16 março, 2015

Políticos, fora do futebol. NOW!


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Continuo a achar muito estranha, a forma como alguns (demasiados) avaliam a política e a própria democracia. Curiosamente, os cidadãos parecem dar-se mal com a moderação. Por vezes, sou tentado a pensar que as pessoas não sabem bem o que querem. 

No tempo do Estado Novo, autocrático e autoritário, ninguém usufruía de liberdade para votar porque simplesmente não lhe era permitido, a não ser que votasse no candidato pré-eleito. A Constituição da época, previa a realização de eleições legislativas e presidenciais, porém, os resultados eleitorais eram controlados de modo a garantir a victória ao candidato escolhido. Uma fraude, portanto. "Engraçado", que na Constituição Portuguesa de 1976 do regime em vigor, a que alguns (muitos) ainda chamam democrático, também lá consta um artigo (o 256º) no capítulo referente às Regiões Administrativas que obriga o Estado à instituição das regiões, e decorridos 40 anos, a reforma  ainda está por realizar. Nunca é oportuna, dizem os "democratas"... Outra fraude, portanto, mas agora com a marosca pintada de democracia...

Estes dois pólos de regime, aparentemente distintos, parecem convergir em muitos aspectos. A hipocrisia é apens um deles. Mas, para quem como eu viveu nos dois regimes, posso dizer sem receio de me enganar, que neste capítulo o actual regime é ainda mais hipócrita que o do Estado Novo, porque se abriga atrás de uma democracia postiça para fazer o mesmo [e até pior] que fazia Salazar, e assim se livrar da fama horrenda de uma Ditadura. Mas, é uma Ditadura! A única diferença, mesmo que pouco poderosa, é que hoje (e para já), ainda podemos dizer publicamente o que pensamos deles. Mas é pouco, muito pouco para uma Democracia autêntica.

Tenho uma ideia (vivida) da dificuldade que há em organizar um partido, ou Movimento político em Portugal, sobretudo quando escasseiam os recursos financeiros. Mas a verdade é que existem partidos políticos novos já formados, e outros, como o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda, que praticamente nunca governaram. Uns, porque apostam mais na ideologia que no pragmatismo, ficando reféns dessa condição,  outros porque são incapazes de persuadir os eleitores das suas capacidades para governar, deixando transparecer algum conforto por  não ousarem ultrapassar a fronteira, de certo modo cómoda, de partidos da oposição.

Não tendo qualquer ideia do teor dos Estatutos desses partidos (dos outros, já conheço a resposta), há um ponto tremendamente importante (para mim, pelo menos, é), que gostaria de descobrir, que era saber se nesses estatutos consta alguma alínea que iniba os militantes de participarem como comentadores clubísticos, caso cheguem a deputados. Não preciso que me lembrem, que não seria por uma medida desta natureza que esses partidos passariam a ter credibilidade para governar, mas era um princípio, um pequeno passo, uma forma de dizer não à actual promiscuidade praticada  por políticos, e ex-políticos, curiosamente, dos partidos do arco da governação...

Quando mais acima dizia que os portugueses não sabem bem o que querem, era aqui que queria chegar. As leis, os regulamentos, os limites, são extraordinariamente difíceis de coabitar com a Liberdade, porque implicam compreensão e respeito, logo, contenção. E é aqui que as coisas se complicam (porque dá jeito a muitos pardais). Se uma simples alínea de um Estatuto sugere contenção, um sinal de Stop, logo se levantam os adeptos do "Je suis Charlie" a reclamar, para dizer que lhes estamos a coartar a Liberdade, os direitos... Mais parecem criancinhas de infantário. 

Termino, com esta questão: sendo o futebol um fenómeno universal, onde a paixão pode toldar a razão, por que é ainda não surgiu um líder político a colocar juízo na cabecinha dos candidatos aos órgãos do poder, e a exigir que nas fileiras do partido só entre gente com capacidade para entender que misturar o futebol com a política pode ser o primeiro passo para a sua própria descredibilização?

Das duas, uma: ou ainda não o fizeram porque "não se lembraram", ou querem fazer de mim um iluminado (que sei que não sou), ou em última hipótese, os políticos são mesmo todos iguais e ainda não entenderam a essência das diferenças, e das responsabilidades.

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