12 maio, 2013

E Victor Pereira pôs-se fino [Acto I]. Vamos ao II Acto!

 Vítor Pereira chorou de alegria, Jorge Jesus ajoelhou-se no relvado



Nunca escondi o meu desagrado pelos métodos técnico-tácticos de Victor Pereira, mas  sempre tive
o cuidado de salvaguardar a seriedade que faz parte integrante do seu carácter. Mais. Se me perguntassem o que aprecio mais nas pessoas, sejam elas homens ou mulheres, é o carácter. Só a seguir é que considero as aptidões e respectivas competências profissionais. Dito isto, não é por hoje estar ainda debaixo do efeito da victória do FCPorto sobre o Benfica [que nos pode revalidar o título de Campeões Nacionais], que vou mudar a minha opinião. Já escrevi sobre isso e expliquei porquê, mas para que não hajam dúvidas sobre a justiça das minhas críticas vou fazê-lo de novo, esperando que desta feita não deixe dúvidas a ninguém, inclusivé a pessoas minhas amigas que possam ainda tê-las.

A comunicação pode não ser o aspecto mais importante de um treinador de futebol, mas para se realizar enquanto tal, suponho não ser despiciendo. Há coisas que só podem ser bem explicadas com um vocabulário expressivo, e se a este incluirmos alguma alma, ainda melhor. Regra geral, os jogadores não só apreciam, como precisam disso. Ora, este é um dos problemas de Victor Pereira. Comunica mal. Por outro lado, acreditando que o seu trabalho e a sua ideia de jogo possam ser bem estruturados e eficientes, falta-lhe acrescentar a qualidade técnica. E é aqui que levanto uma questão, porque não sei se haverá alguém capaz de lhe dar uma resposta categórica, e que é a seguinte: além dos aspectos físicos e técnico-tácticos do grupo de trabalho, não caberá ao treinador optimizar as qualidades individuais dos jogadores, principalmente dos mais jovens? Se sim, por que será que na comunidade portista é quase consensual as dificuldades dos jogadores portistas no controlo da bola, na qualidade do passe e na execução do remate? Se alguns chegaram ao FCPorto conotados de craques, por que razão terão perdido essas faculdades?

Na minha modesta opinião de treinador de bancada, a explicação, pode ser a seguinte: sendo fiel à concepção muito portista de que uma equipa se começa a construir de trás para a frente, tal como Jesualdo Ferreira fazia, Victor Pereira privelegia a defesa e aí ele é bom, pois não é essa a zona de jogo onde a técnica individual dos atletas é mais necessária, dado ser mais vocacionada para tarefas defensiivas. Nesse sector, o posicionamento e a capacidade física dos jogadores são fundamentais, e se a isso acrescentarem valias técnicas individuais, tanto melhor. Por outro lado, o rigor do posicionamento a que o sistema de jogo de Victor Pereira obriga, com o tempo, pode inibir a qualidade técnica inata dos jogadores e levá-los a cometer erros que noutro sistema poderiam não acontecer. Se não for bem gerida, a criatividade natural dos jogadores pode ser hipotecada e os aspectos físicos tornam-se mais exigentes. Daí pensar que para o sistema de jogo de Victor Pereira ser mais agradável e produtivo, seria também necessário recuperar e, se possível, reforçar os aspectos técnicos individuais.

No jogo de ontem, imperou [e ainda bem que assim foi], a vontade, a garra dos jogadores que acreditaram até ao fim, embora, salteado de momentos menos bons, mas a victória foi justíssima. Os imediatistas dirão: ah, é? então Victor Pereira não foi brilhante nas substituições [Liedson passou a bola a Kelvin que viria a marcar o golo da victória]? Correu bem, e se correu, já podemos dizer categoricamente que foi brilhante? Terá isso sido suficiente para, mesmo no rescaldo da fantástica noite de ontem, esquecermos as muitas jornadas de angústia, onde aquilo que acabei de referir atrás saltou à vista, e nos podia custar o campeonato? Para tudo, é preciso ter sorte, e se houve mérito, também não nos fica mal admitir que ontem também houve uns pingos de sorte.

Mas, atenção! Por tudo o que antes foi feito e dito pelos media centralistas, que já davam como garantido o Campeonato ao Benfica, o prazer da victória saiu redobrado para todos os portistas, e por isso se tolera a alegria efusiva de ontem. Mas, convirá não entrarmos em euforias e festejos prematuros, porque foi também por isso, que os benfiquistas ontem saíram com a "beiça" caída, e a fazer contas à vida...

Ó Victor, está ganho o 1º acto. Os meus parabéns. Agora, por favor, não me deixes fugir o 2º. e derradeiro. É que esse, vale mesmo um campeonato, é definitivo.

PS-A propósito de Victor Pereira, a comunicação social cita-o muitas vezes, como sendo um treinador mal amado. Nada mais errado. O facto de um treinador não colher a unanimidade dos afectos desportivos dos adeptos, não obriga a concluir que seja "um mal amado". O "desamor" é outro. Os jornalistas, é que precisam de criar melodramas para vender papel ou audiências. Em futebol, o amor, o desamor e o ódio, estão ligados a uma série de factores nem sempre objectivos. 

Continuo convicto, independentemente do modo fanático de ver futebol de alguns adeptos, que não deva haver um só, que não goste de assistir a um bom espectáculo de futebol. Naturalmente que os resultados são importantes, mas alguém terá dúvidas que o que todos querem são as duas coisas juntas?     

1 comentário:

  1. Ganhamos ao Benfica, mas temos que ganhar também ao Paços Ferreira, e, no sábado tivemos a 2 minutos de não ter hipótese de ganhar nada.
    Em Paços temos que jogar com mais velocidade e atitude, é o ultimo jogo e a decisão do campeonato.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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