É fácil, e cai muito bem na opinião pública, pensar e agir sempre com optimismo. Nunca partilhei da bondade dessa opinião. Que é fácil e parece bem, não duvido, se considerarmos a vulnerabilidade intelectual de uma grande fatia da população portuguesa depois de andar décadas a engolir o "optimismo" das promessas dos políticos. Agora, que é avisado pensarmos antecipadamente que tudo vai correr bem, face ao imprevisto, e a todo o tipo de situações, é um exagero imprudente que por vezes nos pode custar a própria vida.
Não querendo radicalizar o tema, posso garantir-vos que foi a sensatez que já me salvou a vida várias vezes ao volante do meu carro, ou na melhor das hipóteses, me safou de partir umas costelas. Se ao descrever uma curva, entro à vontade e fora de mão, partindo sempre do princípio que no sentido contrário não vem nenhum veículo, ou se vier, vem pela sua mão, escostado à berma da estrada, estaria talvez a ser optimista, mas também a hipotecar a minha segurança e porventura a de outras pessoas. Não depreendam daqui, que sou um aselha a conduzir, medroso, do tipo caracol domingueiro. Não, não sou. Penso é que, se confiar demais, tudo pode correr mal. Por muito que tentemos separar o excesso de optimismo da imprudência, é inútil, porque estas duas coisas estão quase sempre ligadas.
Tudo isto para dizer, o quê? Para dizer que avaliando a situação actual do FCPorto e de toda a estrutura envolvente (Presidente, Sad, Media,Corpos Técnicos, etc.), muita coisa terá de mudar rapidamente, se quisermos chegar ao fim da temporada com um sorriso no rosto e... optimismo no olhar. O optimismo de que os portistas se alimentaram nas últimas décadas não caiu do céu aos trambolhões, irradicou de um ciclo longo de victórias, sustentadas na liderança forte e competente de Pinto da Costa, dentro e fora do clube.
Se dentro do clube já se notam algumas diferenças, em certos aspectos para pior, fora do clube é o deserto. Ninguém está em casa... a grande família portista estranha e sente a orfandade. Pior: começa a dar sinais de cansaço dessa orfandade. E o Presidente parece não se dar conta do que se está a passar "fora de casa". Ele não entende, ou não quer entender, que aos poucos vai perdendo o respeito de muitos adeptos, alguns dos quais o idolatraram, mas que só ainda não despejaram sobre ele as desilusões das últimas temporadas porque ainda acreditam numa reviravolta.
Se dentro do clube já se notam algumas diferenças, em certos aspectos para pior, fora do clube é o deserto. Ninguém está em casa... a grande família portista estranha e sente a orfandade. Pior: começa a dar sinais de cansaço dessa orfandade. E o Presidente parece não se dar conta do que se está a passar "fora de casa". Ele não entende, ou não quer entender, que aos poucos vai perdendo o respeito de muitos adeptos, alguns dos quais o idolatraram, mas que só ainda não despejaram sobre ele as desilusões das últimas temporadas porque ainda acreditam numa reviravolta.
Eu, não acredito. E não acredito pelas mesmas razões que vos apresentei no prólogo deste post, ou seja, porque só consigo fundamentar o meu optimismo de portista quando por detrás há uma liderança activa, competitiva. E essa liderança eclipsou-se, ninguém pode sentir o contrário. E é aqui que reside o principal problema do FCPorto actual. Depois, juntam-se outros inconvenientes. O treinador Lopetegui está a revelar muitas dificuldades para estabilizar as suas ideias de jogo e os jogadores também. Tenho algumas reservas em atribuir as responsabilidades aos jogadores, porque acho que não conseguem adaptar-se aos processos táctico-técnicos do treinador. Cheguei à conclusão de que a posse de bola é encarada pelos atletas, mais com medo de a perderem, do que como uma oportunidade para a fazerem chegar à baliza adversária.
Só isso pode explicar essa coisa entediante de abusar dos passes recuados e lateralizados, essa dificuldade tremenda em ultrapassar equipas defensivas, muito fechadas e rápidas a contra-atacar e até a dificuldade do FCPorto marcar muitos golos. E isso explica em parte o conforto de jogar na Champions com equipas mais abertas. Mas, explica até um determinado ponto. Quando o patamar de exigência subir, as dificuldades do FCPorto vão-se notar. Com uma deficiente pressão alta, uma instabilidade na articulação de movimentos, a lentidão/previsibildade de processos, incluindo o desaproveitamento de contra-ataques, será complicado subir a fasquia. Aspectos que, a um nível superior de competitividade, podem vir a ser reclamados e não ter a resposta adequada se a equipa não estiver devidamente preparada com rotinas enraizadas. Podemos sempre considerar aquelas situações muito imprevisíveis no futebol que decidem por vezes um jogo, como a transcendência individual e colectiva dos jogadores e que muito entusiasmam os adeptos quando acabam em victórias, mas uma equipa sólida não pode ficar apenas refém de momentos nem da garra. É preciso mais. E sinceramente eu não estou a ver esse "mais".
O ano passado era tudo novo. Para nós, para (alguns) os jogadores e para o treinador. Este ano, não é bem assim. Há ainda medos injustificaveis, rotinas por sedimentar, que não se compadecem com o relógio do tempo. Por isso, não escondo que os sinais que me vão chegando não me trazem grande optimismo.
Só isso pode explicar essa coisa entediante de abusar dos passes recuados e lateralizados, essa dificuldade tremenda em ultrapassar equipas defensivas, muito fechadas e rápidas a contra-atacar e até a dificuldade do FCPorto marcar muitos golos. E isso explica em parte o conforto de jogar na Champions com equipas mais abertas. Mas, explica até um determinado ponto. Quando o patamar de exigência subir, as dificuldades do FCPorto vão-se notar. Com uma deficiente pressão alta, uma instabilidade na articulação de movimentos, a lentidão/previsibildade de processos, incluindo o desaproveitamento de contra-ataques, será complicado subir a fasquia. Aspectos que, a um nível superior de competitividade, podem vir a ser reclamados e não ter a resposta adequada se a equipa não estiver devidamente preparada com rotinas enraizadas. Podemos sempre considerar aquelas situações muito imprevisíveis no futebol que decidem por vezes um jogo, como a transcendência individual e colectiva dos jogadores e que muito entusiasmam os adeptos quando acabam em victórias, mas uma equipa sólida não pode ficar apenas refém de momentos nem da garra. É preciso mais. E sinceramente eu não estou a ver esse "mais".
O ano passado era tudo novo. Para nós, para (alguns) os jogadores e para o treinador. Este ano, não é bem assim. Há ainda medos injustificaveis, rotinas por sedimentar, que não se compadecem com o relógio do tempo. Por isso, não escondo que os sinais que me vão chegando não me trazem grande optimismo.
Este treinador, ainda não é o treinador do meu clube que me expira confiança. Não é por falta de material que o artista não faça o trabalho bem feito, é, por falta de mais qualquer coisa do artista.
ResponderEliminarPor tanto tempo de bico fechado e de engolir em seco, deve de estar a surgir por aí alguma surpresa, digo eu! é que o jejum da palavra está ser longo e os dejectos da praga estão insuportáveis.
Abílio Costa.