01 outubro, 2011

Recibos verdes, quem nos obriga a aceitá-los?

Lá vou eu, outra vez, dizer coisas que algumas pessoas não gostam, e outras não estão habituadas a ouvir. Mas, sinceramente, no fundo, no fundo, os meus amigos incomodam-se com isso? Afinal de contas, sem querer ter a pretensão de ser original, não estamos nós cansados de ouvir gente graúda, mas oca, a dizer sempre a mesma coisa? A propósito, será que vocês ainda perdem o vosso precioso tempo a ver programas como o "Prós e Contras"? Eu passo. Se querem que vos diga já esgotei a minha opinião sobre o assunto em vários posts.

Politicamente, ou melhor, partidariamente, nunca cheguei a engajar-me em nenhum partido político. A única vez que o fiz, foi recentemente, no Movimento Pró Partido do Norte, que era a única força política nacional que se propunha defender claramente a Regionalização, e só por isso [e "isso" vale muito para mim] me senti motivado a apoiar o partido dentro dos meus condicionalismos. Os outros, incluindo os da oposição, não me inspiraram confiança porque pouco ou nada fizeram  pela causa regional. Um enérgico X sobre todos eles tem sido a minha linha de voto dos últimos anos. Agora, digam-me lá como é que pessoas como eu se sentem quando ouvem os políticos a atribuir as culpas pela situação miserável a que nos conduziram a:"todos nós"... É de trepar pelas paredes!

Bom, mas não é isto que acabei de dizer que vocês não estão habituados a ouvir, é outra coisa. Por exemplo, há dias houve um comentador anónimo [mas quando é que eles perdem o medo e se decidem a dar o nome], que a propósito da reformulação do Porto Canal teve a preocupação de denunciar uma situação que infelizmente é comum em Portugal que foi informar-me [em comentário que não publiquei por conter spam], que os colaboradores da estação de tv recebiam pouco mais que o salário mínimo e estavam a recibos verdes. Ah! Espanto? É claro que não! Vasculhem bem por aí e vão ficar vacinados contra esse "novo" sistema [esquema, assenta melhor] de pagamento. Até em escritórios de advogados é moda corrente. E depois?

A resposta é dura, mas simples: acontece porque há sempre quem aceite trabalhar nessas condições. A partir daí, começa a espiral de cedências e facilitismos que de certa maneira são também responsáveis pela regressão da qualidade de vida das populações de todo o Mundo, incluindo da velha Europa que devia estar, de longe, à frente dos outros Continentes em matéria de regalias sociais, qualidade de vida e direitos humanos. É claro que, habituados que estamos a encarar o direito ao trabalho como uma corrida onde vale tudo para chegar primeiro, os empresários sem escrúpulos podem ficar descansados que terão sempre alguém disponível para receber 100 quando a outro pagaria 200. Com os recibos verdes é a mesma coisa. As pessoas, condicionadas pelas dificuldades de encontrar emprego [sempre existiram e vão piorando], aceitam ser pagas a recibos verdes e por este andar até sem recibo. É tudo uma questão de tempo e demonstrar ao patrão o mesmo medo que as pessoas assustadiças sentem pelos cães, que o mais certo é serem "mordidas".

Parece que já estou a ouvir algumas vozes ralharem: "é tudo muito lindo, mas se eu não aceitar, alguém aceitará por mim, e depois não consigo arranjar trabalho". Okey, é embaraçoso, quase irrealista, deixar de vos dar "alguma" razão, mas não estará nesse primeiro raciocínio o pecado original? Já imaginaram se as pessoas tivessem coragem de ir a uma entrevista de emprego, apresentáveis, mas sóbrias e seguras de si, sem a preocupação de "agradar" ao patrão, que leva inclusive algumas mulheres a produzirem-se como prostitutas para ganharem o lugar? Afinal de contas, uma entrevista entre patrão e empregado é um negócio que deve - agora, mais do que nunca -, ser encarado como outro qualquer. Se ao patrão cabe a última palavra, e só ele saberá que padrões curriculares e humanos exige para seu colaborador[a],  ao empregado cabe o direito de se informar da empresa e até do próprio patrão, e de aceitar ou não, as condições de trabalho que este lhe propõe. Utopia, isto? Eu respondo-vos com uma afirmação perfeitamente ao alcance de qualquer ser humano: não é utopia, só depende de nós! É possível inverter o sentido regressivo e submisso desta espiral. É possível dizer, muito obrigado senhor, mas eu não aceito as condições de trabalho que me oferece.

Agora, façam o favor de pensar sobre o assunto e de imaginar as consequências futuras desta nova forma de encarar o trabalho e digam-me se não será esse o melhor caminho para o dignificar.

Sinceramente, só com novas mentalidades, com novos paradigmas do direito ao trabalho, é que o empresariado português assentará de vez no século XXI. A crise devia servir de mola para dar esse necessário pulo. Mas, agora caí na realidade [sem pessimismo], com políticos a discutirem o RSI como bandeira eleitoral, é bem provável que o possível seja mesmo um mito. 

6 comentários:

  1. Só há uma solução para os recibos verdes acabar:- Ponham os deputados a recibos verdes, porque não!... os ministros, vereadores e presidentes de Câmara. Alguns só tem mandato de 4-8 anos. Ou estes chicos espertos são mais que qualquer outro trabalhador!?..
    A BEM DA NAÇÂO.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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  2. È preciso ter em conta que o FCP ainda agora chegou ao Canal.

    E hoje sobretudo a Norte as empresas ( e então as de comunicação..) lutam com imensas dificuldades para sobreviverem.

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  3. Eu gostava de ver o Movimento Partido do Norte ou um Grupo de cidadãos Nortenhos esclarecidos, corajosos e dinamicos escrever à TROIKA sobre a Regionalização do País e as suas vantagens não deixando de referir o "bloqueio" que os centralistas ( e seus interesses) lhe fazem.

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  4. O país precisa precisa de um PORTOCANAL forte.
    De um meio de comunicação com um "OLHAR Diferente" quer seja do ponto de vista Desportivo, Economico ou Cultural.
    Há cada vez melhores programas no PortoCanal quer seja abordando o FCP, ou problematicas Economicas,Culturais ou mesmo informativas (bons exemplos são o "Jornal do Norte"às 21h ou o "Dia em análise" às 23h)
    Vamos ajudar o PortoCanal a transformar-se no 1º Canal por cabo em termos de audiencias.
    Preferencia ao PORTOCANAL, portanto.

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  5. O Movimento partido do Norte ou um grupo de cidadaos esclarecidos e dinamicos não poderia escrever à TROIKA, sobre as vantagens e necessidade imperiosa da Regionalização e denunciar o "boicote" centralista à mesma ???

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  6. Deputados a recibos verdes e em full time nada de part time...

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...