Domingos de Andrade* |
Não, meu caro Ferreira Fernandes. Ao contrário do que escreves no DN, com a pena de um cronista resistente, dos melhores entre os melhores, não é normal que um clube tenha uma cartilha que distribui para ser papagueada pelos comentadores de serviço. Seja esse clube azul, vermelho, verde ou preto.
Dos comentadores, sociais, da política, ou da economia, adivinham-se-lhes os feitios e os jeitos. Do desporto, cola-se-lhes a cor da gravata em fatos enjeitados, ou camisas desabotoadas até ao umbigo. É o calor. Mas o resto, o que esperamos que seja o resto para lá da fervura da paixão clubística, é pensamento próprio, mesmo que alinhado, se é que na maior parte das vezes podemos chamar pensamentos aos atropelos verbais que vemos e ouvimos. Claro que há exceções, mesmo boas.
É que da arena das televisões vai um passo pequeno até à arena das bancadas. E não vale tudo no mundo escondido do futebol. Não vale um comentador de serviço desejar a morte de um dirigente. Não vale uma claque oficiosa carregar tarjas a lembrar very-lights de má memória. E não vale mesmo outra claque oficial dedicar a um clube cânticos negros de outras tragédias.
A complacência com as pequenas coisas é meio caminho para a degradação social. Essa é a primeira responsabilidade de quem olha com indiferença para estas guerras, que só na aparência são de Alecrim e Manjerona.
De árbitros cegos, e uns são mesmo demasiado cegos, a joelhadas em jogos menores e agressões violentas a juízes das quais só se discute uma parte porque foi a que ficou registada, passando por jogadores de violência inominável em simulações de quedas, as quatro linhas, fora e dentro, transformaram-se num festim de ódio a que ninguém escapa.
A paixão é para ser vivida com fervor. Mas há limites quando deixamos de poder levar tranquilamente as crianças a um jogo de futebol. Ou ligar a televisão.
Sempre houve arruaceiros, diz-se. E sempre haverá. Insultos ao árbitro. Insultos ao tipo da cadeira do lado. Frustrações a mais descarregadas nos estádios, à saída dos estádios. E em casa. Não são coisas antigas. São coisas de agora. E hão de ser coisas de sempre. Que têm de ser sempre, até à exaustão, discutidas no espaço público, onde não pode caber a banalização do mal.
E, já agora, não haveria mal em que as estruturas dirigentes acima dos clubes, ao menos essas, fossem mais imunes à cartada na manga e que importasse mais o que as equipas valem em campo. Mas isso se calhar já é pedir de mais.
Dos comentadores, sociais, da política, ou da economia, adivinham-se-lhes os feitios e os jeitos. Do desporto, cola-se-lhes a cor da gravata em fatos enjeitados, ou camisas desabotoadas até ao umbigo. É o calor. Mas o resto, o que esperamos que seja o resto para lá da fervura da paixão clubística, é pensamento próprio, mesmo que alinhado, se é que na maior parte das vezes podemos chamar pensamentos aos atropelos verbais que vemos e ouvimos. Claro que há exceções, mesmo boas.
É que da arena das televisões vai um passo pequeno até à arena das bancadas. E não vale tudo no mundo escondido do futebol. Não vale um comentador de serviço desejar a morte de um dirigente. Não vale uma claque oficiosa carregar tarjas a lembrar very-lights de má memória. E não vale mesmo outra claque oficial dedicar a um clube cânticos negros de outras tragédias.
A complacência com as pequenas coisas é meio caminho para a degradação social. Essa é a primeira responsabilidade de quem olha com indiferença para estas guerras, que só na aparência são de Alecrim e Manjerona.
De árbitros cegos, e uns são mesmo demasiado cegos, a joelhadas em jogos menores e agressões violentas a juízes das quais só se discute uma parte porque foi a que ficou registada, passando por jogadores de violência inominável em simulações de quedas, as quatro linhas, fora e dentro, transformaram-se num festim de ódio a que ninguém escapa.
A paixão é para ser vivida com fervor. Mas há limites quando deixamos de poder levar tranquilamente as crianças a um jogo de futebol. Ou ligar a televisão.
Sempre houve arruaceiros, diz-se. E sempre haverá. Insultos ao árbitro. Insultos ao tipo da cadeira do lado. Frustrações a mais descarregadas nos estádios, à saída dos estádios. E em casa. Não são coisas antigas. São coisas de agora. E hão de ser coisas de sempre. Que têm de ser sempre, até à exaustão, discutidas no espaço público, onde não pode caber a banalização do mal.
E, já agora, não haveria mal em que as estruturas dirigentes acima dos clubes, ao menos essas, fossem mais imunes à cartada na manga e que importasse mais o que as equipas valem em campo. Mas isso se calhar já é pedir de mais.
* DIRETOR-EXECUTIVO
(JN)
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