23 novembro, 2018

A camuflagem da verdade não dura sempre


É deplorável que os jornalistas a sério sejam incapazes de purgar a classe dos elementos perniciosos. Creio que não há profissão que necessite tanto de uma profunda "recauchutagem" como a de jornalista. Todos entendemos o que significa a expressão "a sério". Vale para todas as actividades e quer dizer: alguém que leva a sua profissão (ou compromisso) com dedicação e honestidade. Não é uma questão de competência, porque há quem seja "competente", enganando.  É exactamente isso que caracteriza a grande maioria dos jornalistas de hoje. Tenho respeito por um grupo restrito, mas são poucos para serem úteis ao público leitor. Este dilema pode aplicar-se perfeitamente a muitas outras actividades, não é exclusiva aos media.

Custa-me entender tanto acobardamento. Colocando-me no lugar dessa gente, imagino-me a dar a cara no ecrã de uma RTP, de uma SIC, de uma TVI, e de canais geminados e pergunto-me como me sentiria, sabendo que o país inteiro me via a trabalhar para empresas de mídia editorialmente manhosas. Empresas essas que escondem diariamente a realidade de certos casos de interesse público, e que inventam outros?

O que pensariam de mim os espectadores honestos? Que era um vigarista? Que, para manter o emprego era incapaz de mandar à merda os patrões dessas mesmas empresas?  Que era um jornalista prostituído?

Pois é exactamente isso o que penso de todos esses jornalistas: são (homens e mulheres) uns prostitutos! Aceitam trabalhar para falsos órgãos de comunicação social, para uns charlatães. Se aceitam, é porque se identificam com patronato vigarista! Incluindo a RTP, do Estado!

Mas não são apenas os jornalistas a prestarem-se a tais miseráveis papeis. Há quem lhes siga o exemplo. Flisbela Lopes, professora da Universidade do Minho e articulista do JN, para mim, pertence ao tipo de comentadores nim, ou seja, escrevem e falam mas dizem muito pouco. Cheguei a esta conclusão depois de ler alguns dos seus artigos. Outra conclusão, é que vive bem com a situação actual do país. É alguém que, dizendo umas coisitas, vai-se mantendo à tona entre o diz e não diz. Vejamos. Parecendo finalmente disposta a aderir ao grupo dos anti-centralistas resolveu escrever hoje no JN sobre o assunto.  Então, não é que só agora se lembrou de escrever sobre o centralismo? Já na parte final diz:
«Percorramos os jornais nacionais. Quantos projetos editoriais têm uma redação central fora de Lisboa? Um, o "Jornal de Notícias". Olhemos para a televisão. Quantos canais abrem estúdios para produção e emissão própria fora da capital? A RTP. É, de facto, limitado o panorama dos media portugueses em termos de descentralização. E isso deveria levar-nos a agir em diferentes direções.»

Vá lá que se lembrou do JN, e mesmo assim ainda é cedo para acreditar que a ousadia de agora é para durar. É de facto o único jornal do país que não esconde a verdade, mas é preciso estar atento ao que vai acontecer a seguir, a administração não é muito fiável... 

Já quanto à RTP, apesar de dispôr  de estúdios no Porto, está ainda muito longe de descentralizar o alinhamento editorial. Por que será então que Felisbela Lopes não se lembrou de falar do Porto Canal? Não gosta, ou não conhece? É verdade que, como já disse várias vezes, o Porto Canal não tem ainda a visibilidade que devia para ser mais frequentado, mas é mesmo assim o Canal português mais interessado no tema da descentralização. Portanto D. Felisbela, não referencie a RTP só porque é um canal do Estado. Critique-o! Porque por ser do Estado tem-se prestado também ao papel miserável de encobridor público de graves crimes de corrupção. 


9 comentários:

  1. Caro Rui Valente,

    Felisbelas e Felisbelos existem aos montes neste país mal frequentado....

    tenho sessenta anos de idade, ainda tenho na memória dos telejornais, a escrita dos medias, a retórica dos diversos poderes, etc., comparando com a actualidade não vislumbro diferenças, é uma adaptação do marcelismo aos tempo de agora. Antes do 25 de Abril sabíamos que estavamos a ser enganados, agora, com uma sociedade tão acrítica e ignorante, eles passam por gente séria que na realidade NUNCA foram....

    confesso que não vejo mudanças estruturais no horizonte.....

    Cumprimentos

    Manuel Cardoso

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  2. Sr Rui Valente este e o país das Felisbelas, pessoas que vao sobrevivendo num país dos mails pobres e corruptos da Europa.

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  3. Instalou-se a pouca vergonha neste país, dizem sim e logo a seguir dizem não, para eles importa o momento que lhes dá mais jeito. Políticos, governantes cada vez têm menos crédito, ninguém acredita nesta gente. Alguns jornalistas são uma escumalha, não sei se é com medo de perder o tacho ou querem agradar ao chefe.
    ERC, Juventude e desporto são um Zero à esquerda, como se não existi-sem, são uns tachos umas panelas para alguns. A pouca vergonha instalou-se neste país.

    Abílio Costa.

