27 junho, 2015

Jornal de Notícias. De Lisboa, para a província...



É inacreditável o que está a acontecer ao Porto, e aos nortenhos em geral. Nunca como agora - pelo menos nos meus anos de vida - o Porto foi tão desprezado pelos governantes. O artigo de David Pontes que publiquei anteriormente traduz apenas uma suma de muitos episódios lamentáveis, cada qual o mais humilhante. Mas, apesar das muitas lamurias dos autarcas regionais, não há um só que se atreva a romper com a muralha castradora das conveniências políticas para afirmar sem rodeios que a hora de exigir a regionalização chegou. É agora, ou nunca! Os argumentos para a obrigação de o fazerem muito antes nunca faltaram (desde 1976), até por se tratar de um dos princípios fundamentais da Constituição mais desdenhados pelos governos desde a sua aprovação (2 de Abril de 1976), e também porque o reservatório dos argumentos que os sustentam corre o risco de um dia explodir de cansaço e revolta.

É tempo para avançar de vez com a implantação das regiões. Provem que amam a democracia, que respeitam a soberania popular. Agora, acabem com esta continuada e desprestigiante (ouviu sr. Cavaco?) afronta à Constituição Portuguesa porque não o fazendo, darão também o direito moral aos cidadãos de afrontarem e desrespeitarem qualquer representante do Estado, seja ele 1º. Ministro ou Presidente da República. Não há soberania quando se trai por omissão ou propósito o seu documento maior, a sua Carta Magna. 

A Regionalização nunca foi para mim a panaceia para todos os males do nosso país, nem é qualquer termo mágico que uma vez proferido tudo resolve. Não. A imperiosidade da competência governativa mantém-se, mas é mais controlável. A grande virtude (quiçá a única) da Regionalização consiste na aproximação do poder aos cidadãos, com os seus problemas específicos. Para funcionar, é fundamental que goze de alguma autonomia política, caso contrário é mais um embuste. A promessa de descentralizar, como o tempo o  confirma, é apenas uma forma cínica de conservar o centralismo, a discriminação, o racismo entre regiões e povos do mesmo país. Não colhe, nunca colheu para mim, o suposto argumento que regionalizar é dividir, que é ferir a coesão nacional. Quando leio, ou oiço, este tipo de argumentação, não penso coisas nada boas sobre quem a apresenta. Pelo contrário, o centralismo, a macrocefalia do poder concentrado na capital é que está a fazer esse triste e miserável papel, e quem não o reconhece, é quem está irresponsavelmente a semear cisões, injustiças e revoltas. Quem defende este regime é um traidor, é um português falhado. Esses sim, são os verdadeiros apátridas, aqueles que querem moldar o cérebro de um transmontano ou minhoto ao "patriotismo" veiculado pelo cobarde poder dos media da capital.

Os media, sempre eles... Repararam bem no estilo do actual JN? Então, que tal? Tinha, ou não tinha razão quando deixei de o comprar? Cada vez se parece mais com o Correio da Manhã (hoje a capa saiu com a foto de L.Filipe Vieira, imaginem)... Por que será? Sonhei? Vi fantasmas? Não! É mais uma pata centralista no nosso pescoço, assim mesmo, nas nossas barbas e com o nosso miserável consentimento.

E o Porto Canal o que faz? Que serventia real tem para nós? Que trabalho de vulto, que objectividade podemos vislumbrar naqueles embalados de cópias, de programação, com horários part-time? Lisboa agradece. Não só o revigorar do fado  (muito presente agora), como as honrarias vip que continuam a dar aos lisboetas mais fúteis. Esquecem os Germanos Silvas, ou então convidam-no para falar do seu FCPorto, como se fosse essa a sua maior virtude, ignorando as suas esplêndidas qualidades de historiador, das quais nunca se lembraram. O Hélder Pacheco, outra figura culturalmente rica do Porto, só lá foi uma vez, nem mereceu uma entrevista, ou até mesmo um programa. Rui Moreira, é simplesmente assunto tabu. O Presidente da Câmara do Porto não comparece no único canal da região, porque sim. Não precisam de dar explicações aos portuenses. Para quê? Dá-se-lhes injecções de portismo, fala-se-lhes do Museu, que o futuro pode esperar e eles acham que para quem é bacalhau basta. Muito respeitáveis, sim senhor...

