26 maio, 2014

66,1 de eleitores conscientes

TODO O PAÍS

  • 3092 de 3092freguesias apuradas
  • 4.42%votos brancos
  • 3.07%votos nulos
  • 65,34%abstenção
PSPPD/PSD.CDS-PPPCP-PEVMPTB.E.LPANPCTP/MRPPPNDPTPPPMPNRMASPPVPDAPOUS
31.5%
27.7%
12.7%
7.2%
4.6%
2.2%
1.7%
1.7%
0.7%
0.7%
0.5%
0.5%
0.4%
0.4%
0.2%
0.1%


Cada cidadão faz o que entender da sua consciência cívica. Na Alemanha de Hitler houve também quem apoiasse (e votasse, sim) a ascensão ao poder do maior facínora da história europeia, e não foram poucos... Esses, estavam convencidos que só um mão de ferro iluminado podia colocar o país nos eixos e terminar com os abusos usurários dos judeus, como se os judeus fossem os únicos usurários...

Vale isto por dizer, que nos tempos que correm talvez seja mais prudente filtrar e dispensar todas as "recomendações" políticas para aquilo que devemos fazer com o nosso voto, porque os partidos - como os altos níveis de abstenção indicam -, estão ainda muito longe de se poderem arrogar ao direito de passar por provedores dos cidadãos.

Se há ilação que se deve extrair das últimas eleições autárquicas e  europeias, é que as pessoas estão cada vez mais decepcionadas com os partidos políticos, porque, como antes escrevi, a crise ultrapassa a Europa, e tenderá a expandir-se, caso os líderes europeus não arrepiem caminho e corrijam o que é preciso corrigir para salvar as democracias. Ontem, os grandes "vencedores" foram os abstencionistas (66,1%), embora esta seja uma victória de pura repulsa à actual partidocracia.

O drama é que os políticos nunca mais aprendem. Mesmo com estas grandes lições, mesmo sabendo que as suas irresponsabilidades tem permitido às direitas e esquerdas mais extremistas um crescimento até aqui inimagináveis. Os políticos, continuam a errar sem quererem assumir que são eles os principais culpados pelas abstenções. Continuam a querer tapar o sol com a peneira e a procurar responsabilizar a abstenção pelos maus resultados dos seus partidos, o que significa que nem sequer capacidade têm para admitir as suas próprias asneiras.

Se há coisa que me repugna, são as generalizações oportunistas. Não contentes com as humilhações sofridas, os partidos do arco do poder preferem certificar os abstencionistas (entre os quais me incluo) de que a decisão que tomaram foi a correcta, caso contrário não se agarravam ao discurso demagógico de quererem convencer o povo que as pessoas não votam porque não querem sair do conforto da casa... Este discurso só prova a profunda falta de respeito que sentem pelos cidadãos. Eu, quando votava, até gostava de me levantar muito cedo para ser dos primeiros a colocar o papelinho na urna, convencido que estava a tratar dum assunto sério... Regressava a casa com a noção do dever cumprido. Mas se o fizesse hoje tenho a certeza que me ia arrepender mais tarde.    

Se votasse, teria votado em Marinho e Pinto, como tal, não me desagrada que tenha conseguido um lugar no Parlamento Europeu. Mas, como prometi a mim mesmo nunca mais voltar a votar enquanto não tivesse provas das qualidades cívicas e intelectuais dos candidatos, traduzidas nas suas acções, aguardarei para ver se fiz bem, ou mal. Que diabo, se os políticos não são sentenciados quando erram (e erram demais), por que raio teria eu (e outros abstencionistas),  de o ser por não querer errar? Acresce que, políticos e respectivos aparelhos partidários não perdem a credibilidade apenas porque se enganam, mas essencialmente porque enganam compulsivamente os seus eleitores. A gravidade está aí, mas eles recusam-se a compreender.

Outra conclusão a tirar destas eleições, é que os eleitores têm mais confiança hoje nas candidaturas individuais (independentes nunca serão) do que nas promovidas pelos partidos, o que acentua a má reputação destes últimos. Pode ser que esta situação conduza os partidos a uma grande inflecção de conduta, mas a avaliar pelas últimas reacções tudo me leva a crer que nada vai mudar... 