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  4. Rui Valente, O Costa O mentiroso o vermelho andou cá por Cima no Norte no Porto, falou mais uma vez do Serviço de pediatria oncologia do H.S. João, da descentralização, mas como sempre, não nada disse, foi parco foi vazio, ninguém acredita nesta criatura. Esqueceu-se de pedir desculpa ao FCP, de falar da Toupeira, dos Emails do seu Querido, coisa que se esperava. A Tímido que nos trata da saúde, essa senhora foi ao Hospi de São João falar das obras da Santa Engrácia, fazer promessas, mas também ninguém credita na Seroutora, este pais esta agonizante.

    abílio costa.

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  5. concordo mais uma vez. Sera a altura certa para realmente investir no porto canal de forma esmagadora.

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  6. Boa tarde Sr. Rui Valente

    É bem verdade o que diz no titulo "A camuflagem da verdade não dura sempre", o problema é que em alguns casos onde se descobre a verdade, o que acontece com os jornalistas é nada, ou seja, não existe punição para quem escolhe esconder a verdade.

    Se fossem realmente punidos, talvez não optassem por se encostar ao lado mais fácil, para mim, não é só um problema da classe dos jornalistas, mas sim também da forma como a justiça trata estas situações.
    Ao não perderem o posto de trabalho ou não serem punidos monetariamente por essa "mentira que escrevem ou dizem", então ficam livres de o continuar a fazer e continuam a manipular a opinião publica consoante os interesses de quem mais paga...

    Dou um exemplo, a poluição mais que visível em Vila Velha de Ródão (Castelo Branco), toda a gente sabe que são as fábricas do papel que causam a poluição no Rio Tejo, e sabemos que a CMTV vai a todo o lado fazer reportagens sensacionalistas mas não vai ali, porquê o patrão é o mesmo e não interessa fazer barulho.

    Ou seja, a verdade é o que actualmente menos conta, interessa é defender os interesses dos que têm poder e sinceramente não foi para isso que foi criada a comunicação social.

    Infelizmente na região do País que eu esperava que fosse um contra peso ao poder centralista da capital, que era o norte de Portugal devido à sua força industrial, mas este foi perdendo força na com. social e hoje já tem muito pouca com especial relevância, algo que faz muita falta.

    Aqui falo da anexação do Porto Canal por parte do FCPORTO, quando aconteceu pareceu-me bem a ideia, mas julgo que o melhor seria existir 2 canais, um do clube e outro do norte (mas teria de existir vontade e dinheiro para fazer isso), mas acho que isso tornaria os 2 canais mais fortes e cada um per si mais independente.


    Mas isto para mudar no geral, dificilmente lá vai com boas intenções, infelizmente o poder centralista vai fazer de tudo para defender os seus, sejam os políticos, sejam os interesses particulares dos clubes de Lisboa....


    Cumprimentos, Gil Lopes

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  7. Boa noite ZSr. Rui Valente.
    Antes de mais e embora não teça comentários com muita frequência, sou um assíduo visitante deste seu espaço que aprecio particularmente. Também uma confissão de interesses: sou Lisboeta, de Belém, e sócio e adepto do FCPorto, clube de uma cidade que, a par de outras do meu Portugal, muito gosto e com muito gosto visito sempre que posso.
    Quanto à seriedade jornalística, acho que o Amigo tem dito tudo. Acrescentaria, no entanto, que no 6ª às 9, programa da nossa RTP (porque a pagamos a peso de ouro), ainda não tiveram tempo de investigar jornalisticamente "o que passou se" nos últimos anos no Portugal benfiquistão que no plano desportivo, social, económico e político tanto medo tem vindo a impor à quase totalidade das instituições do país?
    Quanto à Dª Felisbela, talvez a explicação para o seu (dela) "diz e não diz" esteja relacionada com a U. Minho.
    Deixo uma deixa ao Sr. Rui Valente e aos frequentadores deste espaço: Que se estaria a dizer nos mídia deste pobre (mas rico) país se no Porto Canal alguém tivesse a deseducação e o despropósito de, por qualquer razão, se referir aos Lisboetas como "aquela gentinha do Sul"? ou se tratassem crianças com doenças oncológicas num qualquer pavilhão/contentor localizado num hospital da "grande" Lisboa?
    1 abç e mto obgdo pela sua luta.
    Luís Oliveira

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  8. Caro Luís Oliveira,

    Obrigado pelas suas palavras solidárias!
    É claro que já nem vale a pena imaginar o forrobodó que os mídia da capital fariam se nos comportássemos como eles! E não vale a pena porque são eles, e não nós, quem não têm qualquer sentido ético. São complexados e mal formados. Mas por cá, também há infelizmente gente submissa ao centralismo. Esta Dª Felisbela vai muitas vezes à RTP opinar, mas é daquelas pessoas que falam muito e não dizem nada. É incapaz de definir causas, fala e escreve sempre de forma abstracta. Enquanto a RTP e o JN lhe der protagonismo não se atreverá a assumir-se como anti-centralista.

    Um abraço

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  9. Há muita gente a falar da sua região o Norte, timidamente, de sorriso amarelo sempre comprometidos com alguma coisa, defendendo como se diz na gíria no politicamente correto.
    O Norte tem e deve de impor-se mais a quem nos governa a Sul, somos mais empreendedores mas roubados, desprezar os que vão lá para baixo aninhar-se, rastejar, vender-se por um bocado de qualquer coisa.
    Apesar de tudo o FCP ainda é, e continua a ser o Baluarte da Nação Norte.

    Abílio Costa.

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