21 agosto, 2016

Muita parra (garra) e pouca(o) uva (golo)

André Silva

Não me canso de dizer, e já não é de agora, o que mais me preocupa no FCPorto actual, é o topo da hierarquia. É quase sempre por aí que começam os problemas quando a máquina administrativa deixa de funcionar como lhe é exigido. Isto é válido para o futebol, como para qualquer outra organização, seja ela empresarial ou do Estado.  Ainda há poucos anos atrás dizia que se os governos do país trabalhassem com a eficiência do FCPorto, Portugal teria evoluído bem mais e melhor. O resto, são detalhes, ocorrências ocasionais próprias de uma estrutura de composição humana. Numa organização competente, os erros evitam-se, e quando eles acontecem resolvem-se facilmente.

Às vezes pergunto-me se o próprio Lopetegui será capaz de explicar o futebol mastigado e retrógado que parecia implantado no ADN dos jogadores, alguns dos quais de insuspeita qualidade. Acho que nem ele próprio saberá responder. O que suspeito, é que toda essa penosa situação derivou de um conjunto de circunstâncias que levaram o FCPorto a praticar um futebol irreconhecível. Pedia-se garra aos jogadores, mas esquecia-se um factor importante que lhe é inerente, que é o contacto físico com os adversários e que quase sempre resultavam na exibição célere de cartões como forma de intimidar os nossos atletas. As arbitragens intimidatórias misturadas com a permissividade dos responsáveis do FCPorto, incluindo Pinto da Costa, foram para mim, não a única, mas uma das causas do atrofiamento técnico e anímico de todo o plantel. Mais. Se olharmos para as modalidades, quase todas se foram abaixo nos momentos mais decisivos, incluindo o andebol que para mim era a que reunia mais condições para vencer o campeonato. Curiosamente, foi o basquete do incansável Moncho Lopez que menos acusou o toque.

Tudo isto é passado, mas convirá continuar a reflectir nas causas para não haver a tentação de relacionar o mau futebol de certos jogadores exclusivamente com as suas qualidades técnicas. No plantel do FCPorto ainda há muitos jogadores de épocas anteriores e no entanto, sem deslumbrar, já notamos algumas mudanças, a mais importante das quais, na tendência para lateralizar o jogo.  Até ver, verifica-se um futebol mais progressivo, com menos passes para trás, e isso já é positivo.

Ontem, com o Estoril, houve garra e o árbitro sem ser brilhante não foi escandaloso, não foi tão arrogante como outros, talvez isso tenha libertado mais os jogadores para correr e ir ao choque dentro da legalidade sem temer o homem do apito. Receio é que, quando isto começar a aquecer e (se) o FCPorto se isolar na tabela classificativa, o comportamento dos árbitros volte à "normalidade" e trate de coartar a fibra aos nossos jogadores. Se isso acontecer (oxalá me engane) como suspeito, quero ver se Pinto da Costa vai deixar (outra vez) o treinador a falar sozinho (como Lopetegui) colocando nas suas costas responsabilidades que só a ele e à SAD dizem respeito.

Resumindo: dadas as circunstâncias, estou a gostar do trabalho de Nuno Espírito Santo. Há ainda muito para evoluir. Qualidade de passe, melhor controle de bola, com menos toques e sobretudo, muito mais instinto matador, mais rapidez e fome de golo.

2 comentários:

  1. Também gostei da exibição, foi pena não terem conseguido marcar mais golos, porque garra, também não faltou aos jogadores do nosso clube, oxalá se pegue à SAD porque vamos precisar, se como diz no seu comentário, os homens do apito começarem a colocar areia na engrenagem, aí vai ser precisa toda a garra dentro e fora do campo.
    Abraço
    Manuel da Silva Moutinho

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  2. Deacon Blue21/08/16, 18:55

    Boas,

    Com caracteristicas e adversarios diferentes, fiquei apreensivo com o que vi na quarta contra a Roma e ontem honestamente nao fiquei muito tranquilo com vista ao futuro!
    Adversarios de valor completamente diferente....
    Aparentemente a equipa esta a mudar o registo na forma como avança no terreno o que é um sinal positivo.

    Mas o mais preocupante efectivamente é o que se passa ao nivel da gestao do clube.
    Comentadas nestas ultimas semanas eventuais dificuldades para contratar por razoes de ordem financeira, dei comigo a recordar o que, apesar dos maus resultados desportivos, o FCPorto facturou nos ultimos 3 anos, creio algo perto dos 300milhoes, e estamos aqui!??

    A ser verdade tudo isto, estou francamente preocupado com o futuro pois, por muito que a equipa ganhe e se vendam jogadores, fica a impressao que o dinheiro nunca sera suficiente e dificilmente (impossivel) se fazem 100milhoes em vendas todos os anos...

    Estou sinceramente a ver a coisa muito negra...

    Abraço
    DB



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