17 março, 2010

Rever a Constituição

Alberto João Jardim é normalmente vilipendiado e até insultado pela generalidade da comunicação social e por grande parte dos políticos continentais. É certo que o homem tem um feitio truculento e por vezes comporta-se para além do limite das conveniências. É no entanto um governante que tem dedicado a vida à sua Região, tendo sempre em vista não só o engrandecimento e o prestígio da Madeira, como também a melhoria das condições de vida dos seus habitantes.

Vem isto a propósito do Congresso do PSD, que segui à distância e sem grande interesse, tão baixa anda a reputação da generalidade dos nossos políticos. Mas pelo que li, AJJ teve uma intervenção que considero a única coisa com interesse que lá se disse. AJJ defendeu uma profunda revisão constitucional que refunde o regime e crie a quarta República. A notícia que li nada dizia quanto aos detalhes do seu pensamento. A mim vieram-me logo à cabeça , para além dos pontos tradicionais - justiça,educação,etc. - uma série de outros pontos sem a alteração dos quais penso que não sairemos do estado comatoso em que vivemos. Entre eles:

- A proibição dos partidos regionais.

- A imposição de que os deputados, apesar de eleitos em base distrital, sejam nacionais e não regionais, deixando de fora a legitimidade da defesa dos interesses específicos da sua área eleitoral.

- A reforma do sistema eleitoral, principalmente a recusa dos círculos uninominais.

- A imposição de que a instituição da regionalização esteja dependente da aprovação em referendo, juntamente com a imposição que todas as Regiões tenham de se instituir em simultâneo.

- O exagerado número de deputados à AR.

Enquanto não houver vontade política de proceder a uma significativa revisão da Constituição, continuarei a considerar todos os políticos como farinha do mesmo saco, e a dar razão a Medina Carreira quando ele diz que em Portugal os mais poderosos grupos de interesse -definidos como grupos que estão basicamente concentrados nos interesses próprios, com desprezo pelo bem comum - são os dois principais partidos: PSD e PS.

Enquanto assim for, isto é, enquanto os partidos tiverem este tipo de lógica funcional, a nossa democracia estará em perigo e, pior que isso, o nosso bem estar continuará a degradação que, tudo indica, começou a morder o nivel de vida da esmagadora maioria dos portugueses.

3 comentários:

  1. "Palavras, leva-as o vento", diz o Povo, e é verdade. Apesar disso, esqueci-me de anotar um apontamento diferente, no marasmo do Congresso do PSD: Ribau Esteves, Presidente da Câmara de Aveiro, foi o ÚNICO que ouvi pronunciar a palavra Regionalização e mais umas coisitas afins.

    ResponderEliminar
  2. Caro Farinas, isto está tão bem assim, para o lado deles, porque haveriam de mudar?

    Um abraço

    ResponderEliminar
  3. Os políticos das regiões estão todos acomodados, são todos subserviêntes dos chefes do partido e à espera de umas promoções que de vez enquando lá vai acontecendo.Vocês nem imaginam
    os ciúmes e a inveja quando isso acontece entre eles chegam andar zangados.

    Percisavamos de vários joãos Jardins por estas regiões do continente fora, com o seu espírito
    revendicativo de bronco, para chatiar o governo dizendo que a sua região está no mapa.

    O PORTO È GRANDE VIVA O PORTO.

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...