29 agosto, 2017

Um pacto à grande

Victor Santos
(JN)

O fim de semana deixou-nos sinais preocupantes no que concerne à violência no futebol. E desvalorizar o que se passa é meio caminho andado para, um dia destes, voltarmos a ter mais um problema sério, até porque o campeonato principal ainda está a começar e já abundam episódios que apenas servem para afastar as pessoas dos estádios. Convém, portanto, não enfiar a cabeça na areia, antes enfrentar a situação de frente.
A Liga Portuguesa de Futebol Profissional tem realizado ações importantes no sentido de promover o fair-play na competição, mas nada parece chegar para arrefecer o ambiente, o que nem espanta. Afinal, a Liga é uma associação de clubes que "apertam a mão" nas reuniões de Direção, mas continuam a cultivar um discurso violento na praça pública, por vezes, através de responsáveis, noutras situações de forma encapotada, socorrendo-se de blogues e páginas no Facebook para dizer aquilo que pensam, ou querem que os outros pensem, sem sofrerem qualquer admoestação ou castigo.
A violência esteve bem patente sábado, no Estádio do Rio Ave, quando, após o final do encontro com o Benfica, adeptos da águia carregaram sobre vila-condenses, depois de o contrário também ter acontecido, mas dentro do recinto. Horas depois, em Famalicão, a Casa do F. C. Porto foi apedrejada e atingida com engenhos pirotécnicos; no domingo, registaram-se incidentes entre adeptos portistas e do Sporting de Braga, na Cidade dos Arcebispos.
Uma ocorrência já era de lamentar, mas o facto de se multiplicarem numa fase tão precoce da época dá que pensar. Se é assim agora, como será quando o campeonato aquecer verdadeiramente? Não faltam questões por resolver, como a das claques - as que existem e as que teimam em dizer que não existem -, mas entendo que o problema é mais vasto, e passará, sobretudo, por um pacto, ou um acordo, entre os três grandes clubes portugueses, no sentido de não deitarem gasolina na fogueira, seja de forma oficial ou oficiosa.
Por mais medidas de segurança que sejam adotadas - e algumas poderão ajudar a evitar problemas - não vejo outra forma de impedir uma escalada de violência a não ser com o exemplo a partir de cima. Todos sabemos a quem os adeptos dão ouvidos. A bola está nas mãos dos responsáveis dos clubes, convém que não a larguem e que a tratem bem, não vá um dia destes quererem agarrá-la e ela ter fugido irremediavelmente ao seu controlo, com consequências imprevisíveis.
EDITOR-EXECUTIVO-ADJUNTO
Nota de RoP: Tenho algo a dizer sobre este artigo. Será explicado dentro de alguns minutos. 

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