Agora, Pinto da Costa zanga-se com as pessoas erradas e escolhe mal os amigos...Mas que raio, que estranha doença, dominará a sua cabeça ?

Nota do RoP:
Antes que seja tarde, que alguém saque argumentos maliciosos para ver se me apanha em contra-mão, faço questão de explicar (se fôr caso disso) que o facto de continuar a publicar alguns artigos do JN não retira nenhuma coerência às minhas convicções sobre o reforço do seu alinhamento aos valores centralistas. Deixei de o comprar diariamente, logo, não ganham mais um cêntimo comigo.

Os jornais, todos eles, mascaram a sua falta de independência permitindo a publicação de uns artigos avulsos como o de David Pontes. Eles (administradores e directores) sabem como enganar a plebe: vendem o peixe que querem vender (o centralismo), e depois apresentam na montra uns camarõezitos inofensivos para poderem dizer que são democratas. Mas não são.  

Compare-se agora em baixo, o Artº.256º da Constituição de 1976 sobre as regiões administrativas, com este outro já à medida dos eternos manipuladores da Lei, com a abstracta revisão constitucional de 2005 (Artºs. 255º e 256ºs, aqui...


Decreto de Aprovação da Constituição nº CRP 1976 de 10-04-1976

PARTE III - Organização do poder político
TÍTULO VIII - Poder local
CAPÍTULO IV - Região administrativa
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Artigo 256.º - (Instituição das regiões)


       1. As regiões serão instituídas simultaneamente, podendo o estatuto regional estabelecer diferenciações quanto ao regime aplicável a cada uma.
       2. A área das regiões deverá corresponder às regiões-plano.
       3. A instituição concreta de cada região dependerá do voto favorável da maioria das assembleias municipais que representem a maior parte da população da área regional.
Início de Vigência: 25-04-1976

12 comentários:

  1. Carrissimo,

    Infelizmente já faz uns anos que deixei da dar do meu dinheiro a essa corja que se diz jornalista.
    Vou lendo gratuitamente, com o advento da Internet, as noticias chegam-me via face, e não são censuradas (bem algumas são-o).
    Não levo é com pessoas que seguem um guião, que visa ter o melhor em lisboa, e que se lixe o resto.

    Regionalizar é para ontem...mas o que mais me chateia é a hipocrisia, muito me arrependo de ter dado o meu voto ao Sr. Moreira, hoje não o dava concerteza...

    Abraços e obrigado

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  2. A culpa será só do Rui Moreira? O nosso amigo Pinto da Costa estará inocente, ou não estará também ele a fazer o jogo centralista? Por que será que mantém ainda o seu nome no conselho editorial do JN? Não será o rebuçado para vender mais jornais? Agora, que o jornal está muito pior que antes? O JN anterior não era famoso, mas procurava ser mais discreto na propaganda ao centralismo, mas este é mais um de Lisboa, no Porto.

    Um abraço para si também

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  3. É uma vergonha, um nojo, ver um jornal como o JN ter perdido a bússola e andar à deriva, é mais um que tem os dias contados.
    O Porto Canal é um canal parolo, que não é carne nem peixe é uma coisa Pimba. Gostaria de saber se o FCP ainda lá anda a enterrar dinheiro, é que do clube tirando algumas transmissões é Zero.

    Estamos num país de Chicos espertos, ladrões e pseudo doutores que nos sugam, que andam todos ao mesmo. Portugueses abram os olhos e desprezem estes parasitas.
    É um pais sem autoridade que tem um pouco de tudo, anarquismo, centralista no fundo é um país sem nada está tudo a leilão, que merda de gente que nos governam.

    Abílio Costa.

