01 agosto, 2013

Do "Portugal silencioso"...


Daniel Deusdado no seu artigo no JN ‘O Norte exportador’:

"É quase uma notícia de rodapé. Como se já fosse hábito. O Porto de Leixões teve em abril um aumento das exportações de 30%, com um máximo histórico de 1,7 milhões de toneladas carregadas num só mês! E, mais do que um mês bem-sucedido, o acumulado de subida das exportações é até agora de 13% em 2013 face a 2012.

O que exportamos mais? Combustíveis refinados, ferro e aço, bebidas, papel e cartão, máquinas e produtos químicos. Os países onde as empresas portuguesas encontraram novos clientes são a Argélia (mais 150%), Marrocos (mais 61%), EUA (mais 45%), Reino Unido (mais 44%) e França (mais 39%).

É extraordinário. Há dois países em Portugal. Este é o silencioso, fruto de sangue, suor e lágrimas. Há dezenas de milhares de trabalhadores e algumas centenas de empresários e diretores comerciais de mala na mão por este mundo fora a fazer a tal 'coisa' sempre pomposamente dita pelo Governo: fazer a inversão da balança comercial do país e fazer a retoma.
(...)

Estes dados, são a melhor evidência dos dois modelos de sociedade existentes no nosso País. Por um lado, o modelo de sociedade representado por um grupo bem instalado em “Lesboa” (Raquel Varela, por ex.): conquistado na sombra da monstruosa estrutura do Estado e dos milhares e milhares de empregos sustentados pela burocracia.

À custa desta estrutura sustentada com os impostos de TODOS os portugueses, cresceu uma economia "pseudo- privada": um sector de serviços ancorado nos gabinetes de "grandes" advogados & seus pareceres, nos escritórios da banca e das consultoras internacionais, das administrações das empresas públicas e das ex-públicas (edp, pt, galp...) que, mesmo anos depois da sua privatização, contaram com as benesses e os monopólios que a proximidade com o poder lhes garantiu (e garante).
O "outro" modelo é representado, nas palavras de Daniel Deusdado, pelas "dezenas de milhares de trabalhadores e algumas centenas de empresários e diretores comerciais de mala na mão por este mundo fora" que, apesar de um Estado ladrão, que ao longo dos anos foi retirando, saqueando, pela via fiscal (impostos) ou pela sua incompetente gestão (eletricidade, combustíveis, scuts...), uma fatia cada vez maior do fruto do seu trabalho enquanto criou obstáculos adicionais à sua competitividade, para sustentar a estrutura desmesurado e voraz do Estado, nomeadamente, os milionários vencimentos dos "gestores" do sector empresarial público.
É tão simples ver sobre qual destes modelos devem recair as reformas e os cortes e qual deles deve ser poupado para que Portugal se desenvolva economicamente... mas há um fator que trava esta mudança e impede que a sociedade em geral tenha esta perceção - a comunicação social.

Sendo Portugal o país centralizado que é, nomeadamente, a circunstância de todas as redações e meios de comunicação "de massas" estar instalada em Lisboa, faz com que a visibilidade do "Portugal silencioso" vs o "Portugal que vive à mesa do Orçamento de Estado", seja quase nula... 
Ora, sabendo nós que a comunicação social desempenha um papel central na ascensão e queda dos sucessivos governos, será possível implementar as mudanças que Portugal precisa e que passam essencialmente pelo corte nos recursos que sustentaram a riqueza gerada na capital nas últimas décadas - quando é precisamente o grupo mais prejudicado por essas medidas quem domina completamente a opinião pública e a agenda mediática?

5 comentários:

  1. Desculpe amigo Rui Valente! Não vejo porque Daniel Deusdado e o Senhor se insurgem contra aquilo que pensam ser uma aberração centralista!
    Em opinião deste ignorante isto não passa de uma manifestação de coerência por parte desta corja que nos "governa"!
    Então neste país não é o Porto quem trabalha, Coimbra quem canta e Lisboa quem dança?
    Então!?Não foi sempre assim?
    Foi e será enquanto os homens do norte salvo raras e honrosas esxepções continuarem a sofrer do síndrome da coluna vertebral gelatinosa!
    Não sei!Digo eu!

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  2. Num país centralizador como Portugal, o mais importante é o Terreiro do Paço, onde se encontra toda a incompetência desta Nação que nos governa, o resto é paisagem.

    Os hipócritas de cá de cima (norte) que berram tanto, mas quando vão lá para baixo, metem o rabo entre as pernas e tratam é da vidinha deles.

    Cá em cima no Norte podemos trabalhar, produzir riqueza, sermos competentes, alimentar toda a corja que nos governa, mas nunca deixamos de ser aqueles, que estão dentro da paisagem.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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  3. Condor,

    então, o amigo acha que não nos devemos insurgir?

    O que Daniel Deusdado quer dizer com "coerência" do governo, suponho que mais não é do que constatar aquilo que já sabemos.

    Às vezes, discordo com ele, mas na maior parte das vezes acho que diz coisas acertadas. Chamar-lhe ignorante acho um bocado excessivo.

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  4. Desculpe amigo Rui Valente!
    Não me fiz entender!
    Nunca me passou pela cabeça chamar ignorante a Daniel Deusdado! Quando digo ignorante refiro-me a mim próprio pois escrevo referindo-me a mim como segunda pessoa !
    Que nos devemos insurgir isso é inquestionável !Agora eu penso que nos insurgimos contra as pessoas erradas! Devemos insurgir nos contra aqueles que estão dentro de nossa casa e que enquanto cá estão a promover-se tem um discurso e quando imigram para a capital tem um discurso muito mais brando, apaziguador, conformado enfim, mais acomodado!

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  5. Condor,

    Estamos desculpados e... esclarecidos.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...