Artur Santos Silva é [pelo menos, goza dessa reputação], um homem prestigiado da vida pública portuense. Administrador do BPI e descendente de uma família de adeptos republicanos [seja lá qual fôr a importância do facto], tem conseguido manter uma saudável distância das polémicas politiqueiras e dos deploráveis esquemas financeiros de alguns dos seus pares, o que tendo em conta a sem vergonhice actual, só abona em seu favor.
Hoje, o ASSilva disse ao semanário Grande Porto que não defende o TGV, nem a Regionalização. Quanto ao TGV, tudo bem, é uma opinião quase consensual que só não tem o aval do Governo e de alguns seguidistas do Partido Socialista. Já sobre a Regionalização, limita-se a repeli-la como se de um praga se tratasse, preferindo optar pela versão política da lenda da avózinha que não devia ter morrido. Se o Governo fôr descentralizado, se forem concedidas mais competências às Câmaras, se fôr reduzida a máquina centralista, se a minha avó não tivesse morrido... Ses.
É com estes 'ses' de esperança infantil, como os de ASantos Silva, que grande parte das pessoas com o seu estatuto e fortuna encaram a situação miserável em que se encontra o Porto e o Norte. Mas, não admira, porque para estas pessoas o Porto, mesmo que visivelmente abandonado e em acelerada decadência social e urbana, tem nichos de oásis onde se movem, como os das suas residências, as dos seus amigos, e dos locais onde a higt society se reúne, que lhes distorce a noção da realidade dos problemas e os timings em que devem ser resolvidos. Artur Santos Silva é um homem que se pode dar ao luxo de ter tempo, mas as populações não.
Mas, a culpa não é dele. Se o Homem é a sua realidade, ASantosSilva, está na realidade dele, e como tal, não é capaz de sair do seu status para ter uma visão mais pragmática do país. A responsabilidade, é de quem escrutina tais personagens para obter respostas sobre problemas que pouco ou nada lhes dizem, como está bem patente na resposta que ASSilva deu sobre o bicho-papão da Regionalização. Porque a Regionalização pode esperar, ou então, é perigosa e fracturante para o país... A descentralização também pode esperar, porque o povo é sereno.
Há gente, que se obstina em percorrer caminhos que não levam a lado nenhum, e que em vez de procurar outro para chegar ao destino, prefere fechar os olhos e esperar que o destino aconteça. Mesmo assim, espanta-me, como pessoas com carreiras tão pragmáticas com é a de ASSilva, não possam servir-se delas como bitola para lhes abrir os olhos para pragmatismos bem mais nobres. Mas, repito, a culpa não é apenas dele. É, sobretudo dos jornalistas que persistem em querer convencer o público que são aqueles que mais dele se afastam que têm a solução para os seus problemas.
Que querem, ainda há quem goste de ser tratado como animais domésticos.
e o Porto tem várias dessas figuras. são os chamados "notáveis". que são a coisa mais agoniantemente burguesa (no sentido depreciativo da palavra), conservadora e reaccionária a feder insuportavelmente a século xix.
ResponderEliminarO senhor Atur Santos Silva é um homem prestigiado e de reconhecido sucesso empresarial, mas quando teve que gerir a chamada "coisa pública" falhou rotundamente e deu à sola antes da função terminada. Cada macaco no seu galho ....
Bem, António, afinal há alguma "acidez" para além da minha...
ResponderEliminarUm abraço
Pois é Rui, se eles os que não precisam, têm medo de desagradar e queimar os dedinhos, quem nos resta, para sair desta situação?
ResponderEliminarUm abraço
Partindo do princípio que a notícia do Grande Porto reproduz o essencial da intervenção de A.Santos Silva, o que apetece dizer é que os conceitos que ele exprime, não estão à altura do seu prestígio. Também quando ele lista algumas das necessidades do Porto e sua região,tais como o aeroporto Sá Carneiro ao serviço da economia do Norte, o imperativo de não deixar morrer clubes como o Boavista ou o Salgueiros,estimular estruturas de teatro e de cinema, interagir mais com municípios vizinhos,devo dizer que não me recordo de o ver tomar posições públicas em defesa destes e doutros pontos igualmente cruciais. Mandar umas "bocas" numa qualquer tertúlia que ninguém conhece, é muito pouco, por muito que seja cómodo para ele. Com "notáveis" deste calibre,não vamos longe! Um abraço e bom fim de semana.
ResponderEliminarContinuo na minha - o Porto tem perdido massa crítica e poder de decisão por causa do desinteresse factual das suas figuras proeminentes sobre o futuro da cidade e região. A gula e cupidez do liberalimo enraizado nos empresários e financistas do burgo leva a chagas sociais emergentes, à subsidiodependência, ao abandono dos afectos que mais identificavam esta região. É impensável que um terço da zona histórica do Porto esteja em ruína, trata-se de um atestado de incompetência ao poder local, qualquer dia a recuperação do Porto será decidida em Lisboa (São Bento) para vergonha de todos os portuenses empreendedores que têm sido desprezados na sua própria terra. Mais que nunca, lucidamente, sem bairrismos e com elevação, temos de fazer um inventário de urgências e pensar maneiras de eliminá-las permanentemente...
ResponderEliminarO que nos vale aqui no Porto é que lisboa magnânima abriu mão de metade da red bull!
ResponderEliminarAgora o evento realisa-se de forma alternada!Uma grande vitória dos agentes do Porto e do norte encabeçados por esse grande defensor dos direitos liberdades e garantias da região que é o sr presidente da camara do Porto!
Digo que lisboa abriu mão...!