31 março, 2015

A verdadeira lista VIP

Mariana Mortágua

Faz agora um ano. Foi no dia 16 de abril que o ministro da Defesa saiu do seu gabinete para se deslocar à base naval do Alfeite. O dia estava cinzento, mas não era o conforto do Sol ou a brisa do Tejo que Aguiar-Branco procurava. Estava em causa a apresentação do primeiro drone português. O momento foi tratado com a pompa que merece uma visita ministerial, dada a circunstância ser o apadrinhamento de uma empresa nacional pelo Governo. Lembram-se deste momento? O vídeo circulou por todo o lado, não tanto pelo extraordinário fulgor do engenho nacional, mas porque a maquineta tinha aspirações a submarino, e não chegou a voar mais de dois metros antes de se afundar no Tejo.
O vídeo tornou-se imparável, até porque tem piada. O que verdadeiramente levou o ministro ao Alfeite é que não tem graça nenhuma. A revista "Sábado" levantou um pouco o véu. A empresa em causa, Tekever, é gerida por um antigo assessor de Aguiar-Branco chamado Adão da Fonseca, que já que antes tinha estado na Empordef, nomeado por Aguiar-Branco.
Este é apenas um pequeno, pequeníssimo, exemplo da dança de cadeiras que compõe a verdadeira lista VIP que governa o país. Nestas nomeações, nestas empresas, escolhidas a dedo para viajar com o ministro certo, há negócios de milhões. Negócios que passam quase sempre pelos grandes escritórios de advocacia. Como o do advogado Aguiar-Branco, cujas operações, revela a mesma revista, seguem demasiado atentamente a agenda do ministro Aguiar-Branco.
Em outubro de 2014, o ministro foi à Colômbia. Uma semana antes, o seu escritório tinha promovido um seminário sobre oportunidades de investimento na Colômbia. Em janeiro de 2015, o ministro deslocou-se ao Peru. Três meses mais tarde, o escritório anunciava um parceiro peruano.
O labirinto de ligações e nomes cruzados entre os interesses do escritório de advogados e a promoção empresarial efetuada pelo ministro só não provocam mais escândalo porque neste país a constante porta giratória entre interesses privados e governantes já nos habituou ao pior. Há casos para todos os gostos, do BES à EDP.
Esta lista VIP adora criticar o Estado. Chama gorduras aos serviços públicos, enquanto proclama a libertação da economia da regulação estatal. Nos entretantos, lá vai assinando mais um contratozinho e capturando mais uma nomeação para levantar mais uma carreira.
Por tudo isto, quando ouvir dizer que a lista VIP tem apenas quatro nomes, não acredite. A verdadeira lista VIP de Portugal tem quase 40 anos e muito mais linhas.

(do JN)






                                                                                                                                    



         
    Nota: 

 o sombreado do texto é de responsabilidade do Renovar o Porto

6 comentários:

  1. Estamos a ser governados por um polvo gigante cuja cabeça é Cavaco Silva, o homem que nunca se engana e raramente tem dúvidas. E este povo que parece não se importar de ser explorado, enganado e até roubado continua a votar neles, siga a dança que o polvo é de confiança.
    Abraço
    Manuel da Silva Moutinho

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  2. Também li e gostei.
    Aliás, MM é uma deputada a sério, provou-o na comissão parlamentar sobre o BES, como já tinha provado em várias intervenções na AR.

