09 julho, 2009

Big Brother is watching you

A Comunidade de Trabalho Galiza-Norte de Portugal terá viabilidade prática? Passará das boas intenções e das sessões solenes protocolares, para o terreno das realizações práticas? Terá a possibilidade de negociar directamente com Bruxelas a atribuição de fundos comunitários? Tenho fortes dúvidas que consigam ir tão longe. Não duvido da boa vontade e capacidade dos intervenientes. As vantagens serão mútuas. Penso que para a Galiza se trata de conseguir vantagens comerciais num apetecível mercado vizinho. Para o Norte, o elo mais fraco, também haverá vantagens para as suas actividades económicas, e por outro lado "se não puderes vencê-lo, alia-te a ele".

A minha grande dúvida prende-se com a atitude que o governo português tomará. O Norte não é formalmente uma região, não tem qualquer tipo de estatuto que lhe dê autonomia administrativa ou política. A prática super-centralista de Lisboa nunca estará disponível para permitir a entrada e distribuição de verbas comunitárias que não passem pelo seu rigoroso controle e alocação. Por outro lado, os signatários do acordo da Comunidade de Trabalho pouco têm em comum. De um lado, o presidente da Junta da Galiza, legitimado pelas urnas e respondendo apenas perante o seu Partido e os seus eleitores. Tem seguramente regras genericas impostas por Madrid, mas com uma enorme latitude de manobra para decisões que digam apenas respeito à sua Comunidade Autonómica. Do outro lado, o presidente da CCDR-N, funcionário público nomeado por Lisboa, com um vínculo hierárquico a um ministro, e que a qualquer momento poderá ser demitido e substituído por alguém mais dócil e mais yes man. Não acredito que Carlos Lage seja mais que uma correia de transmissão do poder central. Deste modo a nóvel comunidade poderá ser simplesmente uma falácia. Aguardemos o desenrolar dos acontecimentos, com a certeza que "Big Brother is watching us".

Num outro registo, parece ter havido quem tivesse ficado confuso pelo facto de o alcaide de Vigo (cidade onde ficará sedeada a Comunidade de Trabalho) ter estado presente no encontro realizado posteriormente no Museu de Serralves, com a presença de intituições do Norte, incluindo as Universidades. Ignoro se o presidente da câmara do Porto estava ou não presente, e se não estava, se foi por falta de convite ou por recusa sua. Isto sim, isto é que seria totalmente anómalo.

4 comentários:

  1. Rui Farinas:
    Estou completamente de acordo
    contigo.
    É caso para dizer que estamos
    presos por ter cão.
    Diria também que em poucas palavras
    disses-te muito.

    O PORTO È GRANDE VIVA O PORTO.

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  2. Mas as regiões TRANSFRONTEIRIÇAS não se podem candidatar a fundos da UE, quando apresentam projectos ???!!!
    Alguém por favor que me explique.

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  3. Ò pessoal expliquem lá .É que a minha convicção é que as regiões Transfronteiriças podem apresentar projectos candidatos a fundos da UE e consequentemente sendo reconhecidas pela dita UE, não dependem para esse efeito(apoios) tanto dos respectivos governos.
    Exacto ???!!!

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  4. Talvez as regiões tranfronteiriças possam pedir fundos directamente a Bruxelas. Confesso que não conheço esse mecanismo. Mas a questão que levantei no post não é essa. Do que eu duvido é da independência da CCDR-N para poder acordar com a Junta da Galiza,os projectos que vão apresentar a Bruxelas e o financiamento pretendido. É o modo normal de actuação do governo central,que inclue o desvio para Lisboa de verbas do QREN que pertenciam a outras regiões,que me leva a desconfiar que a CCDR-N possa fazer parte do "orgão político da euro-região" com efectivos poderes de decisão de investimentos a nivel regional. O governo central a permitir que os nortenhos decidam pela sua cabeça o que entendem que é conveniente para a sua região? Só vendo, como S. Tomé...!

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