19 maio, 2013

Ao que chegamos...


A presença [já rotineira] da troika em Portugal, não tem trazido qualquer benefício ao todo do país , mas tem sido, sem dúvida, mais nefasta aos nortenhos, porque já estavam a ser discriminados e espoliados por sucessivos governos, bem antes de ela cá chegar.

Já o disse, e repito, para que não restem dúvidas, que me recuso a aceitar como legítimos os pagamentos ao Estado de dívidas que não contraí, nem pedi. Se, lucidamente, tivermos de responsabilizar alguém, então, só devemos apontar o nome de vários governantes e  banqueiros. Motivos e razões factuais, não faltam [BPN's e seus derivantes, etc.].

Outro dos inconvenientes, além da troika, talvez possa atribuir-se ao facto de estarmos "integrados" na União Europeia. Tenho para mim, que esses dois factores podem estar a inibir a capacidade de indignação do povo, e sobretudo das próprias instituições militarizadas [forças armadas e polícia].  Só assim se entende a "tolerância" do país para tanta malfeitoria.

Observe-se também, que desde que a troika caiu  em Portugal, nunca mais se ouviu falar de regionalização. Se dúvidas houvera da falsidade de alguns dos seus defensores "assumidos" [Carlos Abreu Amorim, é o melhor paradigma], elas foram logo dissipadas. Agora, ninguém quer saber da Regionalização para nada. A reorganização administrativa do território, deve ser das poucas reinvindicações políticas menos urgentes que se conhecem, não faltando argumentos para eternizar a sua inoportunidade... A Regionalização para os políticos tem uma única serventia: conquistar votos. Uma vez atingido o objectivo, não tocam mais no assunto. É sistemático, além de vergonhoso. Por isso, não lhes tenho respeito, por isso, me recuso a acreditar no que dizem. Agora, nem consigo ouví-los. Enojam-me! 

É claro que se vivêssemos num país de hábitos nobres, onde a justiça, a seriedade e o bom senso fizessem escola, talvez pudessemos dispensar a Regionalização, mas como não vivemos, a melhor maneira para atalhar o refinamento da Democracia é aproximar o poder do povo, logo, regionalizar. Sobre isso, nunca tive a menor dúvida.

Mas, vamos ao que interessa. Tudo o que atrás referi tem consequências terríveis na mentalidade do povo. Cada um giza as suas regras e as molda conforme o que lhe convém. Foram muitos anos de uma democracia amputada de valores, e a importação de modas e culturas decadentes,  que deram origem à actual anarquia.

A este propósito, pude ouvir ontem um antigo jogador do Benfica, de seu nome Tony, dizer perante as câmaras de televisão que achava normal incentivar com dinheiro os jogadores do Paços de Ferreira para dificultar a victória e a provável conquista do título de Campeão Nacional ao FCPorto, e fiquei abismado. Não tanto como ficaria há uns anos atrás, porque também já "habituei" os meus ouvidos a suportar o ruído produzido por um Presidente da República e um 1º Ministro a aconselharem o povo a emigrar. Portanto já nada me pode surpreender, nem mesmo as citações de Cavaco à veia católica da sua mulher e os apelos a Nossa Senhoa de Fátima... Se um dia der com eles num bacanal, terei de me conformar, em nome desta Democracia e dos novos conceitos de normalidade...

Dentro da mesma lógica, estou por perceber o que terá levado a GNR a recrutar para o jogo  em Paços de Ferreira entre a equipa local e o FCPorto - estranhamente considerado de alto risco -, 100 homens da Unidade de Intervenção de Lisboa, quando o jogo vai ser disputado no Norte... Das duas, uma: ou o Comando Nacional da GNR, não confia na capacidade e nos dispositivos das forças de segurança instaladas no Norte, e está a revelar para o exterior uma vulnerabilidade perigosa, ou então, está de má fé! Mas, estamos a falar de quê? De um jogo de futebol, entre clubes da mesma região, sem rivalidades extremas, ou de uma guerra? As forças de Lisboa serão mais fiáveis e competentes que as locais? Ou, não haverá mesmo outras? E os custos, senhores governantes da cáca, seremos nós que os temos de pagar também? Esta lógica, importada das arbitragens, onde a nomeação de um árbitro portuense para um jogo do FCPorto é considerada uma heresia, e um de Lisboa [e benfiquista] para um jogo do Benfica uma "normalidade", é outra aberração, só aceitável num país onde as elites e a Lei se transformaram num autêntico lodaçal. 
  

1 comentário:

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...