Estará a democracia representativa em falência? Estarão os alicerces da
democracia política corroídos por degenerescências que ameaçam a sua
própria sustentação? Seja qual for a resposta uma coisa é certa: a
democracia representativa está doente, muito doente - pelo menos em
Portugal.
O que, verdadeiramente, distingue um sistema democrático de
qualquer outro regime político é o respeito pela vontade popular. Por
isso, nunca será verdadeiramente democrático um sistema político cujos
titulares se desvinculam da vontade dos que dizem representar. As piores
ameaças à democracia política são protagonizadas por aqueles que se
acham superiores ao comum dos cidadãos ou então que se julgam portadores
de verdades inquestionáveis. Os exemplos mais recentes são os
totalitarismos da primeira metade do século XX, alguns dos quais ainda
hoje persistem como fósseis de um passado de terror, enquanto outros só
desapareceram depois de cataclismos bélicos cuja memória nos interpela
como a terrível pergunta: "Como foi possível?".
Os ditadores
suprimem a auscultação da vontade popular através da imposição dos seus
axiomas políticos e exploraram com desbragado oportunismo as
imperfeições dos regimes democráticos.
Aproveitam-se inescrupulosamente
das suas fragilidades e transformam algumas das virtudes das democracias
em defeitos tenebrosos. Para qualquer ditador, real ou em potência, o
povo nunca está preparado para exercer em plenitude as liberdades ou
para escolher em consciência os seus próprios dirigentes. O povo deve
apenas obedecer porque mandar é tão difícil que só homens superiores
estão aptos a fazê-lo. As liberdades - dizem - conduzem à anarquia
social e, por isso, o povo não deve ser chamado a decidir o seu próprio
destino, antes deve ser conduzido pelas suas elites, sejam elas
iluminadas vanguardas políticas ou simplesmente um caudilho de ocasião.
Para eles, o conjunto dos cidadãos constitui uma massa ignara que serve
apenas para aplaudir e aclamar as decisões dos seus dirigentes mas nunca
para as questionar e muito menos para pôr em causa quem está nas
ingratas funções do mando. Os ditadores garantem sempre que as suas
medidas são as melhores ou as únicas viáveis, mas como o povo quase
nunca percebe isso elas têm de ser impostas.
Esta "cultura" está
hoje subjacente à atuação de muitos dirigentes políticos das democracias
formais, os quais se consideram, igualmente, portadores de verdades que
o povo não aceitaria se fosse consultado. Por isso é que as suas
verdades ou os benefícios que nos oferecem têm de nos ser impostos para o
nosso próprio bem ou para o bem geral.
Nas democracias formais já
não é o uso da força que garante a emergência e subsistência desses
iluminados, mas antes o ardil, o engano, o logro e a mentira. Esses
criptoditadores recuperaram um dos mais emblemáticos paradigmas das
tiranias, ou seja, a distinção entre a vontade e o interesse do povo ou,
se se preferir, entre o interesse geral da governação (a que também
chamam nação) e os interesses dos governados. E, tal como qualquer
ditador, dizem que a sua ação é sempre em favor do interesse geral ainda
que contra a vontade dos seus beneficiários, ou seja, de quem os
elegeu. E porque o povo raramente aceitaria a preponderância do
interesse geral é que surge essa casta de esclarecidos sempre com a
missão de cumprir um grande desígnio patriótico.
Por isso é que o
mais importante para eles é a conquista do poder, pois sabem que a
seguir tudo é permitido, tudo se legitima por si próprio sem qualquer
responsabilização. Os benefícios do poder são tão grandes para os seus
titulares (e para as suas clientelas) que vale tudo para o alcançar e
para o manter. Depois, perde-se todo o sentido da honradez e da ética
política, bem como todo o respeito pela verdade e pela vontade dos
eleitores. Aliás, para eles, a ética política está exclusivamente nas
leis que eles próprios fazem à medida dos seus interesses. São estas
situações que levam ao apodrecimento da democracia e à descrença de
muitos cidadãos nas suas virtudes. É neste ambiente de degradação ética
da política e de degenerescência moral da democracia que as serpentes
costumam pôr os seus ovos.
Nota de RoP:
Em Portugal, pessoas com a coragem e a seriedade de Marinho e Pinto, são uma minoria, o que traduz o baixo nível moral e intelectual das nossas elites. Quando ele fala, saem logo da toca, quais lobos em alcateia, os situacionistas do regime, tentando descredibilizá-lo, pensando que dessa forma regeneram a sua própria credibilidade. É mentira! Assim, apenas permitem que a máscara lhes caia.
Como se pode viver, numa democracia governada por um ditador!?
ResponderEliminarComo é possível governar 10 milhões de pessoas, mentindo todos os dias e a todas as horas!?
Estamos como estamos, porque a nossa justiça favorece os mais ricos, e condena os mais pobres.
É quase uma anarquia na segurança deste país, tantos policias não sei aonde! mas, ninguém os vê nas ruas.
Ter um presidente da Republica e não ter nada, é a mesma coisa.
Este país, continua a ser um paraíso para os Alibábás e os 40 ladrões e o resto é conversa.
O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.