08 novembro, 2007

As estranhas formas do centralismo se manifestar

Domingo, no final do fim-de-semana prolongado, os efeitos perniciosos da macrocefalia manifestaram-se sob a forma de engarrafamentos com extensão superior a seis quilómetros nas entradas de Lisboa.

No mesmo dia e à mesma hora, entrei de carro no Porto pela A1, vindo de sul, sem nunca parar ou abrandar - e atravessei a ponte da Arrábida à confortável velocidade de 90 km/hora.

Na semana passada, a Direcção Geral de Impostos divulgou pela primeira vez as estatísticas referentes ao pagamento de IRS por concelho.

Ficamos a saber, sem surpresa, que quem paga mais são os residentes em Lisboa. Em média, cada família residente na capital paga 4.540 euros de IRS/ano.

Os outros dois lugares neste pódio são ocupados por concelhos da área Metropolitana de Lisboa: Oeiras (4.196 euros) e Cascais (3.995 euros). As famílias do Porto surgem estão em quarto lugar neste ranking de contribuintes, com 3482 euros/ano de IRS, ligeiramente à frente das coimbrãs (3.250 euros).

E, como não podia deixar de ser, os cinco concelhos onde se paga menos IRS situam-se todos a Norte do Douro: Mesão Frio (420 euros), Castelo de Paiva (424 euros), Santa Marta de Penaguião (430 euros), Sabrosa (441 euros) e Lousada (481 euros).

O centralismo tem estranhas formas de se manifestar. Ironicamente, manifesta-se sob a forma de engarrafamentos e de descontos mais elevados para IRS.

Não deixa de ser curiosa esta ironia. Mas a verdade é que não me parece muito provável que um pobre esfomeado sofra de colesterol elevado…

Jorge Fiel


Sem comentários:

Enviar um comentário

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...