Porto Canal, no marasmo, ou a apenas a "marinar"?

A avaliar pelo flagrante vazio do tempo e espaço, principalmente aos fins de semana,  suspeito que o Porto Canal esteja a acusar os sintomas de uma outra crise, além da que vivemos.  Vendo as coisas de outra forma, talvez esteja a denunciar a falta de capital necessário para poder avançar para uma programação mais completa, qualificada e criativa. Apesar disso, por isso, e também pela política algo conformista que tem vindo a seguir,  começo a duvidar que o Porto, o Norte, e mesmo o FCPorto, venham a retirar dividendos relevantes por disporem finalmente de um canal de televisão que os represente.

Explico-me: o Porto Canal em termos de informação, parece-se cada vez mais com o Jornal de Notícias, um jornal que prefere apostar mais no crime de faca e alguidar, na revelação das desgraças  do povo, do que atacar a sério as suas causas. Poder-me-ão perguntar: então, por que é que lê o JN e até reproduz alguns artigos que lá são publicados? A resposta é simples: é porque, é o único jornal diário que ainda vai dando notícias sobre o Norte e a nossa cidade. Como jornal, até prefiro o Público, mas esse, está cada vez mais centralizado e centralista, apesar de pertencer a um nortenho sem motivações de carácter político e regional, chamado  Belmiro de Azevedo, que até já consentiu que a sede do jornal passasse definitivamente para Lisboa... Adiante.

Ultimamente, não tenho podido escrever com a regularidade que queria, mas vontade é coisa que não me tem faltado. Contrariamente ao que seria de admitir, a saturação, o desgosto de continuar a viver num país nas mãos de oportunistas e incompetentes, intensificam-me a vontade de os dizimar, de os tratar com o respeito que merecem, ou seja, com respeito nenhum. Só não consigo é entender por que é que, agora que o Norte tem um canal de televisão, não estamos a aproveitar como devíamos o buraco de ideias instalado em toda a comunicação social do país.

A nível político, a badalada crise global, parece ter feito esquecer à Direcção do Porto Canal os graves problemas provocados pelas políticas centralistas dos últimos anos,  e já quase não se se fala sobre a regionalização [os centralistas agradecem]. A nível desportivo, os media mais poderosos estão todos centrados em Lisboa, e concentrados na projecção e nas "ajudas pelo outro lado" ao Benfica, com a fanfarronice e a falta de seriedade que os define. E contudo, o Porto Canal anda a desperdiçar o tempo com as palhaçadas do Futre e os comentários politicamente correctos do José Ferndo Rio...

Em termos de debates políticos, continuamos sem saber para que público é que apontam, se para a população, ou se para os próprios políticos, uma vez que só praticamente a estes recorrem para se discutir a política que se (não) faz... Há umas excepções, é verdade, mas não passam disso. Por exemplo: continuo sem perceber o interesse que poderá ter para o povo o que se diz nos Congressos dos partidos, se estamos cansados de saber que o que se diz nos congressos e nas campanhas eleitorais, raramente é o que se faz, ou fará. Os próprios políticos [alguns, pelo menos], afirmam, com razão, mas sem grande convicção, que o que eles precisam é de restaurar a credibilidade perdida, e os jornalistas são incapazes de aproveitar a "boleia" para lhes martelar a cabeça no sentido de saber o que estarão dispostos a dar em troca [fiança] para a merecerem.

Enfim, a sensação que tenho, é que ninguém está verdadeiramente interessado em fazer política para adultos. Sim, porque no trono, ainda impera a canalha, e isto está bom é para ela.