27 setembro, 2011

Ainda sobre Alberto João Jardim

Ilha da Madeira, a Pérola do Atlântico
Há muito que guardo uma particular tolerância  com as diatribes de Alberto João Jardim, e as razões, podendo parecer contraditórias com o desprezo que nutro pela classe política, são de fácil explicação. É que, para nosso azar, Portugal não tem, nem nunca teve nos governos do Continente, ninguém que se possa orgulhar da robustez dos seus telhados, nem da credibilidade que, em sua representação, trouxe ao Estado. 

Alberto João Jardim teria a minha firme condenação, se quando lança impropérios e ameaças sobre os barões de Lisboa, estivesse a lidar com gente respeitável, de currículo à prova de bala. Mas gente dessa, pura e simplesmente, não existe! Jardim, provocou e continua a provocar os barões do "Cont'nente" - acabando sempre por conseguir os seus intentos -, porque, como velha raposa que é, sabe que do lado de cá falta coragem política e alvas folhas de serviços  para ousarem pô-lo na ordem. No Continente, não há governo central que se possa gabar de pedir meças com o da Região Autónoma da Madeira. Em nenhum aspecto. 

Se quisermos ver a coisa pelo lado irónico, podemos fazer uma leitura positiva da dívida da região autónoma como a versão madeirense do efeito spillover [difusor],  o mesmo que o Governo Central aplicou a Lisboa com verbas provenientes da UE, destinadas ao desenvolvimento das regiões, com o argumento de difundir o progresso ao resto do país... Só com uma diferença: a Madeira progrediu de facto muito, e não há ninguém que o possa negar, enquanto o resto do país, estagnou e continuou a ser discriminado, como o provam as portagens exclusivamente a Norte nas antigas Scuts. Que moral tem então esta canalhada que agora se põe em bicos de pés para criticar Alberto João Jardim?

Num contexto destes, só lamento é que Rui Rio, cinzentão e complexado, não tenha tido a coragem de fazer o mesmo pelo Porto que o seu compagnon de route do PSD fez pela Madeira. Pelo menos, o Porto tinha progredido.

Quando os recursos financeiros prometidos tardam e a palavra falha, a única coisa que resta para sobreviver, é aplicar a técnica do judo, usando as forças e as manhas do adversário a nosso favor. Alberto João Jardim, limitou-se a levar a técnica marcial à letra, e a Madeira só ganhou com a astúcia. Dívidas? Pois não tem sido o Estado Central o campeão das dívidas?   

Não, não contem comigo para me juntar ao coro de hipócritas para crucificar o homem da Madeira. Afinal de contas, Jardim limitou-se a tratar o governo central como ele merece ser tratado: ôlho por ôlho, dente por dente.

7 comentários:

  1. Caro Rui Valente,

    Já não comentava aqui à muito tempo, mas hoje pareceu-me oportuno fazê-lo. Sou madeirense, logo suspeita para falar deste tema, mas cá vai a minha opinião. De política percebo pouco, ou muito pouco, para ser mais correcta, mas não preciso de perceber de política para dizer o seguinte. A Madeira progrediu muito, só quem vive cá ou quem conhece bem a ilha para perceber isto claramente. Eu lembro-me perfeitamente de demorar quase duas horas para chegar à Ribeira Brava, uma cidade próxima do Funchal, e tenho vinte e dois anos, logo não foi assim à tanto tempo. Actualmente em quinze minutos estamos lá. Agora com muito mais facilidade chegamos à costa norte, podendo evitar as estradas junto ao mar que no inverno praticamente são intransitáveis, devido à força das ondas ou devido às rochas que, pelo desgaste, soltam-se. Lembro-me da pista do aeroporto ser mais pequena, agora está bem mais adequada ao volume de voos que fazem escala cá. E só houve um responsável por tudo isto, o presidente do governo Regional, DR. Alberto João Jardim. Gastou-se muito dinheiro? É verdade que sim. A Madeira tem uma dívida? Também é verdade, mas a obra está feita e é evidente. Claro que há coisas que foram construídas e que infelizmente não estão a ter utilidade. Mas são mais as que tem utilidade do que as que não a tem.


