20 outubro, 2014

Os portistas e o FCPorto de agora



Comparar adeptos que à mais pequena asneira da equipa começam logo a assobiar, ou a exibir lencinhos, com aqueles que sabem criticar construtivamente, é comparar um tijolo com uma catedral. Se esses "tijolos" andantes tivessem realmente miolos, de certeza que evitavam assobiar, porque a única mensagem que conseguem passar é que são intelectualmente limitados [para não dizer outra coisa]... São tão irritantes, que até irritam todos os outros portistas, quanto mais os jogadores. Curiosamente, portam-se como uns cordeirinhos quando os adeptos da equipa adversária cantam coros insultuosos em pleno estádio do Dragão ao presidente do seu clube. Mas que raio de gente é esta?

Só em situações extremas, de repetida negligência, de mau profissionalismo evidente por parte dos atletas e só depois de terminado o desafio, é que se toleram os assobios, mas NUNCA antes. Isto porque não sou daqueles que acham que se deve apoiar a equipa em quaisquer circunstâncias. Não. Se o aplauso existe é para transmitir aos jogadores gratidão e prazer pelo espectáculo que proporcionam aos adeptos, por isso não me parece indicado que se faça o mesmo quando a equipa não se empenha. Já me parece justo que se aplauda quando a equipa perde um desafio mas se percebe que os jogadores tudo fizeram para o vencer. Mas, se há displicência até ao fim de um jogo, aí sim, depois deste terminado, não me chocam nada os assobios. Que diabo, o futebol não tem de ser uma escola de masoquismo politicamente correcto.

Outra coisa muito comum nos comentadores da blogosfera do futebol é não aceitarem que outros comentadores mudem de opinião. É bom que se perceba que tudo tem o seu tempo. Se um novo treinador chega ao clube, se pouco se conhece do seu currículo, só temos é de ir avaliando o seu trabalho jornada após jornada. Ora, se por exemplo, Lopetegui inicialmente caiu na simpatia de grande parte dos adeptos, que viam nele qualidades no discurso e de liderança, sem se assustarem com a falsa questão da rotatividade, passadas algumas jornadas é natural que comecem a questionar essas qualidades, não só pelos resultados obtidos, como pela forma como essa rotatividade está a ser gerida. Se somando a isto começarmos a ver que Lopetegui não se limita a rodar o plantel mas também a deslocar com demasiada frequência os jogadores das posições onde são mais produtivos para outras onde não são, é natural que revejamos a nossa opinião, sem contudo deixar de apoiar o treinador, porque só não mudam os burros (esta é também para os portistas que nasceram com o assobio na boca)...

Por fim, embora já tenha abordado este tema outras vezes, continuo a pensar que no FCPorto está a faltar alguém que assuma no clube o papel de  "cicerone da mística" [passe o palavrão], alguém que seja capaz de em pouco tempo transmitir aos jogadores a realidade do clube, que ali as derrotas são para hibernar, não se toleram. O lindo museu é apenas um "gravador" visual de troféus e de imagens, não é a alma do clube, essa tem de ser passada por alguém que possua perfil para isso. No passado recente essa pessoa era indiscutivelmente Pinto da Costa, mas agora, por razões de  idade e sobretudo de saúde, já não é.

Urge pois encontrar alguém que faça essa papel, sobretudo quando chegam ao clube treinadores e jovens jogadores estrangeiros. Foi esse sentimento de ignorancia com a realidade muito específica do FCPorto que Lopetegui me transmitiu antes do jogo para a Taça de Portugal. Achei que falou com pouca ambição, sem mostrar para o exterior aquela vontade férrea de querer vencer o jogo. Os próprios jogadores também não me pareceram suficientemente conscientes de terem acabado de ser afastados de um dos troféus importantes da época. A forma conformada e demasiado amistosa como cumprimentaram os rivais, cujos adeptos tinham acabado de insultar o presidente Pinto da Costa pareceu-me desenquadrada com o que tinha acabado de se passar. Não gosto de arruaceiros, mas meninos de côro nunca deram bons "combatentes".

Este FCPorto, estranha-me. Espelha um curvar de espinha que na história da cidade e do clube não estávamos habituados a presenciar. A própria administração tem revelado uma moleza, um distanciamento face a muitas situações prejudicias ao clube que por vezes lembra a rendição consentida à prepotência dos adversários centralistas. Mais do que a equipa e o treinador, e dos próprios adeptos, pessoalmente, é com a direcção do FCPorto que me começo a preocupar.

Apesar do que acabei de dizer, para amanhã, espero que o treinador Lopetegui nos prove que a teimosia excessiva é um erro, e que é sempre a inteligência, casada com uma grande vontade de vencer, que faz os grandes treinadores.

3 comentários:

  1. Registo o regresso ao activo, depois de um pequeno hiato e com um post pertinente. A rotatividade e a mística são as palavras de ordem. A rotatividade para mim não tem sido a causa, mais que a rotatividade, há ali naquele triângulo entre os centrais e a posição 6, algo que está afalahar. No sábado, pior ainda, quando quem jogou ali esteve um mês parado, não tinha ritmo para o andamento do jogo, nunca foi o tampão nem o organizador que inicia afase de construção. Concordo com a análise à mística, mas vejo muita gente, incluindo ex-jogadores, a falar da mística, quando alguns nunca a praticaram.

    Um abraço

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  2. Realmente tudo está a mudar neste clube, até o sr Pinto da Costa é mais velho e o tempo molda as pessoas. Como é possível tanta estrangeirada na equipa, qual é a mística com jogadores que não sentem o clube e um treinador que parece não ser capaz de fazer uma equipa. De jogo para jogo muda sempre 3 a 4 jogadores, e, sempre a uns jogos a esta parte andar atrás do prejuízo. Será que todos os jogadores e equipa técnica já passaram pelo museu para conhecerem a nossa historia!?.
    Portugueses; há Quaresma, Ricardo Pereira, Ruben Neves, Guarda/redes Ricardo, Ivo e outros, Ricardo Pereira é um exemplo para lhe dar mais oportunidades.
    Amanhã vamos ver se tudo vai correr melhor, espero bem que sim.

    Abílio Costa

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  3. E impossível esconder que a massa associativa do F. C. Porto, esta extremamente dividida. Aquela cena em Guimarães digna do Sr. Scolari, fazendo entrar Quaresma aos 89 minutos, para uns foi a afirmacao dum treinador com personalidade que tratava vacas sagradas como elas mereciam e que se fartavam de glorificar Lopetegui nos blogs que dirigem como Alpoim Galvao esta para os saudosistas. Para outros isso foi apenas uma Scolraiada, reles e provocatória, que já se estava a ver que ia dar maus resultados. Entretanto defrontamos grandes equipas como o Boavista, Sporting, Shacktar e aqueles que já torciam o nariz a tanta desorganização começaram a manifestar-se no estádio. E chegamos a este ponto. O excomungado salva o provocador e se as pessoas forem inteligentes, poderá ser o ponto de partida para a união que tem de ser o nosso lema, porque inimigos temo-los em todo o lado, não precisamos de os ter dentro da propria familia.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...