste-se ou não, Rui Rio desde o primeiro dia marcou irremediavelmente a sua história de fracasso à frente da Câmara do Porto.

Curiosamente, Rui Rio foi apoiado por outras figuras do Porto igualmente ambíguas e pouco dadas às coisas do povo. Miguel Veiga é uma dessas pessoas, para ele o povo também é ralé. O mesmo "ilustre" [e rico] advogado do Porto que foi recentemente acusado pelos tribunais de plagiar um texto do professor Sousa Dias... Curiosamente também, nunca apreciei os dotes intelectuais e políticos desta personagem e ainda menos a forma como os exibe. Há um não sei quê de vaidade exacerbada e pedantice que me desagrada nele - tal como Ronaldo -, embora o narcisismo deste seja mais fácil de digerir, considerando a notoriedade internacional que conseguiu granjear, coisa que o advogado portuense alguma vez conseguirá nos seus escritos. 

Estranho para mim, foi ver Rui Moreira a fazer no JN a defesa de Miguel Veiga  sobre este caso de plágio só porque é amigo dele... Que diabo, o facto de Miguel Veiga dizer que não plagiou, de querer contrariar a decisão do tribunal e dela tencionar recorrer é tudo menos surpreendente. Todos, culpados e inocentes, costumam recorrer das sentenças, sobretudo os culpados e poderosos. O que surpreende é que a amizade comece a banalizar-se quando achamos que a devemos defender só porque o acusado é das nossas relações. Também nunca compreendi porque é que os "amigos" de Carlos Cruz achavam que ele estava inocente dos crimes de que era acusado só porque se tratava de um amigo. Eu, em situação idêntica, limitar-me-ia a deixar correr as investigações e a prestar-lhe a minha solidariedade como amigo em privado, se assim o entendesse. 

E é por ter simpatia e apreço por Rui Moreira que acho que estas 3 personagens não ligam todas lá muito bem. Entre Rui Rio e Miguel Veiga encontro muitas afinidades, já com Rui Moreira, só se forem as da porca da política, que tudo consegue, até criar amizades impossíveis.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...