    Cumprimentos

    Ana Andrade

    www.artigosonlineanaandrade.blogspot.com

    www.portistaacemporcento.blogspot.com

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  2. mais uma vez completamente de acordo.
    ana, vejo varias opiniões suas em varios blogues portistas , e apesar de não viver na madeira , visito-a 2 a 3 vezes por ano por motivos profissionais e por isso tenho uma percepção diferente dos que apenas consomem noticias do continente.
    continuem fortes , desejava o mesmo para o meu porto .
    mas aqui só passam amorfos como o rio.
    força porto , força madeira.

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  3. Rui, depois de ler a Ana, madeirense e que conhece bem do que está falar, acho que não vale apena acrescentar mais nada. Apenas uma nota final:
    Jardim é como os outros, só que agora dá jeito fazer dele o bode expiatório e alguns que aparecem a falar, mais valiam estar calados.

    Ontem ao fazer zapping passei pelo prós e contras, lá estava a jornalista do regime a entrevistar, pasme-se, um conselho de sábios. Sábios, muitos dos que deixaram o país neste estado?

    Só me dá para rir e o que me vou rir com o aumento da electricidade...

    Abraço

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  4. Meus caros,

    Sou portuense, mas visitante mais ou menos assíduo da Madeira, onde tenho bons amigos e um familiar.
    E desde que há cerca de 12 anos visito a Madeira (e já lá terei ido pelo menos umas dez vezes)descubro sempre alguma alteração, para melhor, no espaço público, com a correspondente melhoria da qualidade de vida dos cidadãos comuns.
    Não quero com isto dizer que desconheça que existem "assimetrias" (arre, palavra horrível) sociais. Mas estas existem em todo o lado e o investimento público só moderadamente contribui para as corrigir, ou melhor, o mau investimento público só as acentua, o que não foi o caso.
    E como última informação, posso dizer-vos que um grande amigo madeirense, que anda de relações azedas com AJJ há já alguns anos, sempre me confirmou aquilo que já me tinha apercebido: que o homem pode ter muitos defeitos, mas ao contrário de muitos governantes "cubanos", nunca pôs a mão no tacho...

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  5. Jardim, é o Padrinho da Ilha, rodeado de gangsters.
    Nunca como agora, (com um empurrão da Troika) estes covardes incompetentes do governo de Lisboa, podem tirar-lhe o tapete a este comediante de rua.

    Eu só dou razão ao Jardim quando ele diz que lá é um buraco mas no continente é uma cratera.
    A todos... A todos... que os...que... pariu... que os pariu...

    O PORTO É GRADE VIVA O PORTO

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  6. Sr valente, trate de tirar essa venda bairrista que lhe tolda a visão. Só assim se permite com a mesma moralidade criticar o "centralismo" de Lisboa e perdoar, tolerar, como queira, crápulas como AJJ. No Porto muita obra foi também feita nos últimos anos, demora-se menos a percorrer distâncias, muita gente vive à conta do RSI, porquê então o seu mal-estar permanente? Defende AJJ e Pinto da Costa e critica o centralismo? Dê-se por feliz por ter um centralismo que permite tais aberrações. Saudações e felicitação pelo post da "Portocanal" que demonstra todo o seu talento de comunicador quando não pôe a tal "venda".

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  7. Sr. KGrilos [que nome sugestivo!]:

    apreciei muito o seu estilo de me contactar, de fanfarrão e iluminado.

    Percebe-se que se trata de alguém que vale a pena ler. Quando alguém afirma c/ tanta convicção que muita obra foi feita no Porto, é óbvio que só pode pertencer ao clube dos amiguinhos de Rui Rio, responsável pela época mais sombria e subserviente da História do Porto. Às tantas, ainda está à espera que eu lhe agradeça, não?

    É claro que mentes brilhantes como parece ser a sua, só podiam ir buscar à gaveta do argumentário miserabilista a treta do RSI, como se alguém com dois dedos de testa acreditasse [excepto Paulo Portas, a quem eu não confiaria o meu cachorro]ser a génese dos problemas do país...

    Quanto a defender AJJ e PC, faço-o, a um porque considero que aqueles que agora o criticam não têm envergadura moral para o fazer. São impostores e cumplíces de AJJ e responsáveis pelo estado actual do país. Ao outro [Pinto da Costa], porque é um líder, alguém que tem feito mais pelo Porto que os políticos todos juntos. Gosta?

    Suponho que não preciso de dizer mais nada.

    Quanto a si, a fotografia está tirada. É baça, tão sombria e equívoca como o seu nome.

    Tem filhinhos ou netinhos? Então, para a próxima eleja-os como destino dos seus doutos conselhos.

    Passe bem!

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