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  4. Atente-se na outra notícia que faz capa.Não será, qualquer dia, a defesa da regionalização, considerada apelo ao terrorismo? Isto está a ficar bonito. A regionalização é imperativa. E não venham com o argumento que o país é pequeno e etc. Existem países muito mais pequenos que o nosso que são regionalizados. O que acontece, é que a regionalização para ter sentido teria que vir agregada de competências político-legistativas, administrativas e autonomia orçamental. Isto significaria que cada região teria direito, directamentente, aos fundos europeus que adjudicaria aos projectos que seriam considerados mais relevantes para o desenvolvimento de cada região. Ui...Acabava-se a maior teta dos chulos deste país. Para esta corja dos amigos do avental não pode ser. Se já venderam tudo, agora iam roubar o quê? A única forma de combater isto, porque já se viu que pelos mecanismos normais nunca conseguiremos, é as pessoas voltarem a ter tomates de aço e deixarem de pagar impostos de forma generalizada e a direccioná-los, por um qualquer mecanismo, para as suas regiões e cidades. Para além da regionalização é imperativo que se reduza o parlamento nacional e que os deputados sejam eleitos por círculos uninominais (ver aqui o que são - http://economiafinancas.com/2014/o-que-sao-circulos-uninominais/) o que os obrigaria, primeiro, a identificar-se perante a região que os elege, e, segundo, a vir prestar contas aos seus eleitores e a defender a sua região. Para isso, era preciso acabar com a palhaçada da disciplina de voto que subverte a vontade da população à vontade de meia dúzia de iluminados, paneleirotes do avental ou da copus dei, que a impõem ao rebanho dos seus partidos, o que torna o parlamento numa mera feira de vaidades, num circo de pavôes parasitas incompetentes. E tanta, tanta coisa que eu escreveria para propor aqui, mas se o texto já vai longo, se o fizesse creio que acabaria por escrever uma reforma administrativa do Estado que meteria na gaveta os escritos do Freitas do Amaral. Bem hajam os verdadeiros. Temos que reagir. Não sei como consciencializar as pessoas para a importância disto, nem como combater um sem número de meios comunicacionais que estes amigos do avental têm ao seu dispor, restando-nos a internet, incontrolável por estes, para já, mas não subestimem a capacidade manipuladora destes senhores. Já condicionam e muito, a capacidade de reflexão da maioria da população. E isso começa com os planos curriculares na escola primária. Temos que nos reunir numa qualquer tertúlia na cidade, como se fazia antigamente. Um abraço, Sr. Rui Valente.

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  5. Campos,

    Seja benvindo à causa!
    Com tertúlias ou sem elas, é preciso fazer alguma coisa, ou pelo menos, incentivar o povo para a importância da Regionalização, o que é mais complicado, dada a apatia a este nível da maioria das pessoas. A força dos blogues ainda não é comparável à dos media tradicionais.

    Um abraço

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  6. Eu já andei a colar cartazes pela cidade a dizerem regionalização já e com o artigo lá explanado. Bem sei que não era uma mensagem muito assertiva, mas foi o que fiz com as minhas ideias, pc e impressora. Nunca me hei-de esquecer do olhar das pessoas, que ia entre o desdém à dúvida sobre a minha sanidade mental. Eu sempre estive nesta causa. O que me aborrece, é ver pessoas que me deram aulas, como o Abreu Amorim, que dedicavam longas dissertações a favor da regionalização e contra os políticos. Chega lá, nada diz e pertence à corja que nos arruína. Estou cansado destes camaleões. A reunião será importante, Sr. Valente. Por falta de tempo não lhe posso explicar. Mas a reunião in loco é fundamental. Logo, de madrugada provavelmente, explico-me melhor. Abraço

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  7. Esse Carlos Abreu Amorim foi também para mim uma grande decepção. São casos como estes que nos levam a desconfiar de tudo e de todos e nos fazem arrepender da boa fé. E o mais "engraçado" é que são estes mesmos gajos que têm a lata de nos chamar derrotistas, fundamentalistas e mimos do género, quando eles deviam morrer de vergonha logo pela manhã, quando estão a fazer a barba e dão de caras com o que o espelho lhes mostra.

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  8. Pela minha parte vou continuar a lutar contra o centralismo, e tenho mais medo dos gajos eleitos pelo Norte, do que os eleitos pelo Sul, os de cá são todos muito bem comportados, logo são muito perigosos.
    Abraço
    Manuel da Silva Moutinho.
    PS: vou continuar a partilhar os seus posts no Facebook

