14 março, 2018

Dizer, e quase desdizer


Não conheço pessoalmente Francisco J. Marques, nem os vários comentadores do Universo Porto da Bancada para fazer juízos de valor das suas personalidades. Tal não impede que, como todos nós, tenha uma opinião sobre cada um, do mesmo modo como eu próprio estou sujeito ao escrutínio pessoal dos leitores que por aqui comentam. É  a vida, é o preço a pagar por quem se expõe publicamente nem que seja só para escrever. Mesmo assim, não tenho problemas em dar a minha opinião.

Sobre Francisco J. Marques, não me impressiona negativamente o seu ar carrancudo, quase antipático. Cada um é como é, e a simpatia está longe de ser a maior das virtudes. Os vigaristas são por virtude ou defeito, sorridentes. O que importa relevar, e para mim é sagrado, é o facto de FJM ser a única pessoa do FCPorto que teve a coragem de desvendar, e levar à PJ um sem número de documentos que atestam e indiciam o envolvimento do Benfica no maior escândalo nacional. Nacional é verdade! Não apenas desportivo, porque os 400 milhões oferecidos pelo BES ao Benfica nada têm a ver com o desporto. Goste-se ou desgoste-se, remunerado ou não FJMarques foi quem deu a cara pelo FCPorto, ao contrário de outros com maiores responsabilidades. Por isso, dou-lhe nota máxima.

Outro dos comentadores, é o jovem arquitecto chamado Pedro Bragança. Tem uma excelente capacidade de argumentação, nalguns casos superior à do próprio Francisco J. Marques, sem receio de colocar os pontos nos iis. Portanto, dou-lhe também nota alta.

Por último, temos o ex-jornalista da RTP José Cruz. Talvez o pior dos três comentadores. É a minha opinião. E por quê? Porque, talvez por ter trabalhado muitos anos na RTP, tem um vício muito comum nos portugueses que é falar, dando uma no cravo e outra na ferradura. Mesmo quando comenta bem, estraga tudo por ter a mania de elogiar coisas e pessoas que não merecem ser elogiadas. Não é aceitável que se critique, por exemplo, a forma de jogar do Paços de Ferreira ou o comportamento do seu guarda-redes, e que a seguir venha dizer que "fez muito bem", mesmo ironizando. Ele faz isto com frequência. Há coisas que num país como Portugal, culturalmente ainda muito atrasado, têm de ser ditas com firmeza e até repúdio, senão perdem o efeito pretendido.  

O elogio só faz sentido para o que é bom, que é digno, que é positivo. Um grande futebolista só merece esse estatuto se as suas "fintas" forem executadas dentro da lei. Dar um pontapé num opositor para o ultrapassar ou simular uma falta prejudicando o adversário é deslealdade desportiva, não é uma gracinha passível de elogio. O que o guarda-redes do Paços fez é condenável, o esquema mafioso do Benfica, é condenável, o comportamento do árbitro é condenável. Nunca por nunca devem ser louvadas atitudes que desrespeitam a seriedade dos outros. Então, é natural criticar um árbitro e não um jogador? São estes critérios onde a ambiguidade assenta que descredibilizam quem os defende. 

Não é minha intenção diabolizar o José Cruz, até porque há momentos em que gosto das suas críticas, só que ele acaba por estragar tudo com aquele vício de ironizar, elogiando, que esvazia completamente o seu efeito.

Não temos de ter medo de dizer as coisas como elas são. O momento não é para brincadeiras.   

3 comentários:

  1. Rui valente. completamente de acordo, já tinha notado esse defeito se é que lhe poderemos chamar do ex/jornalista TV José Cruz. Acho que embrulha um pouco em relação aos outros, mas é um grande portista, tem é que ser mais directo sem a ressalva de não quer ofender a bicharada.
    Era isto que o FCP precisava, é um programa que eu não perco, pois denunciam e bem contra a vontade de alguns justiceiros da justiça todo uma máfia que anda fora da Lei à muitos anos, mas, com estes que hoje lá estão a mandar no Clube ultrapassaram os Limites e por isso têm que ser bem castigados.

    Abílio Costa.

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  2. É isso, Abílio, ele fala como se estivesse a lidar com pessoas respeitáveis, e isso inverte
    completamente o objectivo principal, que é destacar a gravidade do que elas andam a fazer.

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  3. https://www.publico.pt/2018/03/15/opiniao/opiniao/a-tactica-socratica-de-luis-filipe-vieira-e-outros-1806629

    Aquilo na AR parecia uma conversa de café ?!

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