A Constituição da República Portuguesa garante no seu artigo 20º que «[a] todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais para defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegidos, não podendo a justiça ser denegada por insuficiência de meios económicos». E logo acrescenta: «Todos têm direito, nos termos da lei, à informação e à consulta jurídicas ao patrocínio judiciário e a fazer-se acompanhar por advogado perante qualquer autoridade».
No entanto, apesar da clareza destas
imposições constitucionais, Portugal é um país onde o acesso à justiça
depende cada vez mais da capacidade económica das pessoas. Hoje,
praticamente, já só os ricos podem defender os seus direitos em
tribunal. A classe média está cada vez mais impedida de o fazer devido
às elevadas custas judiciais que transformaram a justiça quase num bem
de luxo, enquanto os pobres, esses, foram remetidos para um sistema de
apoio judiciário que é o mais barato da Europa e que, mesmo assim, o
actual governo está a destruir. Ironicamente, aqueles que mais
possibilidades económicas têm, fogem dos tribunais porque não confiam na
justiça do estado e preferem a justiça privada realizada em tribunais
arbitrais por «juízes» escolhidos pelas próprias partes. Os órgãos de
soberania que são os tribunais, sobretudo os tribunais superiores têm
cada vez menos o que fazer e, a continuar assim, em breve, estarão sem
processos. É este o resultado da aliança entre o sindicalismo nas
magistraturas e o economicismo primário dos sucessivos governos.
Mas
onde esse escândalo tem consequências mais perversas é naquele sector
da população mais frágil economicamente. Com efeito, o modelo de apoio
judiciário vigente, que, apesar de tudo, ia permitindo que as pessoas
mais desfavorecidas pudessem aceder aos tribunais, está em vias de ser
desmantelado pelo governo, que para o efeito, já começou a preparar a
opinião pública através de um forte campanha de descrédito do sistema e
dos advogados que nele prestam serviço. O governo não só não paga os
honorários a esses advogados, como os difama publicamente através de
insinuações desonrosas e sem provas sobre a sua honorabilidade,
insinuações essas lançadas quase todos os dias para a comunicação social
pelo próprio Ministério da Justiça.
Atente-se que os advogados
inscritos no sistema de acesso ao direito são remunerados à peça e só
podem exigir os seus honorários, bem como o reembolso de despesas mais
de um mês depois de transitar em julgado a decisão que pôs fim ao
respectivo processo. Como, quase sempre, os processos se prolongam
durante anos, os advogados ficam todo esse tempo a trabalhar sem
qualquer remuneração ou provisão e, no final, o governo não só não lhes
paga como ainda os acusa na comunicação social de cometerem fraudes,
irregularidades e crimes. Os caloteiros arranjam sempre um pretexto
(mesmo o mais infame) para não saldarem as suas dívidas.
Sublinhe-se
que, em mais de trinta países pertencentes ao Conselho da Europa (CE),
Portugal é dos que menos verbas destina ao apoio judiciário e um
daqueles onde é mais difícil aceder à justiça e aos tribunais. Segundo
um estudo do CE sobre os sistemas judiciais europeus, publicado em 2010,
em Portugal, por cada mil habitantes, existem apenas 10 processos no
âmbito do acesso ao direito, quando a média nos países do Conselho da
Europa é de mais de 15 processos. Portugal está abaixo da Inglaterra,
Espanha, Holanda, Irlanda, Bélgica, Finlândia, França, Escócia, Irlanda
do Norte e até da Turquia e da Estónia. Pior do que o nosso país só
mesmo a Macedónia, Eslovénia, Rússia, Roménia, Montenegro, Arménia,
Bósnia-Herzegovina, Moldávia, Hungria, entre outros.
Além disso,
Portugal gasta em média 331 euros por processo no sistema de apoio
judiciário, quando a média no Conselho da Europa é de 536 euros. Desses
331 euros apenas 216 euros se destinam a pagar os honorários e as
despesas feitas por advogados nos processos. Refira-se que acima do
nosso país (com mais de mil euros por processo) estão a Suiça, a
Irlanda, a Holanda, a Inglaterra e Irlanda do Norte, entre outros, bem
como (com mais de 500 euros por processo) a Escócia, Luxemburgo, Itália e
Finlândia. Abaixo de Portugal só mesmo os estados do leste europeu.
[António Marinho Pinto/JN]
José Sócrates era um mentiroso por excelência, mas este Coelho não lhe fica atrás. Este governo chefiado por este menino com tiques de Salazar, não passa de um cão de fila da Troika, roubando e mal tratando os portugueses que na Europa já estão ao nível de lixo.
ResponderEliminarA justiça, é só para ricos porque os outros, nem dinheiro têm para comer quanto mais para pagar à justiça!.. que não exista.
Com estes chicos espertos, incompetentes e ladrões, já há muita gente (infelizmente) a ter saudades do Salazar dizendo que se ganhava pouco, mas havia trabalho.
É uma vergonha e uma tristeza que a nossa e as próximas gerações, vão viver com muitas dificuldades nos próximos (longos) anos.
O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.
Reformas incluídas na ‘troika’ abrem as portas à corrupção
ResponderEliminaradmin | 19/07/2011 | sem comentarios
TIAC alerta para perigos de corrupção nas reformas do memorando establecido com a “troika”
É um alerta lançado pela associação Transparência e Integridade. A TIAC entregou à “troika” um documento onde diz que as reformas consagradas no memorando de entendimento podem suscitar “oportunidades para a corrupção” e propõe mecanismos de controlo. Esta associação cívica está ligada à “Transparency International”, e no documento que entregou à troika no final de Junho lembra a falta de uma estratégia global contra a corrupção em Portugal, e fala das portas que as reformas podem abrir à corrupção. O vice-presidente da TIAC, Paulo Morais, aponta um caso a ter em conta nos próximos tempos: as privatizações.
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Talvez a TROIKA possa ajudar o paíS numa Descentralização ou mesmo Regionalização tão necessaria para o seu equilibrio e desenvolvimento sustentado.
PORQUE RAZÃO OS rEGIONALISTAS MAIS MEDIATICOS (pEDRO bAPTISTA,rUI mOREIRA,pAULO mORAIS ETC) NÃO FAZEM CHEGAR UM DOCUMENTO ABORDANDO O ASSUNTO À tROIKA ???!!!