    Abraço

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  3. Caríssimos! Rui Valente e Portuenses que acompanham este blogue, que não se exausta na defesa do FCPorto e, qual propaganda do Porto Canal, "o Norte começa, mesmo e de facto, aqui!"
    Estas "Danças dos que se têm por VIP's, nos Cargos do Poder Centralista" enfastiam-me... Até um avaliador do Porto, dados os antigos Marfins, mas desdenho a que não se chamem os bous pelo nome, Pedro Aguiar-Branco foi avaliar, para partilhas o espólio que restou a meu Avô. Incapaz de o avaliar correctamente, sub-valorizou intencionalmente Arte Sacra Indo-Portuguesa! E, atente-se, num Cristo e Tríptico (São João Evangelista e Nossa Senhora) avaliou só em 6 000€, quando sei que, numa exposição da ONU, em Nova Iorque, antes do 25/4 foi, o conjunto segurado em 15 000 c.! Incapaz, sequer de avaliar comparativamente, Crucifixos muito mais raros — Sino-Portugueses, e esse ido, Dr, Álvaro Pizarro-Monteiro, sempre disse a meu avõ: Júlio, caramba!, tu nem sabes o que compraste!), porque escassos nem Enormes Pares de Mandarins de Marfim (por mim datados com base no C14) e de Porcelana do Período Ming, ainda teve a desfaçatez de querer que tanto eu, como meu irmão lhe pagássemos , a dessa"avaliação"em peças!
    Os Águiar Brancos, seja o enganador falso-perito Pedro, seja seu irmão mais velho, não prestam!
    Seu irmão Pedro, um reles vigarista... Seu irmão, José Pedro, um igual... Só que se vai passeando, por "altos cargos?" da Lisbonária cidade que ainda vamos tendo por Capital!
    Cordialmente, a si Rui que lhe peço deixe alargar a qualquer Portista, logo Portuense e aos Nortenhos que não invejem o Porto, Capital da Nossa Nação!

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  4. Caro Júlio,

    Já lhe disse que tem o Renovar o Porto de portas abertas para dar a sua opinião.

    Não me peça para comentar, comente, porque tenho muito gosto nisso. Acredite.

    Um abraço

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  5. Digníssimo Rui Valente!

    Devia-lhe dirigir estes agradecimentos, por carta pessoal, dado me ter cedido seu e-mail... Apesar de pessoal, gostaria de que ficasse, perene, no blogue que, graças a si, defende o Porto Clube (o Foot-Ball Club do Porto), porém, nunca se acanhando, defende o Norte. E, perdi a conta, como em tempos lhe disse, à Vilania Transmontana, desses biltres, que estudaram no Porto e, nele, se estableceram e passaram a viver à sua mãma, mas mesquinhos, sem saber o que pensam, mas interpretando, como o personagem de Poe, Chevalier Dupin, e dupinesco, se a tal me atrevo, os Invejosos do Porto .
    Mas que ninguém julgue serem só os Nortenhos Transmontanos! Não, Minhotos e, na nossa própria cidade, de Bracarenses mas até aos Lampiões do Boavista FC!
    Mas, essa invenção nefasta, iniciada na Monarquia que se queria Liberal mas cedo se transformou numa vulgar de Títulos (não era dito, nessa altura "Foge Cão, se não fazem de ti Barão!" e o pobre perro perguntava "para onde, se logo de mim fazem Conde?"
    Dividir, para reinar é a única conclusão que chego da Política Divisionária — passe-se claro o que muito de bem fez para Portugal: na divisão administrativa, porém pecou! E, de que maneira! — Dividir o Minho e criando a artificial, Entre Douro e Minho?
    E, queridos Portistas, essa Província manteve-se quer com Salazar aos dias de hoje! Essa abstrusão tem o nome de Douro Litoral! Interpretemos, semióticamente esta "coisa": o Porto nem age, muito menos administrativamente, sobre o Alto Douro Minhateiro, mas únicamente mo lodo do Douro Litoral!

    Vosso,
    Soares de Carvalho

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  6. Carissimos!
    Esta caixa de comentários, dada a minha parca visão, entre outras, tolhe-me de todo!
    Muitos erros ortograficos, designadamente, porque escrevo ao invés desse acordo ortografico, implementado em 1994 e, instituído pela parte Portuguesa, em 2014 assáz ao Inglês, com três normas, uma delas Americana, sempre me soube a Português corado no que lava mais branco? Não num linguarejar lixiviado! Pudera!
    Mas, que tolerantes e o Povo Portuense, quiz dizer Alto Douro Vinhateiro!
    Aceitem, por favor, as minhas desculpas!

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...