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  9. Que a Regionalização, para além de necessária e justa, se impõe ao país e aos Governos (este ou qualquer outro que venha), como a melhor e mais eficiente forma (se não a única) de trazer a eficiência "extra", económica, social e governativa que o país precisa, parece-me uma daquelas verdades que de tão grandes e tão óbvias acabam por não serem percebidas por muitos. Como se fosse uma muralha à nossa frente, tão grande que não lhe vendo os limites, não percebemos bem que está ali. E a outros, convém que a maioria continue sem a perceber.
    Uma demonstração indireta desta verdade, mais ou menos à semelhança das inferências usadas na astronomia para demonstrar a existência de corpos celestes que não vemos, vem das declarações que volta-e-meia ouvimos a algum responsável troikiano, ou algum analista internacional, de que Portugal tem feito muito "mas que as reformas necessárias estão muito incipientes, atrasadas, ou quase todas por fazer": pudera, o aparelho governativo / administrativo que temos, nomeadamente nas suas componentes centrais / lisboetas já não tem mais por onde reformar, sem ferir os interesses e o ganha-pão de gente "não sacrificável". Mais do que isto, coisa que se veja, só com uma alteração profunda do atual paradigma centralista e ineficiente, pesado e peador do crescimento económico e duma evolução social desejada, sendo claramente a alternativa mais completa e mais eficiente a regionalização de muitas atribuições políticas, administrativas e da gestão pública. Outras reformas, alguma descentralização (como se existisse...), são possíveis, claro: mas nunca terão o alcance e os efeitos da regionalização, serão sempre de eficácia residual face à que é possível com a regionalização.

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  10. Barba Azul,

    Só posso estar de acordo com tudo o que comentou.

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  11. Caro Marujo, permita-me que lhe diga que isso de Norte e Sul é irrelevante. O Alentejo, por exemplo, teria muito a beneficiar com a regionalização. A "muralha" que o Barba Azul fala transcende o problema Norte/Sul. É a maçonaria que não deixa, ponto. É preciso dizer as coisas como elas são. E ninguém está livre deles, nem no Norte, nem no Sul, nem em qualquer país ocidental. Basta ver que até já existe um palácio maçónico no Porto, o qual Rui Moreira se recusou a visitar na data da inauguração. Talvez isto tenha alguma coisa que ver com o ostracismo que lhe impõem. Para quem tiver tempo, aconselho a leitura deste artigo, dividido em 4 partes de Fausto Brignol: http://fausto-diogenes.blogspot.pt/2013/03/a-guerra-secreta-1-jesuitas-e-macons.html

    Sr. Valente, a reunião in loco é importante porque temos que criar uma estratégia para difundir as nossas ideias e como nos protegermos. Só juntos podemos fazê-los. Se você ou eu, decidirmos sozinhos, combater esta corja seremos facilmente aniquilados. Se estivermos juntos, já não será tão fácil. Se conseguirmos difundir a ideia pela restante população, então, será impossível. A título de curiosidade, veja-se o que aconteceu a Paulo Vieira Dias, antigo-dirigente da Distrital do Porto do PSD que decidiu denunciar a ascenção meteórica de Marco António Costa. Foram ameaças a ele e à família, foram lavagens e branqueamentos aos factos pela comunicação social que não deu o mínimo destaque a tais denúncias até que, por fim, ele decidiu nada mais publicar e sair do país para se salvaguardar a si e aos seus. Que estado de direito é este que um denunciante, com provas, tem que sair do país porque não tem razões de segurança para prosseguir com a sua denúncia? Por isso é que a reunião, ver a cara das pessoas, a discussão de ideias que não podemos tornar públicas através de um blog onde qualquer paneleirote do avental pode aceder, é importante. Temos que nos concertar. Temos que ter presença em todas as redes sociais, em vários blogs, fazer-nos ouvir. Abraço a todos.

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  12. Nem mais um centavo para comprar este Pasquim, é um jornaleco que cada vez mais está a perder leitores, está em vias de extinção, é pena, porque foi sempre uma referencia do Porto e do Norte.
    O Porto Canal, vai acabar infelizmente por desaparecer, porque nem é carne nem é peixe não sei se está na agenda do sr Pinto de Balsemão para o comprar, o que eu sei é que é repetitivo, pimba, verde, vermelho, nunca lá viu o presidente da câmara do Porto a falar dos nossos problemas, só lá vai os presidentes amigos do Juca. Este canal em relação ao FCP ainda ninguém sabe o que é, estou admirado do sr Pinto da Costa ainda não se ter definido o quer quer de informação para o FCP, porque a instituição merece uma coisa melhor e só do clube.

    Abílio Costa.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...