5 comentários:

  1. Eu respeito muito o direito ao voto. Só quem o sofreu para o conseguir sabe, principalmente as mulheres. Tal não invalida que eu possa ser um indeciso ou um discordante dos programas de todos os partidos e, como tal, abstencionista. Não sou obrigado a concordar e a votar num candidato votado por militantes de um partido, e não por cidadãos, para concorrer ao que quer que seja. Por isso, acho que não mereço crítica nenhuma. Alguns preferem votar no deputado que mais faltas teve no parlamento europeu (Francisco Assis); outros em hipócrtas que nem conhecem (a maioria); alguns, crentes, votaram em branco...o resto dispersou-se por partidos cuja criação pretende dividir a esquerda (e não considero o PS esquerda) e conseguiram eleger Marinho Pinto, o que deve ter posto os intelectuais caviar do bloco a pensar na vida...e pronto...é isto que temos...Na França, Uk, Dinamarca, Hungria os anti-europeístas e, em alguns cazos nazis extremos (pátria e solo) ganharam...Vai ser lindo, vai....vou mas é armar-me em "Palito" (sem armas) e fugir para o meio do monte com algumas sementes e fogo para a caça...Não se avizinham tempos bons..

    Cumprimentos,

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  2. ENQUANTO A EUROPA FOR GOVERNADA POR AQUELA MATRONA ALEMÃ, QUE SÓ SE PREOCUPA COM OS INTERESSES ALEMÃES EXPLORANDO O RESTO DA EUROPA, NÃO VAMOS A LADO NENHUM. VEJAM INGLATERRA, JÁ QUER SAIR DA UNIÃO EUROPEIA, E OUTROS PAÍSES A QUEREREM IR PELO MESMO CAMINHO, ISTO SÓ PROVA QUE A UNIÃO EUROPEIA FOI UM FRACASSO. OS ALEMÃES NUNCA FIZERAM NADA DE BOM NA EUROPA, PELO CONTRÁRIO, E ESTE É O MELHOR EXEMPLO...

    ABÍLIO COSTA.

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  3. Sr. Monteiro,

    você ainda não percebeu? Eu já dei como encerrado este diálogo de surdos consigo e no entanto você teima em querer impingir-me as suas teses. Desista, porque eu sou de convicções fortes, penso pela MINHA cabeça, não pela do partido A ou B, percebe? Percebe mesmo?

    Além disso, você perdeu a compustura com as suas insinuações. Eu não escrevo para si, escrevo por mim sobre o que penso e depois deixo aos outros a decisão de gostarem ou não do que escrevo. Por isso se não gosta, porque não penso exactamente segundo os seus parâmetros, é simples, desampare a loja, porque eu não estou para aturar a sua petulância.

    Por isso, escusa de enviar mais comentários porque não os publicarei. Lamento é que não se esforce por compreender o que lê.

    Vamos lá ver se desta vez você percebe.

    Passe bem

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  4. Silva Pereira28/05/14, 20:55

    Boa tarde,
    Como sempre estou 100% de acordo… penso muitas vezes nas diversas temáticas por si abordadas e sinceramente não me lembro de alguma vez ter discordado.
    Dá-me imenso prazer ler os textos por consegue “plasmar” o meu pensamento com uma clareza impressionante.
    Relativamente ao mote do seu texto, se me permite gostaria de fazer uma leitura dos resultados que nunca se faz e que me irrita profundamente.
    Jornalistas, comentadores, políticos… costumam referir-se aos resultados como 31% dos portugueses/eleitores votaram em… ora isso está profundamente errado o que deveriam dizer era 31% dos votantes …assim sendo resolvi fazer umas contas;
    População de Portugal em 2014 = 10 624 212
    População dos 10 aos 14 =15,6%
    População dos 15 aos 24 anos = 12,6%. Extrapolando seria dos 15 aos 18 = 3,78%
    O que dá um universo de votantes de aproximadamente 80,32% = 8 565 240 eleitores o que significa que os cadernos eleitorais têm 1 120 217 eleitores “fantasmas”. Tomando como referência estes números o que se deveria dizer era:
    PS: 1 032 895 votos correspondem 12,06%
    Al Portugal: 909 588 10,62%
    CDU : 416 033 4,86%
    MPT: 234 521 2,74%
    BE: 149 575 1,75%
    Nulos: 100 483 1,17%
    Brancos: 114 859 1,34%
    Abstenção: 61,68%
    Rejeitaram os concorrentes: 64,19%
    Porque não se faz esta leitura?
    Porque ficaria claro que os portugueses discordam do sistema e seria fácil de perceber por exemplo que só 12 em cada 100 eleitores escolheu o PS ou 2,74 eleitores o Marino e Pinto.
    Cumprimentos deste seu leitor que o admira

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  5. Silva Pereira,

    ainda bem que não estou sozinho no mundo :-], caro amigo. Sabe, eu não tenho nada de iluminado, o que acho estranho é que seja tão difícil para certas pessoas interpretar correctamente uma opinião.

    Boa noite
    e obrigado pelo seu comentário

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